NOVA IORQUE, dos sonhos… à realidade!
(2ª parte)
– Pai, eu não quero ir para a América!…
– Cala-te filho!..
– Pai, eu não quero ir para a América!…
– Já te disse para te calares!…
– Mas pai, estou cansado e não quero ir para a América!…
– Cala-te filho e continua a nadar porque havemos de lá chegar!
Esta sátira sobre a emigração foi-me contada por um amigo, e tenta retratar o fascínio que o “sonho americano” exerceu sobre as pessoas, acenando-lhe com o “El Dourado”!
Tal como os emigrantes, que desde jovem ficava extasiado ao ver nos filmes a imponente cidade de Nova Iorque (NY).
Para mim era o centro do mundo!….Tudo girava à sua volta!
Depois de passar todos estes anos a conhecer algumas das principais capitais e cidades europeias, para que, como o meu filho diz: “Nos servirem de comparação”, – a altura de a visitar chegou!…..
A porta principal de entrada e saída de NY é um dos 3 aeroportos. Para transpor essa porta o controle é rigorosíssimo – desde as impressões digitais; à fotografia; à verificação da retina e a ser todo apalpado, vale tudo! – Só não vale reclamar, porque se reclamar dizem-lhe logo: “Tudo o que disser pode ser usado contra si em tribunal”….É aguentar com estoicismo e cara alegre!
NY é como um “filme em CinemaScope”. – Tudo em tamanho XXL – As avenidas; o movimento nas lojas,
o parque automóvel, onde a par das marcas americanas coexistem as japonesas com os seus modelos topo de gama. Das europeias, as marcas alemãs de referência são a maioria!
E porquê todos os modelos de alta cilindrada e topo de gama?
Porque o galão da gasolina (3,78 l) custa 2,86 dólares (2,08€). 1€ vale 1,37dólares.
Sobre a altura dos arranha–céus, tenho para mim que, se alguém quiser ter um pescoço tão elegante como o da saudosa Audrey Hepburn, basta andar nas ruas e avenidas a olhar para o cimo desses arranha-céus…Tal a sua altura!
Lembram-se do filme do Sergio Leone: “Por um punhado de dólares”? – Quando foi filmado possivelmente o realizador não estava a pensar em NY, senão chamar-lhe-ia: “Por um alforge cheio de notas de cem dólares”.
Nas 5.ª,7.ª ou 8.ª Avenidas; em Times Square, no Rockefeller Center, e outros, vende-se de tudo!
As marcas europeias de referência são caras, e as americanas, agora quase todas feitas na China também não são baratas! E além do preço, a maioria das compras no acto de pagamento são agravadas com uma taxa!
Para tentar minimizar as despesas comprei um bilhete semanal para o Metro, (com algumas estações sujas e mal cuidadas) por 30 dólares, e um passe de cidade para as entradas nos principais museus; nos edifícios célebres; na Estátua da Liberdade e na ilha museu dos emigrantes, tudo por 110 dólares.
NY é uma máquina de fazer dinheiro!….Se para sobreviver precisasse de vender beatas de cigarros, punha os chineses todos a fumar (porque são muitos) trocava-lhes as beatas por tabaco para produzirem ainda mais, punha as lojas todas a vendê-las, e depois com o marketing que eles tão bem dominam, exportavam-nas para o resto do mundo sob um nome americano!
Não gostei da gastronomia. Mesmo pondo à prova, além de outros, 2 restaurantes de referência o Katz’s e o Junior’s, possivelmente devido aos condimentos, qualquer que fosse a ementa, o sabor era quase sempre o mesmo!
Ao McDonald’s porque conheço o seu tipo de cozinha, não fui. Os vinhos da Califórnia que são dos mais baratos que se podem encontrar, mas em termos de qualidade/preço deixam muito a desejar! O café (bica) que eles chamam de expresso é igual ao nosso, mas a 3,25 dólares!……A nossa gastronomia ganha para a deles em tudo!
Nesta visita algo me deixou intrigado!
Onde estão, ou por onde andam os(as) nova-iorquinos(as) que não foram bafejados pela sorte? E os emigrantes que foram à procura do “sonho americano” mas que este se transformou em “noites de pesadelos e insónias”? Não os vi! – Vi sim, tal como cá e noutras cidades europeias, alguns tocadores de rua e grupos musicais nas estações do Metro!
…Mas mendigos; sem abrigo e deficientes a esmolarem, que me lembre, não vi nenhum. Nem nos bairros que visitei fora do centro! – Comentei isto com a minha mulher e o meu filho (que conhece NY) e concluímos: – Ou há poucos! O que me deixa dúvidas, porque a área metropolitana tem cerca de 19 milhões de pessoas. – Ou então, por ser um inverno frio e com muita neve, possivelmente estavam recolhidos em albergues ou instituições!
Gostei e recomendo. Valeu a pena!…Tal como em jovem, e agora ainda mais, continuo a pensar que NY é a capital do mundo! – É diferente de todas as capitais que conheço, se calhar não é tão bonita como alguma, mas que é diferente, lá isso é!….Por isso é única.
Quero finalizar oferecendo-vos esta belíssima canção do Frank Sinatra, interpretada pela Liza Minelli e Luciano Pavaroti, New York, New York.
Para nós com o Bigslam, o mundo já é pequeno!
João Santos Costa – 25.03.2014
Um Comentário
Rui Baptista
Caros João e Samuel: As fotografias lustram o texto, e vice-versa.
Um abraço amigo e orgulhoso para ambos por me terem feito viajar até Nova Iorque e, principalmente, por vos ter tido como meus alunos da saudosa EIMA.