Roberto Carneiro de Alcáçovas de Sousa Chichorro, nasceu a 19 de Setembro de 1941, em Lourenço Marques – Moçambique.
É um artista plástico moçambicano, nome maior da cultura moçambicana cujo percurso artístico tem estado intimamente ligado a Moçambique e a Portugal.
Roberto Chichorro foi uma criança feliz com um passado vivido nos arredores da cidade – Bairro da Mafalala, na parte suburbana, por isso foi uma infância passada no meio das árvores, do campo e dos pássaros…
Mafalala é um bairro, originalmente habitado por muçulmanos que vinham de Nampula. A sua toponímia, Mafalala, provém de uma brincadeira de saltar à corda, realizada pelos muçulmanos de Nampula, em que cantavam a música “Falala”. Devido à sua proximidade a zonas comerciais como o Alto Maé e áreas residenciais e turísticas como Sommerschield e Polana, muitos residentes do bairro trabalhavam nas áreas da hotelaria e restauração. Existiam, igualmente, muitos operários.
Mafalala é sem dúvida um “ex-líbris”. Muitas personalidades notáveis de Moçambique nasceram e cresceram neste bairro: Hilário Rosário da Conceição, jogador de futebol, José Craveirinha, poeta, Eusébio da Silva Ferreira, jogador de futebol, Noémia de Sousa, poetisa, Samora Machel, político, Ricardo Chibanga, toureiro, Fany Mpfumo, músico, Joaquim Chissano, político, Pascoal Mocumbi, médico e político, etc…
Vida estudantil:
Roberto Chichorro contrariamente ao que acontecia com os meninos daquele tempo, só foi para a escola com 8 anos de idade. Concluiu o curso industrial de Construção Civil. Entretanto, sua vocação para a arte leva-o a desempenhar várias funções como, por exemplo, desenhador de arquitetura e ilustrador de livros e pintura.
Artista Plástico Moçambicano:
Desde miúdo Roberto Chichorro pintava e desenhava. Um dos primeiros quadros que se lembra de ter pintado foi o da sua mãe a lavar a roupa no tanque, debaixo da laranjeira do quintal da sua casa. Dele fica esta história:
“Os meus pais tinham ido ao cinema, que era na cidade, e eu fiquei em casa, então arranjei um lençol velho e prendi-o a quatro barrotezitos de madeira para fazer uma tela. Pintei um cavalo no meio do campo, nunca mais me esqueço, e pendurei o quadro na parede da sala. Quando o meu pai chegou a casa olhou e disse: “Ó rapaz, tira já aquilo dali para fora e deixa lá essas manias”.
Foi assim um grande não. Começa a olhar mais a sério para a pintura quando estava na tropa. Nessa altura o primeiro quadro que pintou foi o de um miúdo que vendia jornais e pedia esmola. Foi um quadro que Roberto Chichorro ofereceu a uma das suas namoradas. Quando deixou o serviço militar expôs pela primeira vez no Núcleo de Arte de Lourenço Marques.
Em 1982 recebeu uma bolsa do governo espanhol, que lhe permitiu trabalhar em Madrid, em cerâmica, no Taller Azul, e em zincogravura, com Óscar Manezzi onde permaneceu 3 anos. Esteve em Itália algum tempo.
Regressa a Moçambique em 1985, mas por pouco tempo já que recebe em 1986 uma bolsa da Cooperação Portuguesa em Lisboa. Desde então, ficou a viver em Portugal, dedicando-se inteiramente à pintura, que expõe, coletiva ou individualmente, em várias galerias. As suas obras encontram-se espalhadas em diversas instituições.
Roberto Chichorro retrata “sempre as pessoas e a vida das pessoas”. Muitos dizem que só pinta alegria, mas ele diz que “se procurarem” há também um fundo de tristeza. A linguagem plástica de Chichorro é de intenso colorido. Também é uma pintura narrativa, que, recorrendo a um surrealismo plástico, conta histórias do passado e do presente, revelando, simultaneamente, uma grande sedução lírica, conseguida pelo jogo entre tons líquidos, aquarelados e pelas ressonâncias musicais de festas e danças do bairro da Malhangalene, localizado na cidade de Lourenço Marques, onde nasceu e cresceu o pintor. O tema da infância é frequente nas telas de Chichorro e também muito contribuiu com ilustrações para que muitos livros infantis tivessem a sua participação.
