Mortes na lixeira de Maputo
E… em Maputo a Lixeira desabou em cima das casas!
Estes dois governos devem ser responsabilizados? – Ou só censurados!
– O dos Estados Unidos: – Porque autoriza a venda de armas aos norte-americanos residentes no país: – E por isso um jovem de 19 anos, de nome Nikolas Cruz, “mentalmente perturbado“, em 14Fev2018, teve acesso a uma arma e matou 17 pessoas numa escola, da Florida?
– E o moçambicano: – Porque consente a construção clandestina de casas “muito frágeis e instáveis; “encostadas” a uma lixeira com toneladas de lixo dispostas em altura: – E que, em 19Fev2018, por uma derrocada, algumas ficaram destruídas matando também 17 pessoas?
O BigSlam agradece a vossa participação expressa num breve comentário, no final deste artigo!
A “lixeira junto ao bairro das Lagoas” em Lourenço Marques
Não vos engano se disser que, em Moçambique até há independência, a grande maioria dos rapazes residentes na capital, conhecia o “Bairro das Lagoas”. – Era assim chamado por ficar junto a uma zona permanentemente alagada dos subúrbios.
Situava-se “no seguimento” do bairro da Mafalala, limitado entre as avenidas de Angola e a Craveiro Lopes (Av. Acordos de Lusaka); ambas com ligação ao aeroporto.
Era um bairro pobre. Construído desordenadamente com casas de caniço, argila e colmo (palhotas); e outras de madeira e zinco. Poucas eram as que tinham água, luz e saneamento! – Não tinha ruas alcatroadas; tinha uma confusão de carreiros para circulação.
Tal como as cidades de Sodoma e Gomorra que, segundo a Bíblia, eram cidades do “vício onde se praticavam actos imorais”. – Também o “Bairro das Lagoas“ era conhecido por “bairro do pecado”. Recebia a visita, – com maior concorrência aos sábados à noite, – de grupos de amigos para (re)encontros com as “meninas”!
Faço-lhe referência porque, “paredes meias”, existia uma grande lixeira. A “Lixeira das Lagoas”! – Lembro-me de ouvir como justificação para a escolha do local; – que o lixo, entulhos e outros resíduos de obras, eram ali depositados para “atulhar” as águas estagnadas, e acabar com a transmissão de doenças por elas causadas.
Esta lixeira, depois de “cumprir a sua missão”, foi desativada ainda durante o período colonial; – passando a das Mahotas, – depois re-baptizada de “Lixeira do Hulene”,– a principal. E hoje, pelos piores motivos, é bem mais conhecida de todos!
Uma montanha de lixo com altura de três andares desabou sobre várias casas. A derrocada foi causada pelas fortes chuvas, soterrou sete casas clandestinas e matou pelo menos 17 pessoas. Outras cinco pessoas ficaram feridas…O trágico acidente ocorreu na lixeira de Hulene, uma das maiores lixeiras a céu aberto da capital moçambicana….”
Jornal Correio da Manhã 19Fev2018
Recordo-me de ver os “catadores” de lixo. Mas pensei que passados 43 anos de independência, essa “profissão” tivesse sido extinta … Engano meu!– Vejam o vídeo.
Para nós, com o BigSlam, o mundo já é pequeno!
João Santos Costa – Março de 2018
7 Comentários
Jose Chong
Infelizmente construir casas junto a lixeira ou viver ao pe e uma opcao de vida (ver explicacao abaixo). Para uns e horrivel mas para outros e uma forma de vida pois apanham o desaproveitado e fazer uso dele ou transaccionar por miseros meticais suficiente para alimentar a familia.
10 anos atras tive oportunidade de trabalhar em Dhaka, Bangladesh por um periodo de 2 mese. Fui porque quis pois queria ver o extremo oposto da vida real. So o percurso do aeroporto ao hotel fiquei ARREPENDiDO da decisao que fiz, mas tive que fazer “switch off”. Poluicao, mau cheiro, esgostos abertos, pedintes, etc, etc. Notem de que o salario do chefe de mesa do hotel era de 75 euros mensais. Com devido respeito as pessoas de Dhaka, a urbanizacao com esgostos abertos, lixo por todos os lados podia comparar com a lixeira Mahotas. Era diferente porque tinham predios, casas com telhados de zinco enfim …
Com esta analogia e lamentavel ver humanos viverem nestas condicoes mas o que mais toca foi a perda de 17 vidas desnecessarias que poderiam ser evitadas se infraestruturas fossem impostas. Acredito que deve haver mais prioridades a serem resolvidas. Infelizmente e necessario acidentes com perdas de vida para que tomem o caso a ser resolvido e tomarem decisoes certas.
