Nome (completo): Francisco Andrade Amiel.
“Alcunha” ou nome pelo qual és conhecido entre os amigos: Amiel.
Data de nascimento: 20/01/1996.
Natural de: Lisboa.
Filho de: Álvaro Florent Amiel (Beira – Moçambique) e Leonor Januária Amiel (Lisboa).
Altura: 1.88m.
Peso:80 kg.
Percurso desportivo:
Aonde e quando iniciaste a tua actividade desportiva? Primeira vez que joguei basket foi na Ilha da Madeira, quando o meu pai treinava o CAB. Tinha 3 anos e a minha primeira treinadora foi a Carmo Fernandes.
Depois, voltei ao basket com cerca de 7 anos, desta feita no Basket Almada Clube (BAC).
Alguém (quem) te influenciou a escolher esta modalidade? O meu pai.
Com que numero na camisola jogavas em Portugal e agora nos Colgate? Em Portugal sempre gostei de jogar com o 7, mas como aqui nos Estados Unidos isso não é possível, jogo com o 30.
Descreve uma situação caricata que tenha ocorrido em campo ou numa prova:
Um jogo o ano passado, quando estávamos a perder por 2 com cerca de um segundo para acabar, e sem posse de bola. Na reposição conseguimos roubar a bola e lançar logo de seguida do meio campo e, apesar da bola ter entrado, o que nos daria a vitória, o lançamento foi feito um milésimo de segundo após a buzina, de acordo com o video. Agora não passa de uma situação caricata, mas na altura foi sem dúvida uma derrota dura de digerir.
Recorda alguns dos momentos mais marcantes e o mais frustrante na tua carreira desportiva:
Mais marcantes:
- Ter atingido uma Final 4 com o BAC, o clube onde cresci e passei a grande maioria da minha carreira.
- Ter sido campeão nacional de selecções distritais.
- Jogar pela Selecção Nacional.
- A estreia na Liga Profissional pelo Algés.
- De entre todas as 300 e muitas equipas na NCAA 1, ter tido a oportunidade de me estrear no campeonato universitário contra a equipa de um amigo e o único outro português que na altura jogava no mesmo campeonato, o Daniel Relvão.
Mais frustrante:
- Por tantos momentos bons, há sempre alguns maus, mas se tivesse de escolher o mais frustrante mesmo, seria muito provavelmente a derrota do ano passado na final de conferência contra Bucknell.
Quais os teus ídolos na tua modalidade de eleição? A crescer em Portugal, sempre gostei imenso de ver o Carlos Andrade a jogar, por tudo o que trazia ao jogo.
Em termos mais globais, gosto muito do LeBron James e do Kyrie Irving.
Quais os clubes que representaste? CAB Madeira, Basket Almada, Algés e Universidade de Colgate.
Durante todos estes anos, fiz também parte dos Centros de Treino Nacionais, onde treinava durante a semana com os restantes atletas seleccionados, nomeadamente no CNT Paulo Pinto, durante um ano, e no Centro de Alto Rendimento do Jamor, durante 2 anos. Como disse anteriormente, também tive a oportunidade de representar as selecções jovens nacionais onde, em 2010, me estreei, curiosamente, em Moçambique, nos Jogos da CPLP no escalão de sub16.
Quantas internacionalizações tens? No total tenho 76 internacionalizações.
Faz um resumo da tua atividade como atleta e estudante universitário:
Como já referi, joguei basket pela primeira vez no CAB.
Passado uns anos e já no continente, comecei a jogar basket no BAC, onde estive durante cerca de 10 anos até me ter mudado para o Algés, com 17 anos. Joguei no Algés durante 2 anos, e foi depois disso que ingressei na Universidade de Colgate, no estado de Nova Iorque, onde cheguei no Verão de 2015.
Na universidade, eles dão a opção de tirarmos 2 licenciaturas se quisermos, e por isso mesmo, eu estou a tirar um curso que pode ser traduzido como Engenharia do Ambiente, e também Espanhol, como segunda licenciatura. Os grandes fatores que me levaram a escolher esta universidade foi a oportunidade de jogar ao mais alto nível do basquetebol universitário nos Estados Unidos, aliado a uma instituição que é extremamente reconhecida pelo seu prestígio académico.
Este vai ser o meu quarto e último ano, ou senior year, como eles dizem aqui. Fiz os 4 anos sempre na mesma universidade, onde temos alcançado melhores resultados desportivos todos os anos, tendo ficado à porta do March Madness a época passada, quando perdemos na final de conferência. Tendo ganho, teríamos participado no March Madness.
Mesmo assim, foi uma época repleta de bons momentos, onde batemos o recorde de vitórias, desde sempre, na história do programa. Em termos de resultados escolares, também têm sido melhores de ano para ano. Como já referi, a universidade é muito prestigiada a nível académico, portanto a adaptação aos estudos e à intensidade com que a matéria é ensinada não foi fácil de inicio, mas agora que já estou aqui há 4 anos, sinto que aprendi como estudar mais eficazmente e, assim, ir obtendo melhores resultados académicos.
Conta um pouco da tua experiência pelo mundo do basquetebol universitário NCAA:
O basquetebol universitário sempre foi algo que sonhei experimentar e tem sido gratificante. Já tive oportunidade em jogar em pavilhões com mais de 30.000 pessoas e em pavilhões que, apesar de somente ter entre 1000-1500 pessoas, parecia que era uma arena de 50.000 aos gritos. A participação dos estudantes nestes eventos desportivos, principalmente em jogos de basquetebol e futebol americano, é sem dúvida uma das experiências que hei-de levar sempre comigo como uma das melhores memórias de jogar nesta competição, e basquetebol em geral. Para além disso, a oportunidade de viajar por todo o país para jogar, assim como as relações que se vão criando ao longo desta viagem, são igualmente coisas de que me vou recordar para sempre.