Os seus trabalhos foram mostrados pela primeira vez na Exposição Colectiva dos Festejos da cidade de Lourenço Marques (hoje Maputo), em 1966, e a sua primeira exposição individual teve lugar em 1967, na mesma cidade, na Cooperativa da Casas de Lourenço Marques, onde trabalhava como desenhador de arquitectura .
Exposições do artista Roberto Chichorro até 1991:
- 1966: Colectiva dos Festejos da Cidade de Lourenço Marques.
- 1967: Individual em Lourenço Marques.
- 1971: Individual em Lisboa.
- 1972: Individual em Luanda.
- 1973 a 1982: Colectivas em Moçambique, Angola, Itália, Bulgária, Portugal, ex-República Democrática Alemã e URSS.
- 1984 a 1986: Individuais e colectivas em cidades de Portugal e de Espanha.
- 1986 a 1991:
- Individuais: Em cidades de Espanha e Portugal e em Bissau e no Maputo.
- Colectivas: Em Portugal, Estocolmo, Los Angeles e Nova Iorque.
- 1986: 2.ª Bienal de Havana.
- 1991: Bienal de Óbidos.
- 1991: Individual no Maputo.
De 21 de Janeiro a 6 de Março de 2001 esteve patente no Centro Cultural de Cascais uma importante mostra do artista plástico moçambicano Roberto Chichorro, apresentada pela Fundação D. Luís I e comissariada por Álvaro Lobato de Faria, exibindo 31 obras repletas e magia e sedução, luz, música e cor.
Prémios:
- 1973 – Prémio de Aquisição no Salão de Arte Moderna (Luanda – Angola)
- 1987 – Menção Honrosa no Salão de Outono do Casino Estoril (Estoril – Portugal)
- 1991 – Menção Honrosa na Bienal de Óbidos (Óbidos – Portugal)
- 1998 – Prémio Prestígio LIÁFRICA (Lisboa – Portugal)
- 2007 – Prémio Carreira (Lisboa – Portugal)
- 2008 – Prémio Pintura (Lisboa – Portugal)
- 2009 – Prémio MAC Honorário (Lisboa – Portugal)
Instituições onde está representado:
- No Museu Nacional de Arte Contemporânea em (Lisboa).
- No Museu de Arte Contemporânea de Luanda.
- Em coleções públicas de Moçambique, Brasil, Itália, Tanzânia e Estados Unidos.
- Museu Arte Nacional Moçambique.
- Em vários Edifícios Oficiais em Moçambique.
- Coleções particulares em Moçambique, Angola, Portugal; Brasil, Itália, Espanha, França, Bélgica, Inglaterra, Alemanha, Tanzânia, Costa Rica e Nicarágua.
- Coleção Caixa Geral Depósitos, Lisboa.
Vida desportiva:
Roberto Chichorro jogou futebol nos juniores do Desportivo de Lourenço Marques. Chegou a defrontar Eusébio, que na época jogava no Sporting. Depois duma pesada derrota por 5/0 num torneio realizado na Namaacha, ficou amigo daquele que mais tarde viria a ser a “pantera negra”.
Praticou também atletismo representando o Desportivo iniciando esta modalidade na categoria de Principiantes.
A sua 1ª prova oficial foi em Maio de 1958, nos Campeonatos Regionais da Mocidade Portuguesa cujas provas se realizaram no Parque José Cabral em Lourenço Marques e Roberto Chichorro competiu no lançamento do Peso tendo-se classificado em 4º lugar.
Compete em provas oficiais de 1958 a 1961 tendo-se destacado como saltador e lançador. No entanto também competiu nos 110 metros Barreiras, Velocidade e estafetas pelo GDLM.
Marcas e resultados do atleta:
1958
09.05.1958 – Campeonatos Regionais da Mocidade Portuguesa (Realizaram-se no Parque José Cabral em Lourenço Marques)
Peso:
1º José Reis – 11,89 m.
2º João Fonseca – 11,34 m.
3º José Sousa – 10,57 m.
4º Roberto Chichorro – 9,19 m.
