História:
O salto em comprimento teve várias formas desde a antiguidade. Existe o registo do atleta CHIONIS de Esparta que em 656 a.C. teria saltado 7,05 metros. Na Grécia, a impulsão dava-se a partir de uma espécie de marca a bater de pedras sobre o solo plano (SKUMMA), ou com a ajuda de pesos (alteres). Estes pesos pesavam entre 2,5 Kg a 5 Kg e ajudavam no salto (provas do pentatlo da época) a obter melhores resultados no salto de distância. A Tábua de impulsão surge pela primeira vez em 1886, cuja utilização é ainda hoje utilizada. Hoje a tábua tem uma parte de plasticina que delimita a zona de chamada dos atletas, e os que pisarem a plasticina vem o seu salto anulado pelo Juiz de chamada da prova.
Curiosidades:
Olimpíada de 1952 – O grande favorito para vencer esta prova era o atleta Americano George Brown, pois até esta competição participara em 41 competições tendo sempre vencido. No entanto o atleta por 3 vezes fez quase 8 metros e por 3 vezes o juiz de chamada ergueu a bandeira vermelha, por ter pisado para além da tábua de impulsão.
O primeiro Campeão Olímpico do Salto em Comprimento foi ELLERY CLARK dos EUA que em 1896 venceu a prova com 6,35 metros.
Em Senhoras a 1ª prova aparece e é realizada nos Jogos Olímpicos de 1948. Foi Campeã Olímpica a atleta da Hungria Olga Gyarmatida.
O primeiro atleta a saltar mais de 8 metros foi o americano Jesse Owens que em 1936 nos Jogos Olímpicos de Berlim saltou 8,13 metros (um recorde lendário que se manteve durante largos anos).
Em 1968 nos Jogos Olímpicos do México Robert Beamon dos EUA saltou 8,90 metros – Recorde do Mundo.
O atual Recorde do Mundo desta especialidade pertence a Mike Powell dos E.U.A. que em 30/08/1991 nos Campeonatos Mundiais de Atletismo de Tóquio saltou 8,95 metros.
Particularidades do Salto em Comprimento:
O atleta deve ser rápido como um velocista, ter a força de impulsão de um saltador em altura. É porém, a corrida de balanço juntamente com a impulsão os fatores de maior importância para a realização de um bom salto. A pista de corrida de balanço tem de ter no mínimo 40 metros de comprimento e entre 1,22 a 1,25 m de largura. A tábua de chamada é igual em largura à pista de balanço e tem 20 cm. Esta tábua deverá ser colocada entre 1 a 3 metros da área da queda.
As quatro fases do Salto:
- A corrida de Balanço e Chamada – Quanto maior a velocidade de aproximação à tábua melhor.
- A impulsão – Dura apenas 12 a 13 centésimos de segundo.
- O Voo ou Salto – Vários estilos de saltar: Tesoura, grupado ou em arco.
- A queda – a parte do corpo mais próxima da tábua será esta que conta para se medir o salto.
Concorrentes e Tentativas:
Vencerá o atleta que efetuado o melhor salto. Em caso de empate vencerá o atleta que tiver o 2º melhor salto e se persistir pelo melhor do 3º salto e assim por diante. O tempo de execução de uma tentativa é para cada atleta de 1 minuto após ser levantada a bandeira de chamada. O número de saltos obedecerá a: Se forem 8 ou menos atletas, todos os atletas efetuam 6 saltos. Se forem mais de 8 atletas, todos os atletas fazem 3 saltos e os 8 melhores terão direito a mais 3 saltos finais.
Salto Nulo:
É nulo o salto quando o atleta regressa a andar pela areia após o salto.
Após a queda na caixa de areia, tocar o solo dos lados num ponto mais atrás, fora da areia o salto é nulo.
É considerado salto nulo quando qualquer atleta pisa a plasticina colocada junto da tábua de chamada ou saltar para além da tábua.
As Cinco Melhores Marcas Mundiais do Salto em Comprimento:
Masculinos:
Mike Powell – EUA – 8,95 metros – Jogos Olímpicos de Tóquio – 1991.
Bob Beamon – EUA – 8,90 metros – Jogos Olímpicos do México – 1968. (Este recorde durou 23 anos para ser batido)
Carl Lewis – EUA – 8,87 metros – Jogos Olímpicos de Tóquio – 1991.
