BigSlam à descoberta de Portugal: Ponte 516 Arouca e Passadiços do Paiva
Muitas vezes vamos de férias para fora do país e esquecemo-nos de que em Portugal há lugares incríveis que merecem ser visitados. E foi assim que, desta vez, optámos pelo nosso país, tendo como principal desafio atravessar a Ponte 516 Arouca e percorrer os Passadiços do Paiva.
Como tal, no período de férias, partimos para Arouca, tendo ficado hospedados no Hotel Rural Quinta dos Novais;
está muito bem localizado, e é uma antiga casa agrícola de finais de século XVIII que se situa na freguesia de Santa Eulália, concelho de Arouca.
Alberga uma piscina exterior
e um jardim exuberante repleto de castanheiros e carvalhos.
Ainda possui uma habitação privada “Casa Ricardo” com dois quartos e cozinha, com capacidade até seis pessoas.
Os quartos deste hotel rural abrem para uma varanda com vista panorâmica para a Serra da Freita,
tem estacionamento gratuito no local e serve todas as manhãs um buffet de pequeno-almoço…
Deitámo-nos cedo na primeira noite, pois no dia seguinte iriamos atravessar a Ponte 516 e percorrer os Passadiços do Paiva, logo de manhã, às 8H00, na abertura da Ponte.
Se pensar fazer este magnífico passeio, programe com antecipação a sua visita. Os bilhetes têm que ser comprados com a devida antecedência na internet.
Era nossa intenção iniciar a visita à ponte 516 Arouca, por Canelas – Areinho. Contudo, para iniciar o circuito por este lado, têm que se percorrer 1200 metros desde o parque de estacionamento onde deixamos a viatura, até à entrada da Ponte.
É um percurso pedonal de dificuldade alta, em que é necessário subir 500 degraus de escadas, até chegar ao ponto de entrada da ponte. Em virtude do problema que tenho no joelho tinha receio desta subida inicial. Como alternativa, e por sugestão prévia do dono dos Táxis Barbosa, partimos de manhã cedo do hotel e deixámos a nossa viatura num parque improvisado de terra batida no fim dos passadiços, em Espiunca, e a viagem demorou cerca de 30 minutos desde o hotel.
A partir daqui, no táxi que tínhamos reservado, o Sr. Joaquim levou-nos até mesmo à entrada da Ponte, evitando assim a longa escadaria inicial. E foi a melhor opção, sem sombra de dúvida!
Já na entrada dos Passadiços do Paiva com acesso à Ponte, na companhia do Sr. Joaquim Barbosa.
Aqui fica o contacto dos Táxis Barbosa, para quem precisar e quiser seguir a sugestão:
Às 8H00 abriram-se os portões dos passadiços de acesso à Ponte 516 Arouca,
inaugurada em 2 de maio de 2021 e sendo a segunda mais longa ponte pedonal suspensa do mundo com 516 m de extensão, depois da ponte suspensa Baglung Parbat no Nepal.
O seu nome é uma referência à sua extensão em metros e ao município onde está localizada. Faz a ligação entre as duas margens do Rio Paiva e, percorrê-la, é uma experiência de adrenalina, ao mesmo tempo que nos deslumbramos com a vista panorâmica envolvente. Se não tens medo das alturas, esta aventura é para ti!
A Ponte une a vila de Alvarenga a Canelas, é um colosso da engenharia portuguesa e uma obra de destaque internacional. Aqui pudemo-nos deliciar com as vistas deslumbrantes sobre a Garganta do Paiva e a Cascata das Aguieiras…
A travessia faz-se nos dois sentidos. Tirámos umas fotos do lado de Alvarenga, considerada pelos seus habitantes como «capital do mundo», também apelidada de «princesa do Paiva» e de «capital do bife». De facto, o Bife de Alvarenga é um ícone incontornável da gastronomia arouquense.
Veja o vídeo sobre a Ponte 516 – Arouca:
Depois de voltarmos a atravessar a ponte no sentido inverso, iniciámos a visita aos Passadiços do Paiva, por volta das 9H15.
Estes foram inaugurados em 20 de junho de 2015; são uma série de passadiços pedonais de madeira do rio Paiva, considerados uma referência do turismo na região de Arouca. Os passadiços têm um comprimento de cerca de 8,7 quilómetros, com paisagens de cortar a respiração, de riqueza natural, biológica, geológica e arqueológica sendo estes argumentos que convidam os visitantes a perderem-se no trilho de madeira que serpenteia junto às margens do rio Paiva.
