A morte (?) de uma cidade…
Há pessoas que não conservam, e até destroem, aquilo que herdam. Talvez porque nada fizeram para as adquirir!
Muitas cidades têm os bairros dos mais desfavorecidos em mau estado de conservação e os sub-urbanos degradados.
O caso de Joanesburgo (Joburg) deveria ser um caso de estudo! Porque são os bairros centrais que já foram dos mais ricos e as suas principais avenidas.
Actualmente Joanesburgo já pouco tem a ver com a cidade que descrevi no meu artigo/post aqui publicado no dia 19 de Janeiro de 2022, com o título: “Viagem de destino – Joanesburgo”.
Foi uma das cidades mais importantes de África e “influente no contexto europeu” onde até competia com muitas cidades.
Hoje tem lixo espalhado nas principais avenidas, a destruição é notória e deixou de ter o movimento e a azáfama de outrora.
Até parece que está quase votada ao abandono e parou no tempo!
Os entendidos dizem-me que a liberdade em África tem destas coisas!
Estas fotos mostram o colapso e a destruição, que começou na era Mandela e tem-se mantido até aos nossos dias, nesta cidade da “Nova África do Sul”.
Os turistas que outrora a conheceram, hoje ficam chocados com a destruição e o lixo acumulado e espalhado nos passeios e avenidas, da cidade que já foi das mais importantes de África, e não só!
Estas são as ruínas que restam do Wits Drill Hall.
Foi aqui, na rua Anderson 95, que foi oferecida a recepção à rainha de Inglaterra quando visitou a África do Sul em 1947.
Este local, no centro de Joanesburgo, foi famoso durante décadas e era de atração turística.
As fotos seguintes são da Bree Street.
A Bree Street é uma das principais avenidas que atravessa o centro de Joburg de leste a oeste. E era um dos principais centros financeiros, económicos e também uma importante zona residencial.
Hoje como podemos ver é uma avenida imunda aonde impera o lixo, com lojas destruídas e abandonadas.
Uma visita ao bairro Yeoville.
Yeoville foi um dos lugares que esteve mais na moda em Joburg. A sua avenida principal, a Rockey Street foi uma avenida para durante a noite encontrar lojas exóticas, discotecas, restaurantes e clubes nocturnos.
Hoje estão quase todos fechados e abandonados.
Apartamentos destruídos na Joel Street, em Berea.
Berea é um bairro nobre no centro da cidade. Está situado entre Yeoville e Hillbrow.
Ruínas do Sands Hotel, entre outros, na O´Reilly Street em Hillbrow.
Cenas típicas de rua em Hillbrow. Este bairro foi um dos mais movimentados por visitas à Torre com o seu restaurante panorâmico.
Os colchões e cobertores são de sem-abrigo que fazem a sua vida na rua.
Prédio destruído e loja de móveis abandonada na esquina das ruas Edith Cavell e Kotze, em Hillbrow. Do Big Deals só resta o anúncio.
O Nedbank PLaza e as ruínas do Café Zurich, na Pretória Street que costumava servir o maravilhoso bolo da “Floresta Negra”.
A entrada para o “Shopping Centre”, na Pretória Street em Hillbrow.
Esquina da Claim Street com a Pretória Street. Este edifício tinha um estúdio de dança e uma loja de roupas da moda. Hoje está abandonado.
Passeio maltratado próximo do jardim Joubert Park no centro de Joburg.
Fotos da Twist Street
Infelizmente, com tristeza, muito mais havia para mostrar daquela que foi a cidade “mais europeia de África”!
Nunca pensei ver assim esta linda cidade, que já foi a minha Nova-Iorque!
- Obrigado pelas fotos, Zeca.
Para nós com o BigSlam, o mundo já é pequeno ….. Muito pequeno!
João Santos Costa – Fevereiro de 2023
17 Comentários
Margarida Valente
Muito triste e preocupante. Mas não será isto o resultado de ter havido o apartheid e de os negros não terem tido o mesmo direito e acesso à educado que os brancos tiveram?
vitor ferreira
Visitei joanesburgo em ferias nos anos de 1971, 1972 e 1975 e fiquei maravilhado com a cidade. O avanço em relaçao a outras cidades africanas e ate europeias era tal que me deixou espantado. Hoje ao ver estas imagens que metem do´a minha repulsa e enorme.