Robert Emmiyan – Rússia – 8,86 metros – Em Tsakhkador – 1987.
Larry Myricks – EUA – 8,74 metros – Em Indianópolis – 8,74 metros – 1988.
Femininos:
Galina Chistyakova – U. Soviética – 7,52 metros – Leningrado – 1988. (Este recorde já dura à 28 anos)
Jackie Joyner-Kersee – EUA – 7,49 metros – Nova Iorque – 1994.
Heike Drechsler – Alemanha Oriental – 7,48 metros – Lausanne – 1983.
Anisoara Stanciu – Roménia – 7,43 metros – Bucareste – 1983.
Tatyana Kotova – U. Soviética – 7,42 metros – Annecy – 2002.
Veja o vídeo dos Campeonatos Mundiais de Atletismo de Tóquio – 1991, em que Mike Powell (EUA) saltou 8,95 metros. A maior competição de todos os tempos. Isto nunca mais vai acontecer!
Salto em Comprimento em Moçambique
O salto em comprimento é talvez o mais natural de executar e os mais simples de aprender. Assim os Professores de Educação Física nas escolas muito contribuíram para que os alunos nas aulas praticassem atletismo, e os saltos (em comprimento e em altura) em particular.
Os saltadores com mais sucesso e com melhores marcas obtidas em Moçambique, eram na maioria dos casos sprinters, altos, com pernas compridas e boa capacidade de impulsão. Nas escolas, foi estudado as aptidões naturais dos alunos para o atletismo e depois nos clubes os atletas treinavam a técnica especifica do salto em comprimento, atendendo à sua experiência, com treinos específicos tais como a corrida de balanço, saltos sem corrida, etc.
De referir que os atletas do salto em comprimento e do triplo salto estavam mais sujeitos a cargas intensas a nível ósseo e de tendões.
Tivemos bons saltadores em comprimento, apesar dos atletas terem sempre competido em pistas de cinza ou de pó de tijolo e nunca em pista de tartan.
Atletas masculinos em destaque nesta disciplina:
Stélio Craveirinha, Péricles Pinto, Vítor Correia Mendes, Eduardo Costa, Carlos Cardoso, Amadeu Chande, José Melo, Leonel Narantozoulis, Luís Oliveira, António Paulo, Victor Pinho, Leonel Piscalho e muitos outros.
Atletas do sector feminino em destaque:
Helena Relvas, Emília Chemane, Isabel Santos, Argentina Abreu, Arcângela Madeira, Binta Sané, Lucrécia Cumba e muitas outras. Nas camadas jovens a Suzel Abreu, Lígia Avelar, Anita Chemane, Irene Gouveia, Cyntia Fernandes, Nacima Ismail, Anabela Fernandes, Fernanda Salazar, Filomena Osório, Luísa Miranda, Isabel Silva, Ana Vilela, Isabel Bagueiro, Margarida Cardozo e tantas e tantas outras.
Melhores Marcas de Moçambique Salto em Comprimento
Masculinos:
1969
1º Leonel Nerantozoulis (CFB) – 6,69m.
2º Carlos Cardoso (CFM) – 6,52m.
3º Stélio Craveirinha (GDLM) – 6,50 m.
4º F. Couto de Oliveira (SCLM) – 6,30 m.
5º Carlos Lima (GDLM) – 6,18 m.
1970
1º Eduardo Costa (GDLM) – 6,77 – Recorde de Juniores.
2º Luís de Oliveira (AAM) – 6,75 m.
3º L. Nerantozoulis (CFM) – 6,70 m – Recorde da Beira.
4º Carlos Cardoso (CFM) – 6,66 m
5º Cândido Coelho (GDLM) – 6,48 m
1972 e 1973
1º Stélio Craveirinha (Exercito) – 7,01 m. – Recorde de Moçambique.
2º Péricles Pinto (SCLM) – 6, 93 m.
3º Cândido Coelho (Exercito) – 6,42 m.
4º Amadeu Chande (CFM) – 6,42 m.
5º Victor Pinho (CFM) – 6,41 m.
1974 e 1975
1º Péricles Pinto (SCLM) – 7,05 m. – Recorde de Moçambique.
2º Vítor Correia Mendes (VG) – 6,82 m.
