ERA UMA VEZ UM HOSPITAL
Chama-se TRAUMA e está situado na Avenida Julius Nyerere em Maputo. Esta unidade que pertence (ou pertenceu) à rede conhecida por AMI – African Medical Investments – foi inaugurada no dia 9 de Junho de 2010 pelo antigo Presidente da República Armando Guebuza. Por lá as coisas vão de mal a pior.
Aquela unidade está a sofrer dum trauma de liquidez. A falência está à vista, se é que não faliu já.
O hospital não paga salários ao pessoal médico, para-médico, administrativo e auxiliar. O material cirúrgico é uma raridade. O médico receita. Chega-se à farmácia daquela unidade e a resposta é sempre a mesma: “não temos este medicamento”. Não há dinheiro para mandar fazer um exame laboratorial fora desta unidade.
As recepcionistas do balcão de informações já não sabem o que fazer. Quando alguém as aborda e questiona sobre determinado médico ou determinada consulta, não sabem como responder.
Há pessoas com plano de saúde elaborado pelo próprio hospital, que pagam regularmente a sua quotização e em troca têm de ficar dias à espera até que se confirme uma consulta ou um exame médico.
A equipa de gestão não tem condições para gerir absolutamente nada. Anda ali a ver a banda passar.
Falam-me de parceria moçambicana com sul africanos. E confidenciam-me que nenhuma das partes entende nada de administração hospitalar.
Há sensivelmente duas semanas, um doente que vinha retirar os pontos duma pequena cirurgia, ficou mais de meia hora à espera que alguém o atendesse. Quando questionou sobre a demora informaram-lhe que “neste momento só temos um enfermeiro a trabalhar”.
Um a um, enfermeiros e enfermeiras, recepcionistas e pessoal administrativo, vão largando o barco porque, como me dizia um dos trabalhadores “aqui o nosso futuro está comprometido”.
Será que o Ministério da Saúde de Moçambique está a par do que se está a passar nesta unidade hospitalar?
Se sabe porque não vem a público informar? Ou está à espera que o barco afunde de vez?
João de Sousa – Dezembro de 2016