Vejamos o que aconteceu na Florida onde 17 alunos foram mortos. Esta-se a considerar que os professores sejam armados e treinados. Sera que os professores armados va evitar tragedia similar? Imaginem que um professor armado tenha uma discussao familiar na noite anterior e que no dia seguinte durante a aula tenha discussao com um aluno que que acaba por carregar no gatilho.
Infelizmente o que aconteceu na lixeira nao chegou ao mundo exterior como aconteceu com a tragedia da Florida.
Nao deve ser tarefa facil …
João SCosta.
Zé, sejas bem aparecido neste “nosso ponto de encontro”. O site – bigslam.
Infelizmente o que referes no teu comentário é uma realidade do nosso mundo, e não é exclusivo de Dhaka. Antes fosse! Porque como era só num local a situação era fácil de resolver. O problema é que são muitos países!
Gostei do teu contributo para este post. Muito obrigado. Cá fico à espera dos teus comentários em futuros posts.
Um abraço.
Matias Ferreira
Sobre o assunto a ” comparação ” do Trump com Mocambique : é a hipocrisia do chamado mundo civilizado!
Quando dizem que o que aconteceu é normal nos países subdesenvolvidos eu pergunto e quem criou os países subdesenvolvidos ?
Meu amigo a origem é sempre a mesma : só existem corruptos porque há muitos mais corruptores. E de onde são originários os corruptores?
Eduardo
Pois é amigo João.Mais um bom artigo teu que nos faz reviver velhos tempos.Parabéns.
Jovem que se preze ter vivido em LM, concerteza que passeou por este bairro um qualquer sábado à noite.Eu fui um deles.O que jamais me passou pela cabeça foi que em 2018 pudessem morrer 17 pessoas soterradas por um lixeira no bairro das Lagoas.Triste mas infelizmente verdade.Também lá a culpa vai morrer solteira.
Um abraço
carlos m.d.silva silva
Santos Costa,conheci muito bem a lixeira das lagoas,pois vivi lá perto,enquanto criança e durante muitos anos.Aliás fizeste lembrar-me de um episódio que vivi nas lagoas em que eu e o Anselmo Gomes mais conhecido por Tondela,construimos um barquito muito rudimentar e lá iamos para a lagoa,a caça de patos e passarinhos.Mas adiante.Quanto ao tema ,estes dois casos que apontas seriam casos de responsabilização dos respectivos governos,USA e Moçambique,paises inseridos em sistemas politicos democraticos,democracia essa que impede a respectiva responsabilização desses paises.E é aqui que o problema se põe e ninguem está interessado em por em causa está prática democratica dos países chamadas ocidentais e das apelidadas democracias africanas que de democrático nada ou pouco têm.E por este andar e com a chamada globalização ,é caso para dizer se os tais paises mais desenvolvidos e cultos,defensores de tudo e mais alguma coisa,um dia ou seja daqui a umas décadas,não serão engolidos e se inverterão os poderes no mundo,se algo não mudar.E como tal ,teremos que nos interrogar se os sistemas politicos que não gostamos nem aprovamos ,caso União Soviética e RPChina e similares não virão a sair-se melhor.Bem ,talvez nem vale a pena estarmos preocupados com o futuro,pois por este andar o planeta terra com ajuda do ser humano vai ser inabitável.E não é por acaso que os americanos ,russos e chineses se vão virando para o espaço…Marte e por aí fora.Topas?
João SCosta.
Carlos, também me lembro de quando morava no fim da Anchieta lá ir algumas vezes para as Lagoas com uma pressão de ar, Diana 23, ir caçar passaritos; e ás vezes patos! Que acabavam por lá ficar, porque não os podíamos tirar da lagoa. Quase que sou obrigado a concordar contigo no resto do teu comentário! E digo quase, porque espero que todos acordemos de vez para não deixarmos este “mundo imundo”!
Wanda Serra
Inacreditável…
Wanda Serra