O Restaurante Piri-Piri
Por Manuel Terra
Na relembrança remanescente, de recordar um paraíso que recuso esquecer, fico com a sensação que por momentos o passado e o presente se resumem num só tempo, fruto do mórbido vício de desafiar as memórias sempre que o ensejo o proporciona.
O meu flash de hoje suporta a imagem do inesquecível Restaurante o Piri-Piri, que se situava no cruzamento da Av. 24 de Julho com a António Enes (Julis Nyerere) na zona da Polana, a mais excêntrica da cidade.
Referenciado pelos seus atributos gastronómicos, o Piri-Piri (hoje com um novo visual) aos domingos encontrava-se sempre superlotado e só com muita dificuldade se achava uma mesa vazia. Todos os que se consideravam uns bons garfos, tinham certamente no seu currículo aquele estabelecimento de restauração.
Partilhei, assim como muitos laurentinos dos seus divinais repastos em festas ou convívios, onde se comia a melhor galinha à cafreal,
o bife à moda da casa ou os apetecíveis camarões grelhados no carvão.
Refeições sempre acompanhadas de cerveja Laurentina ou 2M, beberricadas apressadamente para abafar o ardor picante, que os lábios não suportavam.
Para facilitar a digestão do banquete, nada melhor do que atravessar a longa artéria que dava acesso à zona das praias e caminhar pelo magnifico Miradouro sempre belo e apaixonante,
ornamentado de eternas trepadeiras floridas enroladas em estruturas de madeira, que se estendiam aos seus belos varandins avançados, construídos em semicírculos.
Aquele pulmão verde, era um ótimo refúgio para o intenso calor que se fazia sentir e onde se respirava tranquilidade e bem estar. Do seu mirante podia-se contemplar a longitude do mar.
Como era necessário gastar o tempo, o percurso estendia-se até à rampa do Caracol, palco de memoráveis provas de automóvel e ciclismo.
No regresso, a passagem pelo Pub a Canoa para relaxar e beber um whisky ao som de uma musica em tom baixo e agradável ao ouvido. Como é gratificante saber que locais tão emblemáticos como estes, resistiram à erosão dos ventos humanos e continuam firmes nos lugares de sempre.
São de fato todas estas visões do passado, que me recordam que um dia tive a felicidade de sentir outra forma de vida.
Manuel Terra
4 Comentários
João Morgado
Frequentei várias vezes este restaurante no passado 1971/1972 pois vivia na António Enes. No regresso viajei para a Beira no mesmo avião com o filho (penso que era filho) do dono do Piri-piri que ía assentar praça. Belas recordações.
Moutinho
bom dia ,alguém conheceu o José Mendes natural de são Mamede do Coronado ,Portugal que trabalhava no restaurante PIRI PIRI?
antoniosergio
O Piri Piri,era, e continuará a ser uma referência,gastronômica da gastronomia moçambicana do Rovuma ao Maputo!Estive em Maputo ao abrigo da cooperação internacional no tempo do Presidente SAMORA MACHEL,e como devem saber,era um tempo muito dificil , pois o País passava por dificílimas dificuldades,em todas as áreas sem excepções! Nós cooperantes, eramos por força das circunstâncias uns privilegiados,pois quase todos estávamos em hotéis,(há excepção dos camaradas cubanos)mas para fugir á rotina do hotel onde me encontrava(Polana)muitas vezes ía com amigos ao celebérrimo PiriPiri! Boas petisqueiras…e muito bem regadas com Laurentinas! Tenho saudades desse tempo,da reconstrução nacional,e muito boas lembranças do Presidente Samora,com quem falei algumas vezes, A LUTA CONTINUA!
Valentim Mártires
Que bela descrição que o sr. Manuel Terra fez daquele cantinho, pois não tive a felicidade de conhecer o pub Canoa, mas conheci e fui comprar muitas vezes o celebre frango a PIRI PIRI…que saboroso que era e acompanhado de cerveja bem gelada…