FIGURAS MOÇAMBICANAS DO NOSSO TEMPO
JOÃO MARIA Kanimambo TUDELLA
João Maria Tudella ao interpretar canções ligadas à terra que o viu nascer, foi sem dúvida o cantor que melhor cantou Moçambique!
Tenho para mim que Tudela, – por ser português, – nunca ameaçou o “pódio musical” do Elvis Presley, Ricky Nelson, Paul Anka, Cliff Richard, Jim Reeves, Pat Boone… ou outros!
Fosse ele norte-americano ou inglês que, com a sua voz melodiosa de “encher o ouvido” e… “outro galo cantaria!”
Tudela nasceu em Lourenço Marques a 27 de Agosto de 1929 com o nome de, João Maria de Oliveira Pegado Bastos Carreira.
Mas, talvez, por influência norte-americana resolveu usar nome artístico.
Adopta o apelido Tudella porque sua mãe, filha de uma família aristocrática radicada em Moçambique, casou em segundas núpcias com Rodrigo de Sousa Tudella de Meneses e Castilho, igualmente relacionado com a aristocracia por ligações familiares ao 1.º Conde de Santar.
João Maria, usa esse apelido possivelmente por ser também o apelido do seu meio irmão Rodrigo, que foi jogador de hóquei em patins no Desportivo de L. Marques (GDLM).
João Maria concluiu o ensino primário em Lourenço Marques, prosseguiu os estudos na África do Sul e em Coimbra até 1950, onde era frequente vê-lo cantar no meio estudantil. Nesse ano, por influência da família, regressou a Lourenço Marques e ingressou no Liceu 5 de Outubro, antigo liceu Salazar.
Na foto abaixo de 1960, Tudella, como ex-aluno do Liceu, foi convidado de honra a integrar a equipa de futebol dos finalistas numa deslocação/convívio a Marracuene.
Em Lourenço Marques trabalhou na Companhia de Seguros Império e na Shell. Colaborou também com o Eng.º Jorge Jardim nos contactos desenvolvidos antes do 25 de Abril de 1974, com vista à autonomia e eventual Independência de Moçambique.
Lembro-me de o ver, algumas vezes, encostado ao seu lindo Ford Fairlane branco, a falar com o senhor Carreira proprietário do stand de automóveis, junto à casa da minha namorada, na avenida Pinheiro Chagas, entre as avenidas Pero de Alenquer e Princesa Patrícia.
Soube depois que o senhor Carreira era seu pai!
Foi no Rádio Clube de Moçambique, em 1950, ao interpretar fados e canções ligadas à tradição musical coimbrã que verdadeiramente “nasceu” para a música.
Começou a criar as suas próprias canções com a colaboração de Reinaldo Ferreira, Gustavo Matos Sequeira (letras) e músicas de Artur Fonseca.
No mesmo ano, além do LP – Uma Casa Portuguesa, João Tudella canta músicas de Artur Fonseca, incluindo as composições: – Uma Casa Portuguesa; – Moçambique; – Baião Baião; – Lourenço Marques; – Uma Estrela Falou; – Adeus Cidade e Holiday In Lourenço Marques.
Grava algumas músicas com títulos em Changana, (dialeto local): – Hambanine (Adeus); – Kanimambo (obrigado);- É Uene (É pá); – Macala (Carvão); – Magaíça (Nome por que eram conhecidos os trabalhadores que iam para a África do Sul trabalhar nas minas de ouro).
Entre outras composições, o sucesso de Kanimambo, acabou por o conduzir à profissionalização.
– Sem nunca esquecer Lourenço Marques, disse-lhe: – “Adeus Cidade”!
E em 1961 fixa-se em Portugal.
Aqui actua na rádio; na televisão; em cruzeiros e salas de espectáculos.
Em 1966 e 1968 concorre ao Festival RTP da canção como intérprete, com “Ao Vento e às Andorinhas.”
Em 1969 como compositor com Fernando Alvim, com a canção “Tenho Amor para Amar”, interpretada pelo Duo Ouro Negro.
O contacto com personalidades da oposição política ao regime do Estado Novo, como Mário Castrim, Alice Vieira, Ary dos Santos e Fernando Tordo, altera a orientação do seu reportório.
Em 1969, para a Decca, grava o LP Tudella Canta Música de Pedro Jordão, onde se incluem poemas de José Gomes Ferreira (Fuzilaram um Homem num País Distante), Manuel Alegre (Liberdade e Os Ratos).
Em 1968 é proibido de actuar na RTP por ter cantado, em directo, no programa Natal dos Hospitais a composição Cama 4, sala 5 de Ary dos Santos e Nuno Nazareth Fernandes.
Casou em Lisboa a 27 de Junho de 1990 com Filomena Maria Ferreira da Fonseca Fernandes.
Fonte: Wikipédia
João Maria Tudela com as suas canções levou bem longe o nome de Moçambique!
O vídeo seguinte é a nossa homenagem a Tudela na voz da Manuela Bravo. (Não deixe de ouvir esta bonita canção).
Não perca o próximo FIGURAS MOÇAMBICANAS DO NOSSO TEMPO – “O Piricas”
Um excelente ano de 2019, repleto de saúde!
Para nós, com o BigSlam, o mundo já é pequeno. Muito pequeno!!!
João Santos Costa – Janeiro de 2019
5 Comentários
Manuel Fernando Marques Inácio Inácio
Bom dia. Obrigado. Estou a escrever sobre Grupos de Fados de Coimbra e sobre do que sei sobre a AAEC em LM. Gostava de dispor da sua ajuda. Obrigado. M Marques Inácio
Ana Maria Laborde
Gostei de relembrar o percurso e as canções do João Maria Tudella!
Kanimambo!
Dario Bettencourt
Obrigado Santos Costa. Mas o que teria sido João Maria sem Artur Fonseca bem maior que ele?? Para quando uma grande, bem maior homenagem ao grande músico e maestro que foi Artur Fonseca? Abraço!
Francisco F aria
PARABÉNS SANTOS COSTA É UMA REPORTAGEM DIGNA DE SER PARTILHADA OU PUBLICADA EM QUALQUER REVISTA DE TOP
José Carlos
João Maria Tudella, muito injustiçado no pós – 25 de Abril, na fase da estupidez e do oportunismo revolucionários…