23.11.1958 – Torneio de Abertura (1ª Jornada)
Altura Principiantes:
1º Sérgio Pais Mamede (D) – 1,70 m.
2º J. Antunes (F) – 1,50 m.
3º A. Coelho (F) – 1,50 m.
4º Roberto Chichorro (D) – 1,40 m.
24.11.1958 – Torneio de Abertura (2ª Jornada)
4×100 m:
1º lugar – GDLM – 48,9 seg. – (Sérgio Pais Mamede, Carlos Cagica, Bento Júnior e Roberto Chichorro).
2º lugar – CFM – 50,3 seg. – (R. Lousã, Sousa, Antunes e F. Coelho).
15.12.1958 – Campeonatos de Principiantes
Triplo-Salto:
1º Carlos C. Calrão (S) – 11,70 m.
2º Hugo Barata (S) – 11,60 m.
3º António Pereira (D) – 11,31 m.
4º Roberto Chichorro (D) – 11,31 m.
5º A. Costa André (S) – 11,05 m.
6º J. António Pires (F) – 10,66 m.
1959
11.01.1959 – Campeonatos de Júniores
Vara:
1º José Rocha (F) – 2,90 m.
2º Roberto Chichorro (D) – 2,80 m.
06 e 07.12.1959 – Torneio de Abertura
Peso principiantes:
1º Orlando S. Melo (D) – 10,74 m.
2º Bernardino Costa (S) – 10,37 m.
3º Delfim Teixeira (S) – 10,30 m.
4º Roberto Chichorro (D) – 10,02 m.
200 m Principiantes:
1º Luis Boavida (F) – 24,9 seg.
2º Ernesto Augusto (S) – 25,4 seg.
3º Bernardino Costa (S).
4º Cornélio Nobela (D).
5º Roberto Chichorro (D).
Comprimento Principiantes:
1º João de Melo (D) – 5,35 m.
2º Bernardino Costa (S) – 5,15 m.
3º Roberto Chichorro (D) – 5,02 m.
16.12.1959 – Campeonatos de Principiantes
110 m Barreiras:
1º Rui Calrão (S) – 16,3 seg.
2º Melo Marques (D) – 17,3 seg.
3º Roberto Chichorro (D) – 18,2 seg.
4º José M. Correia (F) – 19,5 seg.
Vara:
1º Carlos Bruheim (F) – 3,05 m.
2º Calino da Silva (S) – 2,90 m.
3º Roberto Chichorro (D) – 2,60 m.
Dardo:
1º Roberto Chichorro (D) – 29,82 m.
2º Delfim Teixeira (S) – 28,86 m.
3º Jaime Oliveira (D) – 28,60 m.
4º Melo Marques (D) – 28,00 m.
5º Carlos P. Borges (D) – 26,35 m.
6º José Mateus (S) – 26,00 m.
1960
10 e 11.01.1960 – Campeonatos de Juniores
Vara:
1º Luis Cunha (S) – 3,10 m.
2º Caliano da Silva (S) – 2,98 m.
3º Carlos Bruheim (F) – 2,90 m.
3º Roberto Chichorro (D) – 2,89 m.
Martelo:
1º José Mateus (S) – 22,72 m.
2º Carlos Nunes (S) – 20,27 m.
3º Ricardo Pagan (D) – 19,97 m.
4º Carlos Pires (S) – 19,50 m.
5º Roberto Chichorro (D) – 19,04 m.
6º J. Gomes Oliveira (D) – 16,50 m.
17.01.1960 – Campeonatos de Seniores
Vara:
1º Florival Silva (S) – 3,39 m.
2º Luis Cunha (S) – 3,12 m.
3º Carlos Bruheim (F) – 3,03 m.
4º Roberto Chichorro (D) – 2,80 m.
1961
16 e 17.01.1961 – Torneio de Abertura
Comprimento Juniores:
1º Roberto Chichorro (D) – 5,46 m.
2º S. Carvalho (S) – 5,46 m.
3º C. Deus (S) – 5,35 m.
4º J. Semá (F) – 4,56 m.
4×100 m:
1º GDLM – 47,9 seg. – (Roberto Chichorro, Antonino Batalha, Sérgio Pais Mamede e Carlos Cagica).
