Retornados ou os restos do Império
Quase cinco décadas após o processo de descolonização, as memórias daqueles que regressaram das antigas colónias portuguesas, especialmente de Angola e Moçambique, continuam permeadas por sombras. Estas sombras ressurgem, insistentes, sempre que se tenta relegá-las ao esquecimento.
Cada relato é único, revelando dramas e emoções que, embora atenuados pelo tempo, jamais foram completamente dissipados. Buscamos trazer à luz estas narrativas individuais, inserindo-as no contexto histórico apropriado. Nosso objetivo é contribuir para a compreensão de um dos eventos que profundamente influenciaram a sociedade portuguesa nas últimas décadas: o processo de descolonização, o consequente retorno ao país dos deslocados das ex-colónias, sua reintegração em uma democracia nascente e os desafios persistentes que enfrentam.
“Retornados ou os restos do Império” é um documentário que compila diversos desses testemunhos pessoais, oferecendo uma perspetiva rica e multidimensional sobre o tema.
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9 Comentários
Firmino Fonseca
Não houve “descolonização” nenhuma! Houve sim uma entrega de Angola e Moçambique a movimentos marxistas leninistas – MPLA em Angola e Frelimo em Moçambique – através do PCP e dos radicais esquerdistas do MFA. Pouco se interessaram em desfazer as vidas de centenas de milhares de cidadãos Portugueses, que ajudaram a desenvolver esses territórios e a criar riqueza e postos de trabalho. Tudo isto os Governantes Portugueses de esquerda da altura preferiram ignorar! Isto é, as Colónias foram “boas” para serem explorados por Portugal até uma certa altura! Quando deixou de ser conveniente, abandonaram vergonhosamente os Portugueses de África à sua sorte! E depois ainda falam em “descolonização exemplar”… Destruíram a vida de centenas de milhares de pessoas, isto para não falar do que se passou a seguir às independências que Portugal decidiu fazer à pressa – as guerras entre os movimentos de libertação que em Angola deixaram 2 milhões de mortos e em Moçambique 1 milhão de mortos. E chamaram a isto a “descolonização exemplar”, segundo o que eles dizem. Esquecem-se deste facto – 3 milhões de Africanos mortos e milhares de Portugueses barbaramente assassinados nos dias/meses antes das independências! Os políticos portugueses da altura certamente consideraram isto talvez como meramente “danos colaterais…”. Foi a maior tragédia da História de Portugal. Contrariamente ao que fizeram todos os outros países Europeus colonizadores em África, Portugal foi o único que não pagou indemnizações aos Espoliados do seu Ultramar! Uma vergonha total!
Nino ughetto
Assim vai o mundo,Depois de ler os comentarios ,nào sei mais o que dizer,… Minha infancia com a minha familia foi maravilhosa ,muito humilde e simples, mas,muito boa sobretudo quando por algum tempo, estive aos cuidados da minha querida avo ,que vivia numa velha casa de madeira e zinco. com galinhas e patos no quintal…Jà tenho no canto dos olhos as làgrimas que chegam…Depois os anos passaram e …enfim, nào eramos nada ricos mas fefizes, aos 6 ou 7 anos fui para o colégio da Namaacha, O director o padre Reis ,e outros Padre Leite, Miguel, Sr.Pinto; enfim tanta gente boa.. e o tempo foi passando Estive tambem na Correia da Silva, Maristas e escola Comerciam perto da Pastelaria Cristal, e o tempo foi passando, e eu fazendo asneiras de criança e de adolecente, até ser chamado para a tropa…em 1964…De Boane fui enviado para o Norte “65””Nampula, e segui para Marrupa.directamente e depois missoes atras de missoes Vila Cabral Niassa, Tete e outros como Mueda e Mocimbua da Praia.. e tudo isso aconteceu, pois deicharam:me dois anos em zonas de “chamem o que quizerem a riscos ,de guerra de combate etc, o que sei é que perdi desenas de amigos ,colegas da escola etc… e tudo isso para para qué ??? Para esses governantes entregarem o Pais e abandonarem toda populalaçào nas màos da Frelimo… Tive que “”fugir” Nào ! eu nào parti..fugi. em 75 por saber que estavam à caça de antigos combatentes.. Sim tudo perdi… A familia, os amigos os conhecidos, o trabalho Tudo tudo tudo..Quase toda ..Minha familia ficaram,ainda por muito tempo Minha Màe querida sabia que eu é que estava em perigo .Depois de Port fui para Italia.. com ajuda”moral e apoio do meu muito querido Pai sobrevivi, numa pequena aldeia ” mais ou menos quatro meses depois recomecei a vida em França, …
Nào fiquei em Portugal TUDO era confusào… havia centenas ou milhares de pessoas chegadas de toda Africa..”Moç Angola e .. sei là sabia que nào teria nenhuma oportunidade ou sonho de poder trabalhar , ninguém poderia fazer nada por mim como refugiado…A vida nào foi facil para …nào digo para mim.. direi nào foi facil para ninguém.. e cada um sabe de si ! Hoje estou com 80 anos, Tudo passou e tudo vai acabar… So as recordaçoes ficam gravadas até … …com a graça de Deus tenho ainda saude,uma excelente esposa tres filhos e nove netos. Um abraço
Orlando Valente
Amigos conterraneos. Todos nos sabemos que fomos vitimas de um genocidio. Hoje, com 81anos de idade, nascido em 1943 na ILHA DE MOCAMBIQUE, consegui escapar do genocidio… com 32 anos de idade, tudo deixei… sim, fugi da minha terra que me viu nascer, mas fugi como se fosse um LADRAO… fugi pela JANELA da minha propria terra… nada mais pretendo dizer… muita coisa teria de contar… mas, foi tudo como um sonho … estou muito FELIZ… porque Mocambique afinal veio comnnosco… ele esta presentemente na nossa mente, precisamente quando de la partimos… e com ele, a nossa querida mae LOURENCO MARQUES tambem veio e continuam, a ser aquela menina bonita, muito airosa… que todos nos apaixonamos pela sua formosura… com um belo sorriso… sim, com um sorriso… de mulher! E quando nos meus poemas me recordo de voces, sao precisamenten os momentos que falamos… e estou ciente,. que os teus filhos quando lerem este meu comentario, se conectarao convosco, porque voces, estao e estarao sempre connosco no nosso pensamento…
Nino ughetto
Ola, gostei de ler um pouco do teu comentario. Deus te abençoe Um abraço
JOSÉ MANUEL
Boa noite,
Por acaso não é marido da Natália de Viana do Castelo, sobrinha do Sr Amadeu e da D. ANA DO Chinde?