Antonio Santos
Palavras para quê? Está à frente de todos mas parece que, ou são cegos ou não querem(talvez nem convenha)ver. Como poderão estar todas estas comunidades daqui, digamos, 10, 20, 30 anos? Enfim!
Manuel Nunes Petisca
Visitei Joannesburg, pela 1ª. e única vez, em 1961, pelo pior motivo, operação cirúrgica ao joelho direito, que se verificou no Medical Centre , daquela bonita cidade africana, onde o delineamento europeu predominava. O pouco tempo que lá permaneci não foi suficiente para uma total visita à cidade, mas, verdadeiramente, deslumbrou. Claro que fiquei com garras de um dia lá voltar, e até tentei em 1977, antes do meu, previsto, regresso a Portugal, mas por mal dos meus pecados o Consulado em LM me negou o visto de entrada. Fiquei para morrer. Agora, completamente, desolado com base nas imagens de degradação completa e total da linda cidade de Joannesburg, o que é, deveras, revoltante e até mesmo deplorável o estado em que se encontra aquela que um dia foi a mais bela e maravilhosa Cidade Africana. O Presidente Mandela, conseguiu um País para os negros, mas não tinha os negros indispensáveis e devidamente preparados para a manutenção do País e assim conseguiram a destruição e a “MORTE DE UM PAÍS”.
PS. COMO DIZ E MUITO BEM O SR. ENGº. JOÃO SANTOS COSTA “OS ENTENDIDOS JÁ DIZIAM QUE A LIBERDADE EM ÁFRICA TEM DESSAS COISAS”
Manuel Martins Terra
Efetivamente, caro João Costa, pelas fotos aqui apresentadas é caso para dizer que a bela Johanerburg, é uma cidade em estado de sitio, onde campeia o lixo em cada esquina, o mau estado de conservação dos seus edifícios, a descaracterização dos seus estabelecimentos comerciais e unidades hoteleiras. A tudo isto, alia-se a falta de segurança e a criminalidade que tem vindo alastrar por toda a África do Sul, onde muitos empresários portugueses perderam a vida, em assaltos violentos feitos a supermercados e outras unidades comerciais. É uma pena, ver a Nova York africana, completamente mergulhada num caos. Um abraço para ti João, do amigo Manel.
Virginia Alves
Não sou da Frelimo, nem simpatizante, mas há um homem a quem presto homenagem: Eduardo Mondlane.
E porquê?
Quando nos anos em que estava na ONU, salvo erro, ou qq outra instituição internacional, veio visitar Moçambique.
Foi ao Xai-Xai e andou num Piper Supercub do Aero Clube de Gaza a sobrevoar o Limpopo.
Foi jantar em casa do piloto que o levou a sobrevoar a área pretendida., pois na altura só havia o Hotel Valente e não sei se fornecia refeições.
Falando como português, mas com uma visão diferente dos governantes da época, pois sabia que a nossa balança económica era e continuaria a ser sempre deficitária uma vez que o escudo moçambicano só valia em Moçambique, e que as grandes empresas, dos senhores que não punham os pés na nossa terra, faziam as exportações do açúcar, algodão, caju. copra etc com os grandes lucros a ficarem na metrópole, e nós a recebermos as “esmolas” referentes a essa produção. E quem lá vivia e labutava é que era o colonialista!!!!!
Assim, Mondlane não escondia a necessidade de uma revisão deste sistema, com maior autonomia administrativa e económica para o território, que dizia ele, era bom continuar a ser portuguesa, porque a “mãe pátria” era a nossa porta de entrada para o velho continente.
Mas afirmava que a aculturação não podia ser apressada.
A célula familiar era, dizia ele e muito bem, a seguinte: pai caçador, mãe a cuidar da machamba e os filhos a cuidar do gado.
As crianças precisavam de aprender a ler e a escrever, mas não em escolas com horários rígidos, porque depois da saberem ler, outros horizontes buscariam de livre vontade e o homem devia ser livre.
Não esquecêssemos que, o primeiro a ser aculturação devia ser o feiticeiro, a quem o chefe da terra recorria quando havia milandos ou grandes resoluções a tomar, sem este passo seria tempo perdido.
Foi assassinado por quem? Mas o certo é que as vozes dissonantes eram muitas e o que foi feito pode ser comparado a uma criança com 10 ou 12 anos, que nem conduzir ainda sabia, por morte do pai rico lhe fosse entregue o carro, as chaves da casa e as contas bancárias…duvidam de qual seria o futuro desta criança?
