NOVA IORQUE, dos sonhos… à realidade!
(1ª parte)
Antecedentes…
Recordar também é viver! Por isso vale a pena para nós “mufanas de ontem”, recordarmos como “Kokuanas” de hoje, algumas tropelias da nossa juventude.
Na antiga Lourenço Marques, dos fins dos anos 50, princípios de 60 do século passado, nós estudantes à data com 15/16 anos, tínhamos como pontos de encontro e passatempos favoritos: – O desporto, as tardes dançantes, o cinema, as festas particulares (party) e as idas à praia.
Porquê o “Bilhete de identidade de estudante para os teatros”?
Por nós designado de “cartão de cinema” ou “cartão de estudante”.
Era um beneficio dado aos estudantes que lhes concedia uma redução para metade nos preços das entradas nos cinemas, teatros e outros espectáculos. – Nunca entendi porque é que inicialmente tinham de ser dois cartões: Um para os cineteatros Manuel Rodrigues e Gil Vicente;
Cineteatro Manuel Rodrigues
Cineteatro Gil Vicente
o outro para o Scala, Varietá, Avenida e outros.
Cinema Scala
Teatro Varietá
Para o cinema Império por ser um cinema de bairro, não era necessário porque as entradas eram mais baratas, e com preço único igual para todos: Sete escudos e cinquenta a plateia, e dez escudos o balcão.
Era hábito possuirmos cada um desses cartões em duplicado: – Uns originais, para vermos filmes até à nossa idade. – Outros, com a data de nascimento por nós “rasurada e falsificada” fazendo-nos passar por mais “velhos”, para com um bilhete de estudante podermos assistir aos filmes: “para maiores de 18 anos”. Depois alterada para maiores de 17. (Não confundir estes filmes com eróticos ou pornográficos, porque à data a censura nem sequer autorizava legalmente a sua entrada em Portugal! Nos filmes só nos era permitido ver raparigas em bikini, e mesmo este com modelo limite nas medidas)…….Meu Deus, como os tempos mudaram!
No cinema Scala, (além de outras soluções) para assistirmos aos “filmes maiores de 18” resolvíamos o problema comprando um bilhete de galeria, (por nós apelidada de “galinheiro”) pelo preço único de doze escudos e cinquenta centavos, não sendo por isso necessário provar que era estudante. Ficávamos “prejudicados” em dois escudos e cinquenta centavos, (o bilhete de estudante na época custava dez escudos, posteriormente alterado para quinze) mas não corríamos riscos!
Bilhetes de cinema em L. Marques
Nos outros cinemas – os porteiros quando por imperfeição da “falsificação” verificavam que a idade no cartão estava rasurada, apreendiam-no! O que nos fazia corar pela vergonha perante os espectadores que na altura estavam a entrar.
Para não passarmos por esta humilhação, era habitual aguardarmos pelo toque da hora limite de entrada – porque o afluxo de espectadores era maior e a intensidade luminosa diminuía – sendo por isso, mais difícil ao porteiro examiná-lo com atenção.
Utilizávamos ainda outras tropelias para que, sem termos a idade exigida por lei cometêssemos o “pecado venial de ver filmes para adultos”, pagando um bilhete de estudante! Quando estas não resultavam, para não perdermos “o saco e o atilho”, só nos restava vender o bilhete ou voltar à bilheteira trocá-lo por um de adulto. Muitas vezes, esta olhava para nós e sorria como que dizendo: “Foste apanhado”!
Desses cartões só me resta a saudade! Porque foi possivelmente, por ter colaborado também nestas travessuras e artimanhas – na altura comuns a toda a juventude estudantil “Lourenço-Marquina”- que comecei a gostar de cinema. E principalmente do cinema americano!
É inquestionável, que desde a década de 40 do século passado com a chamada “Era dourada do moderno cinema americano” até hoje, os americanos sempre utilizaram, dominaram e dominam como ninguém a técnica do audiovisual. Não lhes sendo por isso difícil usar a magia do cinema para captar a atenção e simpatia de jovens e adultos.
Quase sempre nos seus filmes musicais e outros, o importante era mostrar ao mundo a cidade “Nova Iorque”.
Em breve NOVA IORQUE, dos sonhos… à realidade! – (2ª parte)
“Para nós com o BigSlam, o mundo já é pequeno”!
João Santos Costa