Nasceu a 19 de Junho de 1930 em Lourenço Marques.
Aos 10 anos completou o ensino primário e frequentou então a Escola Comercial Azevedo e Silva em L.M. (curso complementar de comércio), assim como o Liceu Salazar.
Aos 16 anos entrou para a Imprensa Nacional, onde aprendeu o ofício de tipógrafo.
Em 1949 começou a trabalhar no BNU, passando por várias secções.
Em 1958 tirou curso de inglês e dactilografia no Colégio de Freiras Peetmanns.
Em 1972 fez um estágio de 2 semanas no Real Madrid, nessa altura campeão europeu de basquetebol.
Em 1978 foi transferido para o BNU em Portugal, São João da Madeira e depois Águeda, onde fixou residência.
Reformou-se em 1988.
A sua grande paixão foi desde sempre o desporto, tendo praticado várias modalidades e dedicado mais de 50 anos à sua maior paixão, o BASQUETEBOL.
“Uma vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Sócrates
Dada a sua idade e o seu grave problema de saúde, já sabíamos que, um dia, quando o manto da morte envolvesse o seu corpo e o levasse do nosso convívio, a separação seria inevitável.
A recompensa final da morte é nunca mais morrer e viver para sempre no coração de quem nos recorda com carinho e saudade.
Perdemos o nosso Linda: desapareceu um bom homem, que punha imensa paixão em tudo o que fazia, com empenho e destemor, apenas ao alcance de quem sente verdadeiramente o que faz.
Paizinho
Partiste. Hoje.
Ao dia primeiro, senhor ribeiro,
Desaguaste,
Descendo o rio traiçoeiro…
E enfim paraste:
Molhando gota a gota
Um oceano inteiro!
Enfeitando a lágrimas-de-sangue
Um oceano inteiro!
Ah!, agridoce senhor ribeiro:
Foi teu o teu pequeno mundo,
E hoje é teu o teu grito mais profundo:
– Fiz um oceano inteiro!
Homenagem do filho Victor Ribeiro
manuelmoraes || 2011-07-01
Assim era o Linda:
Corria o ano de 1943. Um grupo de miúdos jogava à bola (bola de ténis) na Av. Anchieta, em Lourenço Marques, Moçambique. Um dos miúdos era o Pina, que mais tarde se revelou um bom jogador, árbitro e treinador de basquetebol. Convidou-o para treinar no Sporting de Lourenço Marques e assim aconteceu.
O treinador Jaime Caldas, director da Fazenda Pública, ensinou-o a lançar ao cesto, na altura, com as duas mãos e a partir do peito com o objectivo de, pelo efeito retrógrado dado à bola, atingir a tabela e fazê-la cair no cesto.
Nesse tempo os campos eram de terra batida, pertencentes a clubes como Sporting, Desportivo, Ferroviário e Malhangalene.
Começou, portanto, nos infantis e, nesse ano de 1943, a equipa tinha nove jogadores, podendo jogar somente sete. Ficou de fora, ele e outro colega, seguramente por serem os mais inábeis, porém com a desculpa, apresentada pelo treinador, de se ter perdido os cartões de jogador.
Em 1944 a coisa mudou de figura: passou a “craque” da equipa! Começou a coleccionar títulos, desde logo dois com a equipa de juniores.
Depois, transitou para os seniores, onde pouco jogava, porquanto estava tapado pelo Octávio Bagueiro. Nessa equipa jogavam Júlio Cernadas Pereira (Juca), Bebé Carreira, Hélder Silva, entre outros. Por essa razão, em 1948, passou a jogar pelo Desportivo, treinado por José Lopes. Neste clube conseguiu finalmente impor-se.
Em 1951, as três melhores equipas de Lourenço Marques deslocaram-se a Portugal, onde realizaram vários jogos, ganhando a maioria. Nessa altura, o Vasco da Gama (Porto) dominava o panorama basquetebolístico no continente. O Linda não fez parte dessa digressão por estar a cumprir o serviço militar obrigatório.
Em 1952, a selecção de Moçambique deslocou-se à ilha de Madagáscar, então colónia francesa. A comitiva era composta pelo treinador Cardoso Sargento (treinador do Sporting) e pelos jogadores Octávio Bagueiro, Carlos Braga, Hélder Silva, Luís Pina, António Alves da Fonseca, Tavares da Rocha, Américo Silva e Adam Ribeiro, entre outros. A selecção moçambicana venceu os jogos todos.
Mais tarde, em 1958, a convite do Ferroviário de Lourenço Marques, viajou até Moçambique a equipa brasileira do Palmeiras de S. Paulo, na altura campeão do Brasil. Esta equipa era de grande nível: integravam-na quatro jogadores campeões do mundo. A diferença de valor era enorme e as equipas moçambicanas levaram grandes “cabazadas”. O Linda pediu ao treinador Amâncio, do Palmeiras de S. Paulo, para dar um treino ao seu Ferroviário, insistindo com ele no trabalho a realizar para melhorar a capacidade de salto e algumas técnicas de jogo, qualidades evidenciadas pelos jogadores brasileiros que tanto o tinham impressionado. E assim reforçou a paixão pela modalidade, que mais tarde o levaria a treinador, primeiro em Moçambique e depois em Portugal.
Na qualidade de atleta sénior, foi duas vezes campeão provincial de Moçambique em representação do Sporting e Ferroviário de L. Marques. Por este clube disputou a fase final da Taça de Portugal no Fundão.
