FIGURAS MOÇAMBICANAS DO NOSSO TEMPO – O meu amigo “CASQUINHA” (José da Costa)
Li, não sei onde, que a nossa riqueza também é medida pela qualidade e quantidade de amigos que temos. Os meus são tantos, que até já perdi a conta!
Bem hajam pela vossa presença na minha vida, e fazerem de mim um homem rico!
Não vos vou maçar a descrever os meus amigos Diogo, Quim, João, Manel, Pedro,….. e tantos outros. – Embora, para mim, a sua amizade também seja importante!
Mas tenho de vos dizer quem é o meu amigo Zé da Costa, que todos conhecemos por “CASQUINHA”. Porque, à parte o desporto que todos praticamos, embora não tivesse sido figura “relevante” na nossa juventude, – também fez parte dela – e hoje tem uma obra de grande mérito.
Nunca lhe perguntei quem lhe pôs a alcunha de “CASQUINHA”!.
Estudou depois de mim, nas mesmas escolas. Por isso tivemos o mesmo percurso escolar. É conhecido por ter sido jogador e treinador de basquetebol no Clube Ferroviário de Lourenço Marques.
Época 1975 – Séniores
• Campeão Provincial Maputo • Campeão Nacional República Moçambique
Em cima: José A. Conceição (Seccionista), George Sing, Armindo Costa, Alberto Correia Mendes, Samuel Carvalho, António Azevedo (Treinador).
Em baixo: António Almeida, Mário Machado (Capitão), Jorge Cunha, Jorge Gassin, António Higino Santos, José Costa “Casquinha”.
Época 1972/73 – Juniores/Seniores
Em cima: “Ticha”, Luísa, Ana Paula Azevedo, Elsa Peixoto, Lisete, Maria Albertina Nicolau.
Ao meio: Manuela Castro, Mimisa Barros (Dirigente), Helena Cardoso, Eveline Queiroz, José da Costa “Casquinha” (Treinador), Teresa Sousa (Dirigente).
Em baixo: Paula Silva, “Sãozinha”, Isabel Brás “Isabelinha”, Otília Reis “Tila”, Helena Bettencourt.
Também nunca lhe perguntei se foi nessa cidade que nasceu!
Como eu não era frequentador assíduo do seu clube, poucas vezes assisti aos seus jogos. Estava mais “virado” para o hóquei em patins!Hoje faz parte da minha “tertúlia de almoços”. E sempre que possível, no dia 10 de Outubro, o grupo reúne para almoçar! É o dia do seu aniversário. Mas isso para aqui, pouco importa!
Mas porque lhe dedico este post?
Porque, tal como nós, depois de ter a vida estabilizada em Portugal, ele e a esposa, Maria de Fátima, decidiram, como tributo, ajudar os mais desfavorecidos do sul de Moçambique. Para tal contactaram o Sr. Padre José Maria da casa do Gaiato de Maputo, para onde canalizavam toda a ajuda. Em 2000 o sonho passava pela construção de uma escola… de uma escola nasceu uma aldeia…
Decorridos 13 anos, para assegurar a continuidade desta obra, a 3 de Outubro de 2013 nasce a Associação Capulana – Associação Humanitária para a Educação e Desenvolvimento.
“….Esta Associação nasce da iniciativa de um grupo de pessoas empenhadas no desenvolvimento das relações de cooperação entre Portugal e Moçambique. Porque, nós que nascemos e/ou vivemos naquela “Terra” onde passámos os melhores anos das nossas vidas e ali fomos muito felizes, temos uma enorme dívida de gratidão para com esse país e as suas gentes mais pobres. E estamos cientes que “somos diferentes” porque tivemos o privilégio de ali ter vivido.
Como forma de retribuição “por tudo que de lá recebemos”, a Capulana, porque acredita na educação e formação como meio de desenvolvimento dos povos, vem desde Portugal, dar um futuro melhor às crianças e jovens de Moçambique para a construção de um país melhor…” Texto adaptado.