A nossa viagem ao longo de oito quilómetros de natureza em estado puro, começava aqui. Para trás ficava a Ponte 516.
Fizemos a caminhada no sentido Areinho – Espiunca pois o perfil do percurso é quase sempre no sentido descendente, tornando-se menos cansativo e permitindo usufruir melhor da paisagem.
Ao longo do nosso trajeto fomos apanhando bastante sombra o que tornou o nosso percurso bastante agradável.
Ao chegar ao Vau tivemos uma agradável surpresa: uma ponte suspensa de arame que permite ligar as duas margens do rio nesta zona, um pouco antes da Praia Fluvial do Vau.
Do cimo da ponte temos uma perspetiva do rio completamente diferente das margens, proporcionando lindas fotos.
Inserida na área protegida no Geopark de Arouca, a praia fluvial do Vau fica a meio do percurso e é uma das áreas mais apetecíveis para desfrutar das belezas do rio Paiva.
Aproveitámos para fazer aqui uma paragem mais prolongada e merendar…
Partimos, depois, para a última etapa deste magnífico passeio, sempre rodeados por paisagens lindíssimas…
Ao longo do percurso existem postos de telefone SOS, para qualquer eventualidade.
Chegámos, entretanto, à Gola do Salto, a plataforma de observação (Geossítio 31)
situa-se praticamente sobre o rio Paiva permitindo vivenciar e sentir a sua energia…
Este é um local excelente para a prática de desportos de águas bravas como o Rafting e o Kayak. É tecnicamente muito exigente, e tem alguns perigos sérios, devendo apenas ser descido por pessoas com experiência.
Continuámos a nossa caminhada e passámos por um afloramento de rocha dura, em que o passadiço a contorna e abraça.
O percurso foi feito quase sempre em passadiço de madeira com pequenas exceções em terra batida.
Um pouco mais à frente, uma série de bancadas de quartzito e filões de quartzo dão origem a uma sucessão de piscinas naturais…
Ao longo do passadiço do Paiva foram criados 9 Biospots para destacar algumas das espécies mais emblemáticas e comuns da diversidade de insetos e plantas. Aqui fica um exemplo:
E por fim chegámos a Espiunca; no final dos passadiços há o Bar dos Passadiços, ótimo para beber uma bebida fresca e retemperar energias
demorámos cerca de três horas a percorrer os Passadiço do Paiva (incluindo o piquenique junto à Praia Fluvial do Vau). Pelo caminho, parámos diversas vezes, para regularizar a respiração e, ao mesmo tempo, desfrutar da beleza das paisagens…
À saída do Bar dos Passadiços, junto à ponte da Espiunca, na margem direita do rio Paiva, está um dos mais importantes geossítios do Arouca Geopark – Falha da Espiunca.
A Falha da Espiunca ocorre no talude da estrada nas rochas mais antigas o Arouca Geopark. Estas rochas formaram-se há mais de 500 milhões de anos nas profundezas de um antigo mar, onde se foram depositando sedimentos, cujos estratos quartzíticos se encontram aqui bem percetíveis.
Fomos buscar a nossa viatura que deixámos de manhã no parque e regressámos ao hotel.
Para trás ficava a bonita freguesia de Espiunca.
Com o calor apertar, passámos o resto da tarde na piscina do hotel…
No dia seguinte, tomámos o pequeno almoço e, de seguida, partimos para o centro de Arouca a fim de comprar os Doces Conventuais (Barriga de Freira · Roscas de Amêndoa · Castanhas Doces · Ovos de Pega · Charutos de Amêndoa · Pão de São Bernardo · Morcelas Doces · Pedra Boroa).
No coração da vila, mesmo em frente ao Mosteiro de Santa Maria de Arouca, monumento nacional desde 1910 e maior construção granítica do seu género em Portugal,
situa-se A Casa Dos Doces Conventuais de Arouca e não resistimos a esta excelente doçaria…
Não deixes de ver o vídeo seguinte:
Fomos, depois, visitar a Casa das Pedras Parideiras – Centro de Interpretação,
inaugurada a 3 de novembro de 2012 e onde poderemos compreender as rochas enigmáticas que aqui se apresentam e contemplar um fenómeno de granitização único no Mundo.