Época 1961/62 – Seniores
• Campeão Distrital L. Marques • Campeão Provincial Moçambique
Em cima: José Campos (Massagista), Carlos Ribeiro, Adam Ribeiro, Guilherme Soares, José Lopes (Treinador), António Pinho “Tonecas”, Labistour Alves, Ip Chiu Ah, Pauleta (Sócio).
Em baixo: Orlando Carmelo, B2?, Alberto Rodrigues, Chang, Francisco Marques.
Por este clube disputou a fase final da Taça de Portugal no Fundão.
Época 1961/62 – Seniores – Ferroviário LM (CFM)
“Fase final da Taça de Portugal – Fundão”
Em cima: José Lopes (Treinador), Albino (Chefe Departamento), Victor Agostinho, Labistour Alves, Francisco Marques, Adam Ribeiro, Guilherme Soares, César Pardal, Joaquim Henrique Rodrigues (Presidente), Nelson (Seccionista), Tadeu (C.E.F.).
Em baixo:Chang, Alberto Rodrigues (Capitão), Carlos Ribeiro, António Pinho “Tonecas”, Ip Chiu Ah.
Em 1972 fez um estágio de 2 semanas no Real Madrid, nessa altura campeão europeu de basquete.
O seu ano de ouro como treinador aconteceu na época de 1973/74, quando orientava o Malhangalene.
Época 1973/74 – Seniores
Vice-Campeão Provincial Moçambique • Campeão Nacional
Em cima: Adam Ribeiro (Treinador), Carlos Cachorreiro, Eustácio Dias, Eurico Gonçalves, Jimmy Romeo, Avelino Ferreira, Carlos Gaspar, Aurélio Grilo (Presidente), David Carvalho, José Marques (Massagista).
Em baixo: Joaquim Fernandes, João Domingues, José Cardoso, José Costa Leite, António Araújo, Aureliano Graça (Seccionista).
Ganhou o seu primeiro e único título de Campeão Nacional de Portugal, numa prova que se disputou em Lourenço Marques.
O Sporting de LM foi 2º, o Sport Lisboa e Benfica garantiu o 3º e em último ficou o F. C. Luanda, filial do F. C. Porto. Nessa época, o Sporting foi campeão provincial, o Malhangalene Vice-campeão, tendo ainda participado nesta fase final as equipas da Académica e do Ferroviário.
Em Portugal, treinou o Sangalhos (1977), tendo obtido a melhor classificação de sempre do clube num campeonato nacional (3º lugar) e, mais tarde e por uma única época, o Ginásio Figueirense (1978/79), que terminou em 5º lugar na prova máxima portuguesa.
Depois reformou-se. Passou os últimos anos a ver jogos, ao vivo ou na televisão, convivendo ou recordando os queridos amigos do basquete, de quem tanto gostava.
Faleceu em grande sofrimento. Foi trágico e imerecido. Resta pensar que o Linda viveu uma vida vivida, recheada de bons momentos e sempre acompanhado pela sua querida mulher e companheira, Amélia Ribeiro, mulher que o engrandeceu e o assistiu nas boas e más horas.
Se a vida pode ser um momento, o Linda teve o seu momento mágico: a conquista do Campeonato Nacional com o Malhangalene, uma equipa de miúdos, cheios de talento e de raça. Uma espécie de CAMPEÃO improvável.
Até sempre, Adam Ribeiro.
Homenagem a Adam Ribeiro – 6 de Abril de 2012
O Ginásio Clube Figueirense é um Clube com memória.
Assim aconteceu com a iniciativa de homenagear o consagrado treinador Adam Ribeiro.
IN MEMORIAM ADAM RIBEIRO
O Ginásio é um clube com memória, procurando não esquecer os colaboradores que ao longo dos anos contribuíram de diversas formas para dar vida a uma das mais prestigiadas Instituições desportivas do País.
Assim aconteceu com a iniciativa de homenagear o consagrado treinador Adam Ribeiro, principal responsável pela vinda para o clube dos excelentes jogadores moçambicanos que se sagraram campeões nacionais na época de 1976-77.
Obtida a pronta adesão do Ginásio de Águeda (GICA), clube através do qual, em 1980, relançou o Basquetebol naquela cidade, a primeira jornada desta homenagem – haverá outra em Águeda, no próximo ano – teve lugar na sexta-feira, no Pavilhão Galamba Marques, com um jogo entre as equipas de sub-18 do Ginásio e sub-18/20 do GICA.
Com as equipas formadas para iniciarem o encontro, o Vice-Presidente Carlos Guedelha proferiu uma breve saudação
e convidou os antigos campeões Samuel Carvalho, António de Almeida e Eustácio Dias, que em Moçambique fizeram parte de equipas treinadas por Adam Ribeiro, a entregarem um ramo de flores à viúva do homenageado.
No final, D. Amélia Ribeiro entregou às equipas as duas Taças – absolutamente iguais – instituídas pelo Ginásio.
De Águeda, deslocaram-se muitos amigos e familiares de Adam Ribeiro, que assistiram ao jogo e tiveram ocasião de visitar a Sala-Museu…
Victor Ribeiro (filho), Amélia Ribeiro (viúva) e Paula Stiebens (filha).
Familiares e amigos de Adam Ribeiro marcaram presença neste evento…
Sr. Sopas à direita na foto fez as honras da casa dando a conhecer aos presentes, um pouco da história do Ginásio Clube Figueirense…
A próxima jornada de homenagem será em Águeda, no próximo ano.
Estão de parabéns estas duas colectividades – Ginásio Clube Figueirense (GCF) e Ginásio de Águeda (GICA), pela bonita e justa homenagem feita a esta ilustre figura do basquete nacional.
Bem-haja!
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