O COMENDADOR JOSÉ ARRUDA
Quando foi estudante e depois escuteiro lá para os lados da Polana, e quando depois foi desportista de eleição, tendo para o efeito dedicado uma grande parte da sua juventude e adolescência ao seu Desportivo de L. Marques e ao basquetebol em particular, o meu amigo Zé nunca pensou que alguma vez poderia ser chamado de “senhor comendador”.
Época 1968/69 – Seniores do GDLM
• Campeão Provincial Moçambique • Vice-Campeão Nacional
Em cima: Francisco Marques (Treinador), Aurélio Vaz, Fernando Alves, Manuel Lima, João Vicente “Pinduca”, Paulo Carvalho, Flávio Morgado, Rui Ferreira (Dirigente).
Em baixo: José Cruz, José Lopes, José Arruda, Carlos Alemão, Pedro Barjona, Machado (Massagista).
Quem o conheceu sabe que ele não faz gala disso. Nem tão pouco se importa com as honrarias que tal designação lhe possa oferecer.
Não é nem nunca foi daquele tipo de pessoa que se incha (como muitos que circulam por aí) só porque lhe atribuíram uma função, um cargo ou outra coisa qualquer. Não gosta nem nunca gostou de demonstrar os seus dotes, ou de se gabar em público (gabarolas é o que há por aí aos montes), inventando histórias sobre coisas que fez ou deixou de fazer.
No meu amigo Zé simplicidade é uma palavra sagrada. Foi assim que sempre o conheci.
Ele sempre soube o seu nível de responsabilidade. E essa responsabilidade foi sendo construída quando, um desaire na vida lhe provoca danos físicos, em pleno período do cumprimento do seu serviço militar.
A deficiência visual e a ausência dum braço, nunca foram impeditivo para que o meu amigo Zé se dedicasse, de alma e coração, aos projectos que sempre abraçou e executou com abnegação e saber.
Na Associação dos Deficientes das Forças Armadas (em Portugal), onde desenvolveu a sua actividade como Presidente desta Instituição, o “laurentino” Zé é um caso raro de mérito, de trabalho, de persistência, de competência e de amor pelo próximo, como diria o José da Costa “Casquinha”, um dos seus companheiros do basquetebol de tempos bem recuados.
Este Zé Arruda de que vos falo, que infelizmente já não está fisicamente connosco, faleceu no dia 26 de Janeiro do ano passado. Faz agora um ano.
Três anos antes desse fatídico acontecimento, encontrei-me com o Zé no convívio que o José da Costa “Casquinha” realiza todos os anos, no período de verão, na sua casa de campo do Algarve. É desse tempo a foto seguinte:
- Dedico estas linhas aos familiares do Zé, em particular aos filhos e muito em especial à minha querida “Skonkas”.
João de Sousa – 26.01.2020
5 Comentários
Augusto Martins
Paz à sua alma e que o seu exemplo sirva de lema para todos nós , enquanto cá andarmos.
MARIA MANUELA ANTUNES GALVÃO DE ALMEIDA
Descansa Em Paz Zé Arruda!
Kathleen Burt
Onde quer que estejas Ze, que estejas em paz. Beijinho a Chiu
Kathleen (Binda) – Ex Desportivo da Beira.
António Amorim Lopes
Que Deus tenha o patriota José Arruda no eterno descanso que bem o merece. Foi um valente Português que deu um extraordinário exemplo a alguns (poucos felizmente) portugueses que não merecem lembrança. Que descanse em paz.
Carlos Hidalgo Pinto
José Arruda promoveu uma conciliação entre os contendores da guerra colonial, o que se veio a revelar relevante para o futuro. Foi uma personalidade que fez a diferença e que faz falta a qualquer nação.
Paz à sua alma.