Do ponto de vista geológico, a pedra chama-se “granito nodular da Castanheira”, mas os habitantes da aldeia da Castanheira chamaram-lhes Pedras Parideiras, por ser uma “pedra que pare pedra”. Este fenómeno único no mundo acontece na aldeia da Castanheira, em pleno planalto da Serra da Freita. e é um dos geossítios mais emblemáticos do Arouca Geopark.
Nesta região, as Pedras Parideiras são consideradas pelos anciãos da região como elementos da fertilidade. As populações locais acreditavam que, colocar uma das pequenas pedras-filhas debaixo da almofada de dormir, podia aumentar a fertilidade.
Terminámos este passeio observando o Radar Meteorológico (exterior) instalado no Pico do Gralheiro, a mais de 1.000 m de altitude. Dizem que em dias de céu limpo, a vista alcança desde a Figueira da Foz até ao Grande Porto…
Não pudemos continuar a desbravar o Arouca Park, pois tínhamos um convite para o almoço na casa da D. Alice, em Vale de Cambra.
Brindou-nos com a célebre carne arouquesa – vitela assada em forno a lenha…
e para entrada umas gambas de comer e chorar por mais!!!
Para sobremesa, o célebre bolo de noz que eu tanto gosto…
Não podíamos ter terminado o passeio da melhor forma. Agradecimento à simpática D. Alice pelo repasto que nos proporcionou. Bem haja!
E foi assim que ficámos a conhecer um pouco mais do nosso bonito país. Se tiverem oportunidade não deixem de visitar esta magnífica região e desfrutar de uma terra de paisagens deslumbrantes, monumentos históricos, aldeias tradicionais, gastronomia, artesanato, os passadiços do Paiva, praias fluviais e as águas bravas do rio Paiva para rafting, percursos pedestres, entre muitas outras atividades…
Portugal é um país com uma área territorial tão reduzida, mas com um incrível encanto e de tanta história. Não há muitos países que se possam gabar de tanta variedade numa área tão pequena.
Portugal surpreende-nos a cada vez que damos uma escapadela!
Musica: Control de Zoe Wees
8 Comentários
Guilherme Grilo
Finalmente… consegui tirar um pouco de tempo para visualizar as fotos e o vídeo, deste excelente trabalho que realizaste. As imagens são espetaculares e não há dúvida, é um local a visitar. Obrigado por teres partilhado este trabalho comigo, grande abraço.
Ana Maria Laborde
Li com interesse a descrição dos Passadiços do Paiva e da Ponte 516 complementada por belíssimas fotos do percurso!
Fiz os Passadiços do Paiva com o meu marido pouco depois da sua inauguração e recomendo vivamente! Alerto, no entanto, para algum grau de dificuldade uma vez que a travessia inclui escadas intermináveis. A paisagem justifica o esforço!
Sendo a ponte 516 mais recente e estando eu com vontade de a atravessar, agradeço as preciosas dicas quanto ao local sugerido para o seu início.
Parabéns pela excelente reportagem!
Paulo JF Craveiro
Bravo! Bravíssimo, Samuel Carvalho!
Portugal, também faz bem, e sabe tão bem!
Na oportunidade, a minha vaticinação: próspero ano novo, transbordante de emoções positivas e abraços físicos (dos quais estamos arredados, vai para 3 anos, sinto falta do teu abraço!).
(…)_”Proclamo isto bem alto e bem no auge, na barra do Tejo, de costas para a Europa, braços erguidos, fitando o Atlântico e saudando abstractamente o Infinito!”
[Incerto por certo em “Ultimatum” de Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, 1888-1935]
Isabel Barros Santos
Obrigada pela reportagem. Fico ainda com mais vontade de conhecer o nosso belo Portugal!
Kanimambo 😁
Isabel Pereira Flores
Fantástica reportagem, parabéns!!
António Mendes
Lindíssimo e parabéns pelo belo trabalho, como sempre somos brindados.
João Carlos Guerra Mendes de Almeida
Samuel, fizemos, eu e a minha mulher, o mesmo passeio e percurso que fizeste agora, em Junho deste ano.
Gostámos bastante embora, para quem gosta deste tipo de passeios e aventuras, tenha que referir que a Madeira tem as célebres “Levadas” com paisagens muito mais fabulosas e diversificadas, com mar e montanha que nos dão sensações únicas. Quando cá vieres mostro-te.
Grande abraço.
Samuel Carvalho
Caro amigo João Mendes Almeida, grato pela simpatia do teu convite. Pode ser que um dia se proporcione. Aquele abraço.