UMA DATA NA HISTÓRIA – 6 de Janeiro de 1951… Bonde Jorge Escova
Escova, como carinhosamente é tratado pelos seus colegas, nasceu no Posto Administrativo de Mucosa, distrito de Gorongosa. A sua mãe Carlota Sande e o seu pai Jorge Escova, dedicaram o nome Bonde em homenagem aos avos paternos.
Mesmo enfrentando várias dificuldades, aprendeu a ler e a escrever, conseguindo desta forma fazer a sua 4ª classe do antigo sistema de ensino escolar. Escova passou maior parte do seu tempo no distrito de Gorongosa, onde frequentou a 1ª classe na Escola Capela do Cava e de 2ª a 4ª classe na Escola Missionária Cristo Rei, a actual Escola Secundária Cristo Rei da Gorongosa.
Em 1973 trabalhou como como caixeiro na empresa “Lomaco”, que se dedicava à comercialização de algodão e milho, onde permaneceu por cerca de 23 anos. No exercício das suas actividades, atravessou os piores momentos de Guerra Civil Moçambicana, um conflito que teve inicio em 1977, dois anos após a independência de Moçambique, o que contribuiu para o abandono do seu trabalho.
No ano de 1996 ingressou no Parque Nacional da Gorongosa, numa primeira fase como eventual. Tempos depois foi chamado para treinar e trabalhar como fiscal no Departamento de Conservação do PNG e no mesmo ano escolhido para chefiar o posto de Civeta na localidade de Mussicadzi, Distrito de Gorongosa e Tica no Distrito de Nhamatanda.
No decorrer das suas actividades laborais, Escova enfrentou sérios problemas de saúde que felizmente foram superados graças ao apoio que recebeu dos seus colegas e da Direcção da Empresa.
Em 1999, passou a trabalhar no Posto de Panga-Panga, área da fiscalização que dista a 18 quilómetros de Chitengo no Parque Nacional da Gorongosa, onde permaneceu por cerca de 15 anos até a sua reforma.
Escova ficou de repouso por 3 anos e em 2014 foi contactado no sentido de apoiar em algumas actividades, tendo sido indicado para trabalhar nos portões que dão acesso ao Parque e às comunidades localizadas nos arredores do Parque.
Na sua opinião o combate contra a caça furtiva e o desmatamento são os maiores desafios, sendo de sublinhar ainda a dificuldade de trabalho na época chuvosa pois as zonas ficam inundadas. “É difícil caminhar em zonas inundadas à procura de um furtivo. Podemos ver o caçador furtivo mas os caminhos para chegar até ele é que são difíceis”.
Escova diz estar satisfeito em trabalhar para o Parque e principalmente na luta pela conservação da biodiversidade do Parque Nacional Gorongosa. Esta alegria é espelhada nos elogios que recebe por parte dos seus colegas de trabalho pelos longos anos de carreira.
Escova nunca imaginou que um dia pudesse trabalhar no Parque Nacional da Gorongosa apesar de nascer e crescer no distrito da Gorongosa. No meio de tanta felicidade, Escova diz que um dos seus maiores sonhos é conhecer Maputo a cidade capital do país.
Bonde Jorge Escova, é hoje marido e pai de 10 filhos e 27 netos. Nasceu no dia 6 de Janeiro de 1951. Comemora hoje os seus 70 anos de idade.
Fonte: portal do Parque Nacional da Gorongosa
Um Comentário
Manuel Martins Terra
Feliz aniversário para Bonde Escova, que foi trabalhando com muita dignidade e a merecer o respeito de todos com quem laborou. Não é fácil trabalhar num parque natural,no caso da Gorongosa, onde infelizmente se vão introduzindo caçadores furtivos, que vão dizimando espécies , para lhe extrairem o marfim, vendido depois nos mercados negros a um preço especulativo. Infelizmente isso vai-se tornando num hábito e, quer nos aeroportos da Beira e de Maputo, as autoridades mocambicanas a espaços têm vindo a apreeder quantidades consideráveis do afamado produto. Pelo seu esforço, o Senhor Bonde Escova, bem merecia que a sua empresa para quem trabalhou, lhe desse como prémio uma viagem até à capital.