O “El dorado” (1) moçambicano
Sei, que em alguns comentários, me vão dizer que situações destas se passam também noutros países. É verdade! – Mas, porque Moçambique me toca fundo, nesses países estas situações não têm para mim a mesma relevância.
– Fim de um sonho –
Nem sempre o sonho comanda a vida! Às vezes também acaba com ela.”
Passados 43 anos, num Moçambique que se quer país “novo”, sabemos pela comunicação social que “alguns moçambicanos” se estão a divorciar da legalidade e democracia.
Estão a copiar tudo o que os “países velhos” tem de pior: – Corrupção, assaltos, espancamentos, raptos e assassinatos.
Mas nem isso impede que alguns portugueses vão para lá, tentar a sorte! – O Américo Sebastião foi um destes.
Queria uma “machamba“ (2) para criar gado….Mas deram-lhe sumiço!!
Conta a esposa que, “…..em 2001, já estava na Beira. “Levava uma mala cheia de sonhos”,… Começou por comprar e vender milho, mas o objectivo sempre foi o gado…. Em 2003, conseguiu a primeira concessão, de uma quinta perto de Búzi..“As coisas foram crescendo e o Américo foi vendo como podia fazer crescer o seu objectivo – que era sempre o gado. Acabou por ir para [o negócio] da floresta porque achou que era a melhor forma de aumentar o investimento no gado, que é o que ele gosta mesmo…..” – Jornal público de 18fev2018.
O Américo foi raptado no dia 29Jun2016, – faz agora 2 anos, – em Nhamapadza, na província de Sofala, no centro de Moçambique.
E até hoje ainda não apareceu!!
Segundo o jornal Público de 18Fev2018, com base nas inúmeras entrevistas que fez em Portugal e Moçambique, a amigos, investigadores, analistas e especialistas em assuntos africanos, a maioria é da opinião que este rapto ou foi uma punição política; ou um crime de delito comum.
– Segundo aquele jornal, – a punição política aponta directamente para os esquadrões da morte. Uma tropa de elite comandada ao mais alto nível pelas próprias autoridades. Segundo esta tese, as ordens para eliminar Américo Sebastião, vieram de cima! Tudo isto porque a carrinha dos raptores, dentro da qual Américo Sebastião foi metido, seria uma Mahindra cinzenta, da cor e modelo usados pelas forças de segurança, que não tinha matrícula. E os raptores estavam fardados com uniformes da UIR, Unidade de Intervenção Rápida. Uma testemunha terá garantido que viu um funcionário da bomba de gasolina fazer um telefonema e que, passados poucos minutos, os raptores chegaram. Eram seis e pouco da manhã de 29 de Julho de 2016.
– Muitos outros acreditam que se trata de um crime de delito comum. Não muito diferente do que levou ao assassinato de duas portuguesas, Inês Botas, de 28 anos, morta na Beira, e Maria Laura Pereira, de 72 anos, morta em Chimoio. – Crimes já aqui referidos no BigSlam com o título: “…São uns Racistas!!”.
“Inês Botas foi morta por causa de 400 euros”, e também não houve resgate.
Sublinham o facto de, a seguir ao rapto, um cartão de débito de Américo Sebastião ter sido usado para fazer sucessivos levantamentos no multibanco.
Os primeiros dos quais no próprio dia 29 de Julho, na Beira. Há imagens captadas pelas câmaras de vigilância que mostram um dos homens que usaram o cartão do Américo Sebastião. O facto de essas fotos nunca terem sido tornadas públicas levanta questões à família e à oposição moçambicana. E perguntam:
“Porque não espalham as fotos dos indivíduos que aparecem nas imagens das câmaras dos ATM e da própria bomba de gasolina? Essas imagens poderiam ser divulgadas na imprensa que, desse modo, poderia ajudar na identificação”. Diz ao jornal Público, Ivone Soares, líder da bancada parlamentar da Renamo.
As investigações têm estado paradas no tempo. Mas foram novamente retomadas(?) por influência do Presidente da República de Portugal e do Secretário de Estado; numa recente deslocação a Moçambique. Mesmo depois de numa declaração pública sobre o caso, o Serviço Nacional de Investigação Criminal de Moçambique (SERNIC) pela voz do seu director, na província de Sofala, ter afirmado:
– “Até ao momento o cidadão português não foi localizado, assim como não foi achado qualquer corpo com as suas características”.
Pergunto eu! – Mas será que vão sendo “achados corpos com outras características?”
Quem souber que me responda!!
P.S. – Este post, só agora foi publicado porque já passaram 2 anos, e tal como o filho do Américo Sebastião, também esperei por novos desenvolvimentos. Que ainda não apareceram!
(1) – Lenda da existência na América Latina de uma cidade toda feita de ouro.
(2) – Termo usado no sul de Moçambique correspondente a quinta ou propriedade rural.
Para nós, com o BigSlam, o mundo já é pequeno!
João Santos Costa – 29 de Julho de 2018
2 Comentários
vandrezo@gmail.com
Tristeza… Como sempre um bom artigo, abraço
Victor Carvalho
Rua Carlos Mardel, 77, 2ºA