O CASACO
Nas equipas de desporto há sempre alguém que, pela sua singularidade, se vê envolvida em situações caricatas, mesmo que algumas delas sejam provocadas pelos próprios colegas que, de uma forma “venenosa”, se aproveitam da sua ingenuidade.
Esta história passa-se numa digressão que a seleção nacional de basquetebol efetuou aos EUA nos anos 70 em fazia parte da equipe um jogador que não falava nada de inglês e que pretendia, a todo o custo, comprar um casaco.
O problema é que a sua capacidade de decisão sobre o que queria era praticamente nula e com isso já tinha percorrido mais de uma centena de lojas e sem nunca encontrar nada que lhe servisse ou gostasse. Claro que isso aliado ao fato de ter recorrido a praticamente todos os colegas para o ajudarem no inglês, já estava a causar grande cansaço e especialmente tédio em todos nós. A paciência estava a esgotar-se com tanta indecisão.
Chegamos a um ponto em que o nosso amigo já só recorria ao seu “mentor”, aquele colega que já referi como o mais “mafioso” da equipe que, com a sua inoperância na língua inglesa, também não se mostrava grande ajuda.
Certa noite, após mais um dos encontros que efetuámos, fomos convidados pela organização para um jantar num dos restaurantes mais “in” da cidade onde nos encontrávamos. Era uma noite bem fria em que a neve tinha feito a sua aparição e a utilização de casaco era imprescindível.
Ao entrar no restaurante, muito bonito e acolhedor, deparávamo-nos com um hall de entrada espaçoso em que, do lado esquerdo, se podia ver um enorme bengaleiro, onde os clientes colocavam os seus casacos. Logo após, descíamos uns 2/3 degraus e acedíamos a zona das mesas, da qual se via perfeitamente o dito bengaleiro.
E com quem entra o nosso amigo no restaurante? Como sempre com o seu “mentor”.
Aí veio ao de cima toda a imaginação e “veneno” do nosso colega. Virando-se para o nosso “personagem” diz-lhe: “Estes americanos são uns negociantes de primeira… Olha ali casacos em segunda mão à venda. Vê lá se algum ter serve”.
Claro que o nosso amigo não hesitou um segundo e lá foi ele. Deixo à vossa imaginação a cara dos clientes presentes quando viram aquele rapaz de quase dois metros a experimentar os seus próprios casacos.
A cena só viria a terminar com a intervenção do chefe de sala, apesar da muita dificuldade que teve em se fazer compreender, pois o nosso amigo não falava nada de inglês, o que mais gargalhadas provocou no seio da nossa equipe que, quais “cobras venenosas” se encontravam todos sentados a apreciar o espetáculo…!
Um Comentário
Wanda Serra
ADOREI esta maldade carinhosa …..
Wanda Serra