Lembrem-se dos cabritos nas varandas dos prédios, das banheiras transformadas em machamba e digam-me se dão a culpa a quem o fez ou se aos grandes pensadores, lideres da independência, novos governantes de esquerda, brancos e pretos.
nota: não digo negros porque essa palavra está conectada ao esclavagismo, e a nossa gente não devia nem pode ser considerada escrava.
João Costa
O que conta neste comentário sobre o Mondlane é verdade. Porque estudou em Moçambique, África do Sul, Universidade de Lisboa e Estados Unidos. Quero com isto dizer que toda a sua formação era “Ocidental e fugia à dos chefes tribais”.
Samora Machel, Lázaro Kvandame e Uria Simango, ao assistirem a isto, e verem que era casado com “uma norte-americana branca” resolveram assassiná-lo, ou mandar!
Nenhum deles lamentou a sua morte, Pelo contrário! Estes três formaram de seguida um triunvirato para presidirem à Frelimo.
Tenho para mim que o “chefe de fila” que colocou a bomba no escritório do Mondlane foi o Samora, porque tinha toda a “técnica de guerrilha”. E passados tempos mandou matar os outros dois.
Pelo que conheço e acompanho o que se passa em África, também lhe digo que se Moçambique tivesse sido entregue ao Mondlane, ele durava pouco tempo no cargo. Porque os guerrilheiros da Frelimo estavam “mentalizados” para serem comandados por alguém que tivesse apoio dos “chefes tribais”. E um deles ia substituí-lo na presidência. E foi assim apareceu o Samora com o vocabulário e linguagem contra os “colonialistas” que eles entendiam!
Obrigado pelo seu comentário, e apareça sempre aqui no “Nosso ponto de encontro”.
Carlos Guilherme
Vivi um ano perto da Universidade Witwatersrand, conhecida por Wits onde a andei a chumbar Engenharia Electrotécnica.
Nessa altura era o maior centro clínico do mundo e a cidade parecia New York em África.
Tenho um grande amigo que ainda lá vive e que me manda fotos como estas. É DEPLORÁvel e REVOLTANTE.
Excelente reportagem com péssimas vistas.
Parabéns João
O mundo deve ser informado e tu deste um bom contributo.
Cristóvão Antunes
Durante quase 20 anos,(74-93), praticamente calcorreei todos estes maravilhosos locais. A visão actual é de cortar o coração. Não há direito de se fazer uma coisa assim.
Victor Valério
A Àfrica do Sul é apenas mais um país africano a soçobrar perante a incompetência, corrupção e inoperacionalidade dos seus governantes e governos. Dá que pensar sobre quais os motivos que levam estes países a caírem nesta situação. É absolutamente criminoso, governar (ou seja, desgovernar!) desta forma, abandonando as populações à sua sorte, e deixando uma nação resvalar para uma situação de miséria profunda com consequências nefastas para a actual e futuras gerações!!!
Arnaldo Ferreira
E venham-me agora tentar convencer que as independências africanas foram benéficas para os Países que dela usufruíram, para os povos locais , para a economia, para o bem estar, para a segurança, a higiene e limpeza urbana, enfim…… para tudo o que define a qualidade de vida das populações. A inoperacionalidade dos Estados Africanos do pós colonialismo europeu é um verdadeiro “flop”! É simplesmente lamentável e até criminoso !
Vitor Marques
r Penso que é uma Questão de Mentalidade.E depois são os Governos e suas elites que vivem bem.O Povo é largado ás circunstâncias menos favoráveis.
Ricardo Quintino
Mais um país da Africa Negra a descambar para o esgoto. Estudei e trabalhei na outrora bela J’burg. É para esquecer…infelizmente.
José Alves Martins
Mais parece um pesadelo sem despertar à vista. Como foi possível chegar a esta hecatombe?
Antonio Mendes
É inacreditável!…
Esmeralda Denys
QUE TRISTEZA! NEM TENHO PALAVRAS!
Dulce Gouveia
Infelizmente essa destruição é comum a todos os países pós independência. A ganância dos governantes em encher os bolsos é tanta que não querem “desperdiçar” com a manutenção dos lugares, serviços públicos e o seu povo.
Viva a independência!