“UMA DATA NA HISTÓRIA” – 13 de Outubro de 1924… Centenário do Clube Ferroviário de Moçambique
Junto do Matadouro (velho) havia uma cantina onde se jogava o chinquilho, e ali se reunia, nas horas vagas, o pessoal da Tração que cultivava aquela modalidade de jogo. Perto havia o campo de futebol do Sporting Clube de Lourenço Marques (mais tarde campo de treinos do 1º de Maio) onde se disputavam os campeonatos da Associação local. Um dia do mês de Setembro de 1924, à porta dessa mesma cantina, abria-se uma quota entre indivíduos para a compra de uma bola e a respetiva bomba de ar. E assim nasceu o Clube Ferroviário de Moçambique. O seu nome de parto era Clube Desportivo Ferroviário.
Da compra da bola nasceu a ideia de se fundar o clube. O teor da primeira acta rezava assim:
“Aos 13 de Outubro de 1924, pelas 20 horas, reuniu-se na casa nº. 13 da Vila Mouzinho, um grupo de ferroviários que deliberou fundar em Lourenço Marques uma associação desportiva, denominada “Clube Desportivo Ferroviário”, destinada a exercer o desporto e a beneficência”. Esta descrição da génese do Ferroviário vem inscrita no “Livro de Ouro do Mundo Português “.
O casamento do clube com os Caminhos de Ferro, entanto que empresa, dá-se em 1931, quando a Administração Ferroviária “delega o clube para trabalhar na educação física dos seus funcionários”.
De lá para cá o Ferroviário viveu uma trajetória de edificação de si mesmo à sombra tutelar da empresa. O primeiro campo, iluminado exemplarmente por via da quotização dos sócios, à semelhança do Estádio da Machava (na altura Estádio Salazar), foi erguido em 1944, tal como a atual Sede em Maputo.
A primeira sede do Clube Ferroviário de Moçambique
A sede atualmente e construída uns anos depois da primeira
UM LEGADO INVEJÁVEL
Em meados da década de 60, o clube era já um monstro no portfólio do desporto do Moçambique colonial. Para além do futebol, o Ferroviário lançou-se ao atletismo, basquetebol, ciclismo, ginástica, hóquei em patins, minibásquete, natação, ténis de mesa, tiro, etc. Chegou a ter uma escola de música e de dança. Em 30 de Junho de 1968 inaugurou aquela que é ainda hoje a maior infraestrutura do desporto moçambicano: o Estádio da Machava.
Na atualidade, o Ferroviário detém o maior parque desportivo de Moçambique. Não existe Província sem clube de seu nome. Já nos anos 70, o clube tinha 21 delegações pelo País fora. De Gondola ao Lumbo. De Iapala a Mutarara. Em Malema, na Manga, em Magude, etc. E parques desportivos: o Pavilhão de Desportos da Beira, que inclui uma piscina olímpica,
o Pavilhão de Desportos de Nampula,
também com piscina,
a piscina de Gondola,
para não mencionar o grandioso complexo localizado na capital do país, Maputo.
Se os CFM ajudaram a que o império desportivo dos trabalhadores ferroviários crescesse de forma impoluta, beneficiando os próprios trabalhadores, estes também viram a empresa a construir por todo o País uma obra social de vulto, obra essa que hoje continua erguida. Já em 1964, contavam-se 12 edifícios sociais, entre bairros residenciais, lares de estudantes, pousadas para trabalhadores, bares, restaurantes, enfermarias para trabalhadores doentes e até centros de formação profissional.
Assim é que encontramos na Praia do Bilene uma estância balnear e em Inhambane a Escola Ferroviária de Moçambique (hoje Escola Superior de Hotelaria e Turismo), inaugurada em Março de 1971. Este legado, hoje, é tido pelos trabalhadores também como seu património. Importante na história da empresa, ele está no coração de todos os ferroviários e é memória viva do suor dos muitos moçambicanos que deram o seu máximo pela empresa desde 1885.
- O Clube Ferroviário comemorou no dia 13 outubro de 2024, 100 anos de existência. Parabéns aos dirigentes, técnicos, atletas, associados e simpatizantes dos “locomotivas” pelo seu centenário.
Fontes: “Livro de Ouro do Mundo Português”
Texto de João de Sousa adaptado
7 Comentários
Manuel Martins Terra
Parabéns ao CFM, pelo seus 100 anos de existência e pela sua brilhante folha de serviços em prol do dersporto em Moçambique. Pela força e querer da família ferroviária foram-se alastrando ao longo do território e criando delegações despotivas e promovendo diversas modalidades com elevada distinção. Construiram património valioso, testemunhado pelo moderno e bem equipado Estádio Salazar, ao que penso tratar-se do primeiro estádio português com marcador eletronico., para além das pistas de atletismo e ciclismo. Apesar de ser atleta do GDLM, joguei muitas vezes em horas vagas basquetebol em jogo de amigos no seu excelente recinto exterior já equipado com tabelas de fibra de vidro, e em competição oficial também efectuei lá alguns jogos. Tinham uma excelente sede e apesar de velhinho o seu campo Eng. Freitas e Costa, tinha uma excelente traça. Que grandes equipas de Futebol, Basquetebol e Hóquei em patins tiveram, com honras também para o Atletismo, Natação, Tiro, Ciclismo e Ginástica. Nesta hora de festa, é justo consagrar todos aqueles agentes desportivos e associados, que contribuiram para o engradecimento do Clube Ferroviário de Moçambique.
José Alexandre Bártolo Wager Russell
Parabéns para esse grande clube moçambicano, e que tenha muitos anos de vida desportiva com sucesso.
josé carlos alves da silva
Milhões de felicidades e parabéns pela linda data de aniversário. Venham mais 100. Representei o Ferroviário de Quelimane, que luxo, uma Honra, depois SQBenfica. Tive previlégio de conhecer o Ferroviário de LM, com craques Samuel, Carvalho, Eustacio Dias,….. Um regalo. Parabéns Ferroviário
Júlio Gil Agostinho
Estou muito feliz pelo centenário do clube do meu coração, que tive a honra de o representar nas modalidades de Basket e de Tiro.
Manuel Batista
O meu clube de coração.
Vivi muitos dias de alegria.
Viva o Ferroviário.
Manuel Jorge Pereira Batista
Nino ughetto
Tudo passou tudo acabou. é triste de recordar…
Luis 'Manduca' Russell
Serei Alvi-Negro até morrer, mas também gosto do Ferroviário e tenho boas memórias de bons momentos passados naquelas icónicas instalações em Lourenço Marques – parabéns pelo centenário!