UMA DATA NA HISTÓRIA – 16 de Janeiro… José Magalhães
Quando entrei no complexo pedagógico da Universidade Eduardo Mondlane em Maputo, naquele 20 de Maio de 2015, dou de caras com José Magalhães, solitário, encostado a um canto, a contemplar todo aquele desusado movimento de pessoas, num entra e sai, num corre-corre. O nosso velocista, atrevo-me a dizer assim, estava perfeitamente “na lua”, tal era a emoção. A emoção de saber que ia ser homenageado. De saber que iam falar dele.
Estava de fato e gravata. Não gosta, confessou-me, deste tipo de indumentária. Prefere (sempre preferiu) os calções, a camisola do seu Ferroviário e um fato de treino com as cores dos “locomotivas”.
Quando me viu perguntou se ia ser entrevistado. Disse-lhe que não. Já basta ter entrevistado há quase meio século e inadvertidamente ter apagado a entrevista. Não ia cair nessa asneira novamente. Íamos conversar. Não havia muito tempo para isso, é verdade, mas mesmo assim, trocámos memórias.
Este Zé Magalhães que estava à minha frente naquela tarde de 20 de Maio de 2015 foi aquele que, parafraseando o Professor Doutor Orlando Quilambo, Reitor da Universidade Eduardo Mondlane, “através do atletismo rompeu com a história e com a radicalização da estratificação social subjacente à descriminação racial característica da política da administração colonial portuguesa.”
Tal rompimento com a descriminação racial ganhou a sua expressão mais alta quando se consagrou recordista moçambicano na década de 60 nos 100, 200, 300 e 400 metros e estafetas tanto pela selecção nacional como pelo clube Ferroviário de Lourenço Marques, onde ombreou com atletas de várias raças consideradas superiores à sua.
José Magalhães completa hoje os seus 80 anos de idade. Parabéns meu “velho”. Saúde e muitas felicidades. Comemora este dia com os que mais estimas. Um abraço.