2º SCLM – 48,0 seg. – (C. Deus, Zabibe, Teixeira e Costa André).
05 e 06.02.1961 – Taça José Crisóstomo Ferreira
Vara:
1º Florival Silva (S) – 3,21 m.
2º Luis Cunha (S) – 2,99 m.
3º Sérgio Pais Mamede (D) – 2,90 m.
4º Roberto Chichorro (D) – 2,90 m.
Deixa de competir neste ano de 1961.
Melhores marcas e resultados de Roberto Chichorro:
110 m Barreiras Princ. – 18,2 seg.
Comprimento Princ. – 5,02 m.
Comprimento Jun. – 5,46 m.
Triplo Princ. – 11,31 m.
Altura Princ. – 1,40 m.
Vara Jun. – 2,80 m.
Vara Sen. – 2,90 m.
Peso Princ. – 10,02 m.
Dardo Princ. – 29,82 m.
4×100 m (GDLM) Princ. – 48,9 seg.
4×100 m (GDLM) Sen. – 47,9 seg.
- Foi homenageado pela Câmara de Comércio de Portugal e Moçambique (CCPM) em novembro de 2017, na Tertúlia da Cultura e do Desporto Luso Moçambicana, figuras “ímpares da cultura e desporto”.
- Presente no 37º Almoço do Desportivo LM (GDLM).
- Podem assistir à exposição no Auditório Cultural dos Paços do Concelho de Ourém, na Sala Expositiva do Paço dos Condes, vai receber, de 19 de Setembro a 30 de Dezembro, a exposição de pintura por Roberto Chichorro, “Flores que namoram pássaros são voos de Beija Flor”.
11 Comentários
Elaine Vilaca Tomás
Se alguém souber o contacto do Chichorro agradecia que me mandassem, pois o meu marido era muito amigo dele e gostaria de entrar em contacto com ele.
Manuel Martins Terra
Parabéns ao Roberto Chichorro pela comemoração do seu 80* aniversário, e que continue a somar muitos mais com muita saúde e boa disposição. Também enaltecer a sua veia artistica expressa em muitas exposições ,e as aptidões que lhe foram reconhecidas na prática desportiva, que o tornaram uma figura distinta do desporto moçambicano.
jose alexandre russell
Parabéns. Saúde e sucesso. Felicidade.
Paulo Carvalho
Parabéns Roberto Chichorro.
Recebe um abraço amigo, com os desejos de que continues por muito tempo, a comemorar esta data,junto dos teus, com muita alegria.
ABM
Felicitações a Chichorro
FERNANDO DE CARVALHO
Que parentesco tem o Roberto Chichorro com o saudoso Arnaldo de Alcáçovas Chichorro, que foi massagista do C. F. M. ?
Já fiz esta pergunta uma vez mas, até agora, ninguém me deu resposta.
Carlos C. de Almeida
Olá, bom-dia!
1 – Também não lhe darei resposta alguma, mas aparentemente… éla parece clara.
2 – O que quero aqui dizer é que o estranho apelido Chichorro será originário de Portugal, como aliás Alcáçovas…
3 – … e que se documenta, no século 13, numa família originada no rei BOLONHÊS com uma belíssima moura de Faro!
4- Chamava-se MADRAGANA, filha de BEN BAQR ALOANDRO, e, conquistada a fortaleza, vindo a ter filhos deste rei ela mudou o nome para MOR AFONSO.
5 – Isto no século 13, repito. Um filho dela foi meu antepassado.
Carlos C. de Almeida
FERNANDO DE CARVALHO
Que parentesco tem o Roberto Chichorro com o saudoso Arnaldo de Alcáçovas Chichorro, que foi massagista do C. F. M. ?
Victor pinho
Só o Roberto Chichorro poderá dizer qual o parentesco com o Arnaldo de Alcácovas Chichorro.
ZéRodrigues
Parabéns !
Saúde e sucessos . Grande abraço.
ZéRodrigues
Henrique Ferreira
Grande data, Grande dia,Bela idade.
Muitas Felicidades, Muita Saúde, e Muitos Anos de Vida.
PARABÉNS.
FORTE ABRAÇO.
Lacrau.