Objectivos para a nova época?
Para esta época, o grande objectivo passa por concluir o que começámos a época passada e ganhar o título de conferência para ter a oportunidade de jogar no March Madness. A partir desse momento, é aproveitar a experiência ao máximo e, jogo a jogo, procurar tornar a nossa caminhada o mais duradoura possível.
Conselhos ou sugestões para os jovens basquetebolistas em Portugal e Moçambique, para um dia alcançarem uma bolsa idêntica à tua:
Costuma-se dizer que “o sonho comanda a vida”, e esse é mesmo o melhor conselho que posso dar. Se tiver realmente o sonho de ingressar nesta viagem, tudo o que se vai fazendo ao longo do caminho deve ser com a preocupação de se preparar o melhor possível, para que este sonho possa passar a ser uma realidade. Eu soube desde novo que isto era uma aventura que queria experimentar, e a partir desse momento, as decisões que fui tomando, tanto dentro como fora de campo, sempre tiveram em mente o sonho de uma dia poder participar no campeonato universitário aqui nos Estados Unidos. Vai haver sacrifícios e escolhas mais difíceis de se tomar, mas no final de contas, pelo menos pessoalmente, estou muito contente por ter de facto conseguido realizar esse sonho que tinha desde há muitos anos.
Momentos que recordas com saudade:
A ida a Moçambique foi, como já disse, a minha primeira experiência com uma selecção nacional. E das melhores recordações que tenho ligadas ao basket, muito por ter sido exatamente essa primeira experiência e toda a novidade envolvida no processo, mas mais ainda pelo facto de ter sido num país que me era tão familiar, mesmo sem nunca lá ter estado antes.
Curiosamente, o jogo que procedeu a cerimónia de abertura no pavilhão do Maxaquene e que abriu oficialmente os VII Jogos Desportivos da CPLP | Maputo 2010,
foi o nosso jogo de basquetebol contra a selecção de Moçambique. Escusado será dizer que aquele pavilhão cheio, com as delegações de todos os países e do publico presente, foi uma das experiências mais arrepiantes pelas quais passei num campo de basket. Atrás dos bancos de suplentes, toda aquela bancada estava preenchida por estudantes de escolas da zona Maputo, entre os 10 e os 14 anos provavelmente, que durante os 40 minutos do jogo fizeram tanto barulho que se tornou impossível comunicar dentro ou fora do campo.
Passados todos estes anos, e ao tentar relembrar-me do resultado final desse jogo, não tenho sequer a certeza de como terminou, mas a memória de todo o ambiente em volta dele é algo que acredito que nenhum de nós que esteve presente se irá esquecer.
Uma das razões porque digo que Moçambique é um país que me é tão familiar, deve-se muito ao facto de ter participado nos jogos dos Encontros de Moçambicanos da Figueira da Foz enquanto crescia…
7º Encontro de Moçambicanos – Basquetebol – 2006
Equipa: “Xiconhocas”
Em cima: Bruno Cristian, Gonçalo Carito, Nadim Cadir, Filipe Ribeiro e Nelson Serra (Monitor).
Em baixo: Diogo Ventura, Francisco Amiel, Carlos Phumo e Rúben Carvalho.
8º Encontro de Moçambicanos – Basquetebol – 2009
Equipa: “Canganhiças”
Em cima: Delfim Loureiro (Monitor), Tiago Pinheiro, João Loureiro, Victor Santos, Pedro Vieira, Nadim Cadir e Álvaro Amiel (Monitor).
Em baixo: André Loureiro, Filipe Dionísio, Francisco Amiel, Bruno Cristian e Rúben Carvalho.
O privilégio de poder ter jogado com tantas pessoas, de todas as idades, e que, de uma forma mais direta ou indireta estavam ligadas ao basquetebol moçambicano, foi sem dúvida uma das razões que tornou a minha ida a Moçambique tão especial. Foi também nestes Encontros que me fez perceber o quanto eu realmente gostava do desporto, e um dos grandes catalisadores para me ter envolvido tão seriamente em algo que tem guiado a minha vida desde então.
O BigSlam agradece ao jovem Francisco Amiel toda a sua disponibilidade e simpatia em responder a esta entrevista e deseja-lhe os maiores sucessos nessa sua caminhada pelo mundo do basquetebol!
Algumas imagens deste atleta, no basquetebol universitário americano NCAA:
Parabéns Francisco Amiel do nosso “Ponto de Encontro!” – www.bigslam.pt
4 Comentários
afamiel@hotmail.com
Obrigado Garito. Abraço.
afamiel@hotmail.com
Obrigado Fatinha.
Edgar Almeida
Parabéns ao BigSlam.
Considero esta uma grande reportagem.
A maioria dos meios de comunicação social reportam o negativo.
Quando li esta reportagem fiquei FELIZ, ORGULHOSO, BEM DISPOSTO.
Não conheço pessoalmente o LUTADOR, mas pelo que li merece o meu aplauso.
Os pais devem estar ORGULHOSOS.
Não consigo deixar de enviar AQUELABRAÇO ao meu amigo Amiel Pai.
Garito
Fatima Vieira Lopes
Parabéns, Francisco!!! Beijinho e abraço nosso…