“This is for everyone” (em português, “Isto é para todos”) começou com um mergulho de três minutos no Tamisa, percorrido em imagens desde a nascente até Londres, para partir para uma contagem decrescente com crianças a largar balões a cada segundo e os anéis olímpicos a subirem atados a quadro balões. E os Jogos Olímpicos estavam abertos, quando o ciclista britânico Bradley Wiggins, recente vencedor da Volta a França, tocou o sino olímpico, o maior sino harmónico do mundo, na antessala do espetáculo projetado pelo realizador Danny Boyle.
Aos olhos dos espetadores de todo o mundo abriu-se a “Green and Pleasant Land”, uma recriação de um espaço rural idílico, onde cavalos, gansos, galinhas e ovelhas conviviam com o britânico original, cantada por crianças.
Ao som da música das quatro nações – Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e Gales -, interrompida momentaneamente pela memória de William Shakespeare, a Inglaterra rural foi invadida pelo rufar de tambores, um prenúncio do “Pandemonium”.
Boyle celebrou, na segunda cena, o papel da Grã-Bretanha como berço da revolução industrial. Um céu coberto de nuvens testemunhou o crescimento de um novo país, repleto de máquinas, homens de negócios e os inevitáveis e complexos sinais do progresso.
Cineasta premiado pelo filme “Quem quer ser milionário”, o britânico não esqueceu a I Guerra Mundial, num momento de silêncio profundo que interrompeu por poucos segundos a vibrante cerimónia.
Depois da revolução das máquinas, foi a revolução da música a abalar os alicerces da Grã-Bretanha industrial, invadida pela luz dos anéis olímpicos, forjados a ferro e elevados ao céu, entre uma efusiva coreografia.
Ao céu de Londres subiram, numa chuva de fogo, os cinco anéis olímpicos, envolvidos por ecrãs pixelizados segurados pelos 70.799 espetadores, que seriam surpreendidos pouco depois por uma curta-metragem protagonizada pelo James Bond Daniel Craig e… a rainha Isabel II de Inglaterra, numa estreia absoluta no cinema. Do ecrã para a realidade, “Happy and Glourious” cumpriu a missão impossível de fazer “Bond” e a “rainha” saltarem de um helicóptero dos céus de Londres para um estadio olímpico pintado com as cores da bandeira britânica e que recebeu com um sonoro aplauso a entrada da família real.
Ao som de “God Save the Queen”, miúdos vestidos de pijama cantaram em linguagem gestual a entrada na quarta cena, “Second to the right, and straight on till morning”, uma homenagem ao serviço nacional de saúde — os figurantes são enfermeiros e médicos reais – e à literatura infantil, dado os autores de muitas figuras da literatura infantil, como Peter Pan, Mary Poppins, Winnie the Pooh, são britânicos.
Perseguidos pelos cruéis Voldemort e Cruela, os sonhos dos britânicos são salvos pela ama de todos, Mary Poppins, que adormece centenas de crianças até à conhecida música olímpica, interpretada ao piano por “Mr. Bean”, de seu nome Rowan Atkinson. “Frankie and June say thanks Tim”, ou seja, a Grã-Bretanha moderna, da chuva, das séries que correm o mundo e da música, são a cena que se sucede, numa viagem das últimas décadas do século XX até hoje, com direito a 600 pastilhas elásticas como adereços e aos grandes “hits” britânicos.
De Rolling Stones a Beatles, passando pelos Queen, Eurythimics, Prodigy, Muse, Amy Winehouse, os figurantes do espetáculo de Boyle fizeram um trajeto pela história musical antes das imagens nos ecrãs mostrarem o percurso da tocha olímpica até andar de barco com David Beckham.
Fonte: Lusa