A ROSA E O GALÃ
Já tinha saído de Moçambique há cerca de 10 anos quando o Queluz, equipe onde jogava na altura, foi convidado para participar num torneio a realizar na cidade de Maputo.
Na altura lembro-me de ter sido possuído por uma enorme satisfação pois iria regressar à terra onde nasci e vivi toda a minha infância. Mais ainda porque teria a oportunidade de rever muitos amigos que lá tinham ficado, alguns dos quais nunca mais voltara a ver desde que saíra de Moçambique.
Entre esses amigos, estava o Valdemar, o meu grande e maior amigo, um irmão. A nossa apetência para pregar partidas era enorme, como já referi antes, o que torna esta história mais compensadora para a minha pessoa pois ele foi o alvo desta “surpresa”.
Na altura em que ocorre este torneio, 1984, o Valdemar era um homem muito considerado e apreciado pelo setor feminino devido à sua extrema parecença com o Omar Shariff, ator muito conhecido na época. E ele, como é natural, não se fazia rogado na manutenção dessa “imagem”, que tantos amores lhe proporcionava, e não era raro vê-lo acompanhado por mulheres lindíssimas da altura.
E foi dessa forma que ele se deslocou ao pavilhão do Maxaquene, para assistir ao primeiro jogo que o Queluz ia efetuar. Rodeado de duas belas mulheres e com o seu ar charmoso e bigode inconfundível. O pavilhão estava esgotado e cerca de 5.000 pessoas preparavam-se para assistir ao espetáculo.
Nesse dia, e por ser o primeiro jogo, alguém se lembrou de distribuir umas rosas pelos jogadores do Queluz para que eles, após a sua entrada em campo, as atirassem para a bancada para as senhoras presentes, numa atitude de simpatia e charme.
E foi nessa altura que me lembrei de pregar uma partida ao meu amigo galã. Em vez de atirar a rosa resolvi subir a escadaria da bancada e ir oferecer pessoalmente a rosa ao Valdemar.
Julgo que conseguem imaginar a cara dele quando isto aconteceu…
Primeiro começou a esconder-se e a dizer à sua companhia que era para ela. Mas insisti e lá lhe consegui entregar a rosa, dizendo-lhe: “ É para ti meu querido”, perante um coro de palmas e risadas.
Depois desta grave “facada” na sua fama de grande galã, penso que, durante uns tempos, o Valdemar teve grandes dificuldades em conseguir namorada e o assédio à sua pessoa terá mudado de “clube”.
Rui Pinheiro
Um Comentário
Celcidina Pires Gomes
Só tu Rui !!!!!