UMA DATA NA HISTÓRIA – 25 de Outubro de 1990… Costa Pereira
Tinha eu 7 anos quando Alberto da Costa Pereira, atleta do Clube Ferroviário de Moçambique, praticante de atletismo, basquetebol e futebol, deixa a cidade de Lourenço Marques, com destino a Lisboa, para integrar, na época de 1954/1955 a equipa principal do Sport Lisboa e Benfica.
Sempre tive por ele uma grande admiração. Pelo desportista e também pelo homem, faceta que conheci melhor quando, em 1968, me foi apresentado, numa altura em que, com a carreira terminada, veio a Moçambique, se a memória não me falha, para cumprir um contrato de trabalho com a uma empresa de tintas.
Quis o destino que nos finais da década de 70, e encontrando-me eu em Lisboa, em gozo da licença graciosa, me tivesse sido dada a oportunidade de, em parceria com o Paulo Terra, relatar o jogo de despedida de Costa Pereira, realizado no Estádio da Luz. Era também a primeira vez que eu entrava na “Catedral” da Luz.
Já nos anos 80 encontro-me com o Alberto Costa Pereira pela terceira vez. Na altura entrevistei-o para o programa “Contacto”, realizado em Lisboa pelos meus colegas Eugénio Corte Real e José Manuel Gouveia, e que era transmitido todas as terças feiras, a partir das 21 horas e 10 minutos, na Antena Nacional da Rádio Moçambique.
Na altura, Costa Pereira desfiou o seu livro de memórias. Foi quase uma hora de conversa com passagens por Nacala, pelos seus tempos de menino e moço em Lourenço Marques com os seus 15 anos de idade, pelo seu ingresso no Ferroviário, e ainda pelos momentos de glória que viveu ao serviço do Sport Lisboa e Benfica, onde chegou em 1954 após uma longa viagem de barco.
Quem foi Costa Pereira?
Foi, citando o jornal desportivo “Record”, o guarda-redes de uma época, responsável pela segurança do Benfica bicampeão europeu;
foi um dos melhores de sempre do futebol português, vencedor da desconfiança inicial que o colocou em dificuldade perante José Bastos (guardião encarnado dos anos 50) e resistente ao crescimento de José Henrique, já na segunda metade da década de 60.
Alberto da Costa Pereira foi um guarda-redes moldado pelo tempo, que viajou do instinto puro e simples, alimentado de exageros diversos, até à sobriedade com que assumiu o protagonismo de um nome de referência à escala europeia e até mundial.
Depois da vitória em Amesterdão, desencontrou-se, primeiro com a sorte na derrota em S. Siro, na final da Taça dos Campeões, com o Inter de Milão, ditada por um golo célebre, em que deixou a bola passar por debaixo das pernas, e depois com a história, pois foi titular no primeiro jogo dos “Magriços”, na caminhada para o Campeonato do Mundo da Inglaterra de 1966, mas acabou derrotado por José Pereira, (Belenenses), Carvalho (Sporting) e Américo (FC do Porto). Despediu-se no final de 1966/67, ele que foi o primeiro guarda-redes universal do Benfica, clube ao serviço do qual fez 252 jogos na I Divisão.
Marcas na Seleção Portuguesa
Na selecção portuguesa, por exemplo, demorou a impor-se, num período de domínio do sportinguista Carlos Gomes. Quando este foi obrigado a emigrar, no final dos anos 50, Costa Pereira respondeu presente e deu início a uma história interessante com as “quinas” ao peito.
Com 22 jogos pela selecção nacional, é o quinto guarda-redes com mais internacionalizações de sempre, atrás de Vítor Baía, Bento, Damas e Silvino Louro.
Costa Pereira faleceu no dia 25 de Outubro de 1990, faz hoje 29 anos.
João de Sousa – 25.10.2019
5 Comentários
Manuel Martins Terra
Costa Pereira foi o guarda redes, que nunca o quis ser. Adorava o Basquetebol e Atlestismo , e terá sido a simbiose de movimentos atleticos que as suas modalidades proporcionam, que levou salvo seja o treinador do Ferroviário, Severiano Correia, a o convidar num treino de futebol, devido a seu porte fisico e à elevação que demonstrava,a ocupar o lugar entre os postes. O jovem de então não desiludiu e de imediato pegou de estaca. Definitivamente o SL eBenfica tinha ganho um guarda redes, que escreveu história nunca mais ninguém o consegiu, ser o único a conquistar as duas Taças dos Campeões Europeus. Costa Pereira será para sempre um nome a recordar.
BigSlam
Obrigado Manuel Martins Terra por mais estas curiosidades sobre o emblemático guarda-redes moçambicano – Costa Pereira
Fernando Silva
Na lista dos gr com mais jogos não está Ricardo o que tem mais jogos e actualmente Rui Patrício ….Costa Pereira era um gr atlético e elegante
Mário de Freitas
Costa Pereira por várias vezes andou comigo ao colo…
Fui próximo da família… tios e irmã.
Manuel da Silva
Costa Pereira foi muito apreciado na sua época, contribuiu e muito para a glória universal do SLB.
Obrigado João de Sousa e BigSlam por nos facultarem estas memórias com fotografias tão belas!
Abraços