3º Leonel Piscalho (CFB) – 6,62 m.
4º Eduardo Costa (RS) – 6,59 m.
5º José Melo (GDLM) – 6,54 m.
Femininos:
1972 e 1973
1º Helena Relvas (GDLM) – 5,94 m.
2º Emília Chemane (CFM) – 5,53 m.
3º Suzel Abreu (VG) – 5,38 m.
4º Isabel Santos (AAM) – 5,36 m.
5º Argentina Abreu (VG) – 5,16 m.
Helena Relvas no Salto em Comprimento
1974 e 1975
1º Suzel Abreu (VG) – 5,68 m.
2º Helena Relvas (GDLM) – 5,41 m.
3º Lígia Avelar (VG) – 5,34 m.
4º Argentina Abreu (VG) – 5,33 m.
5º Isabel Santos (AAM) – 5,31 m.
Recordes de Moçambique no Salto em Comprimento
Masculinos:
Seniores Pericles Pinto (SCLM) – 7,05 m (1974)
Juniores Eduardo Costa (GDLM) – 6,77 m (1970)
Juvenis Eduardo Costa (GDLM) – 6,77 m (1970)
Iniciados Carlos Cardoso (CFM) – 6,06 m
Infantis David Bulande (EJA) – 4,92 m (1971)
Femininos:
Seniores Helena Relvas (GDLM) – 5,94 m (1973)
Juniores Suzel Abreu (VG) – 5,75 m (1974)
Juvenis Suzel Abreu (VG) – 5,38 m (1973)
Iniciadas Marília Picolo (GDLM) – 4,81 m (1970)
Infantis Irene Gouveia (AAM) – 4,08 m (1972)
Evolução dos Recordes de Salto em Comprimento
Masculinos:
Leonel Piscalho (CFB) – 6,62 m (1974)
Fernando Couto de Oliveira (SCLM) – 6,63 m (05.08.1967)
José Ferreira (GDLM) – 6,65 m (1950)
Carlos Cardoso (CFM) – 6,66 m (20.06.1970)
Fernando Mira (SCLM) – 6,66 (1948)
Leonel Narantozoulis (CFM) – 6,70 m (22.08.1970)
(…)
António Paulo (AAM) – 6,73 m (22.08.1974)
Luís de Oliveira (AAM) – 6,75 m (22.08.1970)
Eduardo Costa (GDLM) – 6,77 m (20.12.1970)
Álvaro Collisson (CFM) – 6,82 m (1959)
Vítor Correia Mendes (VG) – 6,82 m (1975)
Armando Vila Maior (CFM) – 6,86 m (30.11.1940)
Stélio Craveirinha (GDLM) – 7,01 m (08.04.1972)
Péricles Pinto (SCLM) – 7,05 m (12.05.1974)
Femininos:
Lucrécia Cumba (SCLM) – 4,76 m (15.12.1968)
Marília Picolo (GDLM) – 4,81 m (02.08.1970)
Ana Maria Lopes (AAM) – 4,83 m (29.05.1971)
Aurora Esteves (CFB) – 4,98 m (23.08.1970)
Kathelinda Binda (CFB) – 5,10 m (09.08.1970)
Arcângela Madeira (CFM) – 5,17 m (18.05.1974)
Angélica Manaca Dias (CFB) – 5,28 m (29.08.1970)
Argentina Abreu (VG) – 5,33 m (24.03.1974)
Isabel Santos (AAM) – 5,36 m (16.06.1973)
Emília Chemane (CFM) – 5,53 m (20.05.1973)
Suzel Abreu (VG) – 5,75 m (1974/1975)
Helena Relvas (GDLM) – 5,94 m (15.08.1973)
2 Comentários
jose alexandre russell
Um belo resumo sobre uma das provas de que mais gostava. Os russos e franceses tinham escola nesta modalidade antes de aparecerem os americanos. Foi reconfortante ler este artigo. Mais um bom trabalho do Victor Pinho.
Manuel Martins Terra
Uma excelente síntese da prova do salto em comprimento, ilustrada com nomes de grandes estrelas da modalidades , mas o Vitor Pinho, também não esqueceu os grandes atletas moçambicanos de ambos sexos, que se destacaram não só em Moçambique, como fora de portas, obtendo grandes marcas. Como é gratificante, recordar esses velhos tempos.