A ajuda é prestada a cerca de 3.500 pessoas, em infraestruturas, apoio escolar, saúde e agro-pecuária, da Aldeia de Ndivinduane, no distrito da Namaacha.
– Tem uma escola, frequentada anualmente por mais de 300 crianças. Com 4 salas de aulas, 1 sala de professores, 1 gabinete para a direcção, 1 biblioteca e 2 wc um para rapazes, outro para raparigas.
– Tem também um Campo de Basquetebol e um de Futebol para as aulas de Educação Física e para utilização nos tempos livres.
– Há uma Creche para Crianças dos 2 aos 5 anos, com 4 salas de aula e 1 pátio coberto para atividades.
A todas as crianças é oferecida uma refeição, que por vezes é a sua única refeição do dia! Inclui carne, cereais e vegetais. Estes últimos, sempre que possível, colhidos localmente.
– Dá apoio à formação de Professores e Educadores. E oferece bolsas de estudo a 12 Jovens da Casa do Gaiato, para estudarem em Universidades e Institutos Profissionais, de Maputo.
Distribui cabazes alimentares às famílias mais carenciadas da Aldeia, contribuindo assim para a diminuição da pobreza.
Além de dar apoio e formação na preparação das terras, conservação, colheita e armazenamento das sementes de milho, feijão, amendoim, mandioca, batata doce e diversas árvores de fruta, todas oferecidas, para incentivar e apoiar a agricultura foi necessário proceder à abertura de dois furos para extração de água, fundamental para a vida e desenvolvimento da Aldeia.
Contribui para o desenvolvimento local:
- Incentivando os agricultores a fazerem feiras para venda e troca de produtos.
- Tem uma pequena fábrica de blocos, para a construção civil. E uma mercearia com bens de primeira necessidade, que ajuda a manutenção da creche e da escola. E também uma loja/atelier de artesanato, na Aldeia da Massaca.
Como é que todos pudemos ajudar!!
Até há uns anos ao preencher o rosto da minha declaração modelo 3 do IRS, no campo 1101 (Instituições particulares de solidariedade social), doava 0,5% do meu imposto pago ao Estado, à instituição de beneficência do Benfica.
Quando o Zé Casquinha me falou deste seu projecto, substituí a instituição do Benfica pela Associação Capulana. E “passei palavra” aos familiares e amigos, para contribuírem também.
É simples. Muito simples!….E o doador em nada é prejudicado!
Na folha de rosto do modelo 3 do IRS, no fim do campo 11 é só colocar este NIF da Associação Capulana: 510 847 560.
Ou, caso queiras ajudar por transferência bancária: NIB: 0033 0000 4544 904813170 5
Outro tipo de ajudas: Telemóvel: 919 792 601
… Juntem-se à Capulana. Porque a nossa ajuda fará toda a diferença!”
Quero pedir desculpa ao casal “Casquinha”, por sem sua autorização publicar este post.
É uma surpresa para eles! Mas, divulgando a sua obra, é o contributo mínimo que posso fazer pela Associação Capulana.
Obrigado, Fátinha e Casquinha, por fazerem o favor de serem meus amigos.
- CAPULANA: Tecido tradicional africano, que acompanha os moçambicanos desde que nascem, como berço nas costas das mães, lençol, toalha de rosto, toalha de mesa, roupa, …, e, muitas vezes, como mortalha na despedida.
Desejo a todos um 2020 com muita saúde. O resto vem por acréscimo!!
Para nós, com o BigSlam, o mundo já é pequeno. Muito pequeno!
João Santos Costa – Janeiro de 2020
2 Comentários
Virgínia Pinto
Linda e merecida reportagem. Parabéns ao Zé e á Fatinha ( dois miúdos do meu bairro ) que conheço há cerca de 58 anos. BEM HAJAM
Raul Almeida
Oh João, agora já sei por que me pedis-te para vos tirar a foto a seguir ao almoço! É uma reportagem que o Casquinha merece. Obrigado. Deixo também um grande abraço para ti e para o Zé Costa e um beijinho para a Fatinha.