Forte abraço
JOSE BRAGA BORGES
Granda reportagem! Bem clara e explicita! Foi o que se passou e pelo qual todos nos passamos!
P.R.
Bom tarde desde Bissau.
Estão 40o
Desde que haja cerveijas está tudo bem.
Sou retornado de Angola do ultimo avião antes da independência eu e a minha família.
É preciso voltar e passar mais uns anos em Africa independente para entender a coisa…
Os que não poderam voltar … nuca conseguem entender o fim do Imperio…
Abr
Luis 'Manduca' Russell
Vivam, african(a)s, como eu,
Quando vou dar uma volta de bicicleta, às vezes passo por um quintal onde estão galinhas, galos (com quem entro em despique, porque tenho a a mania que os sei imitar na perfeição), um porco (preto), dois cabritos (brancos) e patos (de várias cores). Fico a observá-los por alguns instantes.
As galinhas comem da mesma abóbora que o porco, os patos dormem encostadinhos às galinhas (o porco também gosta de dormir agarradinho a um dos cabritos… enfim… não se ponham com ideias…), nunca vi ninguém andar à bulha… provavelmente porque são seres inteligentes e tentam aproveitar o pouco tempo de vida que temos nesta passagem pelo planeta Terra.
Quanto a nós, seres humanos, que dominamos este planeta há pouco mais de 150 mil anos (os dinossauros dominaram-no por mais de 200 milhões de anos e extinguiram-se…), já demos cabo da Terra e agora estamos já a pensar em destruir outros planetas.
E é o que se vê: temos várias ideologias, umas tentam (e estão a conseguir) fazer com que vivamos todos na pobreza e miséria, abaixo de um limiar digno – e para isso andam a distribuir armas e destruição por certas partes do mundo há várias décadas; outras tentam explorar ao máximo os seres humanos mais vulneráveis, por causa da ganância, do poder e do dinheiro (que vão com certeza levar para o caixão), usando também armas bélicas e outras quiçá mais perigosas; e ainda outras cujo entretenimento é discutir casas de banho, quem está mais à direita ou mais à esquerda, quantas letras deverá ter determinada sigla, entre outros assuntos que, com certeza, na sua perspetiva – legítima e respeitável como qualquer outra -, são fundamentais para a nossa vida.
O(a) contribuinte paga (e depois ainda vamos votar – e, portanto, doar mais algum dinheiro…) para algumas pessoas, iluminadas por algo superior, fazerem as suas habilidades…
Enfim, o Eisntein, infelizmente, continua a ter razão: “Infinito é o universo e a estupidez humana; e sobre o universo ainda há dúvidas”.
Despeço-me com amizade, até à próxima oportunidade – sejam felizes!
P.S.: O meu pai reclamou contra o IARN quando lhe deram 1200 escudos à nossa chegada a Lisboa em 1977, vindos de Maputo. Gostaria, de alguma forma, de pedir desculpa e agradecer ao IARN e a quem nos ajudou, muito ou pouco, porque fizeram o que estava ao seu alcance para que este país único e precioso pudesse acolher os denominados ‘retornados’ e também os refugiados como eu (muitos continuam a vir para cá, 50 anos volvidos). Merecem o meu respeito e gratidão.
Tim Serras
Hoje, quase 50 anos passados, e ainda nenhuma quizumba tuga assumiu o tremendo erro da chamada “descolonização “, nem pediu perdão pela morte de milhares (quiçá milhões) de PORTUGUESES de pele clara, castanha e a maioria escura devido à incompetência, cobardia, e má fé desse grémio de sanguessugas que infelizmente ainda governa Portugal. 500 anos de presença apagados num abrir e fechar de olhos e o Mundo ainda por cima aplaudia. Não me estranha ter um Guterres a ONU como macaco chefe. Assim vai o mundo.