“UMA DATA NA HISTÓRIA” – 15 de Fevereiro de 1924… Ricardo Rangel
Em vida Ricardo Rangel orgulhava-se de dizer que “tenho a maior discoteca de jazz de Moçambique”. João de Sousa, comprovou isso quando, na preparação duma entrevista que lhe fez, ele convidou-o para sua casa. Nessa altura constatou que nem só de jazz vivia o RR. Na sua enorme coleção de discos de 33 rotações podia-se encontrar kwelas, rumbas, canções africanas, rock, mambo… enfim, de tudo um pouco. Ricardo dizia que todos esses géneros tinham ligação com o jazz.
O gosto por este estilo musical vem dos anos 30 e 40. A primeira sessão de jazz onde participou, juntamente com o jornalista Domingos de Azevedo e com o irmão Mário de Azevedo foi no período da guerra. Naquela altura chegavam ao Porto de Lourenço Marques navios que permaneciam por cá vários meses. Alguns dos oficiais desses navios eram músicos de jazz. Eles traziam consigo os “V-DISC”, (Discos da Vitória), produzidos pelo Departamento da Marinha de Guerra Americana, sendo que a maior parte desses discos eram de jazz e serviam de entretenimento às tropas americanas envolvidas na Segunda Guerra Mundial e estacionadas em diferentes partes do mundo.
Outro dos aspetos que motivou Ricardo Rangel a gostar de jazz tem como ponto de partida um programa que na época era transmitido pelo Rádio Clube de Moçambique, baseado fundamentalmente nos pedidos que eram feitos pelos ouvintes. Ricardo Rangel participou várias vezes nesse programa. “João de Sousa e o Zé Craveirinha pedíamos sempre para ouvir o ONE O’CLOCK JUMP da orquestra de Count Basie”.
RR tinha uma grande predileção pela música das grandes orquestras, sendo que uma delas era a dos “Irmãos Dinis”, considerada a melhor orquestra da cidade de Lourenço Marques e de Moçambique, formada por 14 figuras, que tocou nos programas de auditório do Rádio Clube de Moçambique e em muitos outros eventos.
Este Ricardo Rangel, cujas vivências musicais estão aqui registadas, nasceu no dia 15 de Fevereiro de 1924. Se fosse vivo completaria hoje os seus 97 anos de idade.
Fonte: Arquivo do BigSlam – Texto de João de Sousa adaptado.
3 Comentários
Manuel Martins Terra
Ricardo Rangel, um ícone que marcou uma época , quer a nível da seus brilhantes instantâneos fotográficos, quer ao serviço do jornal Notícias e também integrado na secção fotográfica da jovem Revista Tempo. Era na verdade, também um apaixonado pelo jazz. Paz à sua alma.
António Amorim Lopes
MAIS UM GRANDE MOÇAMBICANO QUE É LEMBRADO COM MUITA SAUDADE. OU NAO FOSSE ELE RESPONSÁVEL POR ACTOS INESQUECIVEIS DE SUA AUTORIA.
Victoriano Nazareth
São inesquecíveis as suas reportagens fotográficas na revista Tempo, onde pontificava também o Kok Nam.