UMA DATA NA HISTÓRIA – 30 de Dezembro … Nuno Bermudes
Nuno Fernandes Santana Mesquita Adães Bermudes, nasceu em Moçambique no dia 30 de Dezembro de 1921. Fez os seus estudos em Lisboa e voltou para a sua terra natal em 1947. Em 1975 deixou Lourenço Marques com destino a Lisboa, onde veio a falecer em 1997.
Ele foi funcionário do Banco Nacional Ultramarino, redactor do “Notícias da Beira”, na década de 50 e posteriormente Chefe de Redacção do matutino “Notícias” onde criou a página “Moçambique 58” e na qual colaboraram, a seu convite, alguns dos nomes mais representativos da literatura e arte moçambicana.
Nuno Bermudes teve o seu percurso literário marcado pela poesia, por Moçambique e pelo Brasil. A sua primeira obra, “O Poeta e o Tempo”, foi publicada em 1951. No seu percurso poético seguiram-se, entre outras, “Exílio Voluntário”,
“As Paisagens Perdidas e Outros Poemas” e “Brasil Redescoberto – Poesia Atlântica”.
Em prosa, publicou, entre outras obras, “Gandana e Outros Contos”, “Moisés”,
e “Casa da Margem Esquerda”.
“Solidão a duas vozes”
Desde que existo que te espero
no vazio leito de minha solidão
a duas vozes
– duas vozes que disseram
tudo o que havia para dizer
e só por falta de coragem
nunca disseram não
Por isso vem a qualquer hora,
meu amor,
Vem, como se nosso encontro
tivesse sido combinado
num outro encontro
antigo e verdadeiro
apesar de só imaginado
Nuno Bermudes, poeta moçambicano (1921-1997)
In: “Exílio voluntário”