”…São uns racistas!!”
Porque tinham conhecimento que eu estive em Moçambique; alguns alunos queriam saber a minha opinião sobre o recente assassinato das duas portuguesas.
Durante o diálogo, e de modo a que eu ouvisse; um aluno voltado para outro, “saiu-se” com esta: – “…São uns racistas!!”.
Como o racismo não é exclusivo de uma raça, sociedade, etnia ou país. Perguntei-lhe porque é que dizia isto? – Disse que “Tinha um familiar que foi militar em Angola. – Tinha amigos que estiveram em África. – Conhecia pessoas que tinham lá estado a trabalhar antes e depois da independência. E todos lhe diziam isso! – Questionou que se eu punha em dúvida que são mesmo racistas; disse-me que bastava ouvir o que as pessoas dizem sobre o assassinato dessas portuguesas”.
Esclareci que aquelas mortes foram cometidas para roubar, e não tinham nada a ver com racismo; acontecem em todos os países. E dei exemplos do que se passa aqui. – Mas possivelmente porque prevalecia a cor da pele, não ficou muito convencido!
Uma vida vale 29 mil meticais – (cerca de 400 Euros)??
Como cidadão atento a tudo que se passa em Moçambique; país que também foi meu! Tenho o dever de denunciar estes casos. Faço-o porque convivi com “aquelas gentes”, e muitos moçambicanos foram meus companheiros de carteira na escola. Quero, por isso, dizer-vos que é um povo pacífico e de “gente de bem”! Mas em todas as sociedades e países existem os “Mabandidos”; – pessoas que vivem de roubos e assaltos a residências e a cidadãos pacíficos. E, em caso último, matam as suas vítimas. – A par destes existem os assassinos profissionais, – “os Matadores”, – que além dos roubos e assaltos estudados e bem elaborados; planeiam sempre os seus actos até às últimas consequências.
Sei que todos os dias, nos vários países do mundo, “uns e outros entram ao serviço”!
Tal como quando escrevi o post “Quo Vadis Angola”, publicado no BigSlam. Também agora sinto desconforto e uma tristeza imensa em publicitar estas mortes praticadas no fim do mês passado, (dezembro 2017).
– Uma, executada durante um assalto à residência de uma pequena empresária portuguesa, de mais de 70 anos, que residia há muito tempo na cidade de Chimoio, antiga Vila Pery. – Que não terá resistido aos ferimentos que sofreu, na sequência do assalto, praticado por um empregado.
– A outra, preparada com todos os “requintes de malvadez”! -Efectuada a uma jovem com 28 anos, de Leiria, de nome Inês Botas,
que estava há ano e meio a residir na cidade da Beira. Onde trabalhava como directora financeira da Ferpinta.
Ora leiam a confissão do mentor deste crime:
“ Izaias Nicolau, 21 anos, assume todo o envolvimento no crime – em que também participaram Jonas Moiana e Danilo Lampeão, de 24 anos. Os três homicidas estão detidos pela polícia em esquadras diferentes, enquanto decorre a investigação. Izaias Nicolau conhecia Inês Botas do Clube Náutico da Beira, onde trabalhava como preparador físico e ela era cliente habitual.
Na quinta-feira à noite, “ele deu sinal e nós fomos levá-la”, contou Danilo Lampeão, adiantando que Izaias Nicolau já “tinha tudo planeado”. “Ela estava comigo e estava viva quando a atirámos para o rio”. Descreveu um dos homicidas à polícia. “A vítima praticava exercício físico no Clube Náutico e o Izaias sabia como ela fazia, a hora e o local”, contou Danilo Lampeão à TVM, explicando que Inês Botas estava a sair, pelas 22h00 de quinta-feira passada, quando foi abordada pelo grupo, que lhe pediu boleia para a cidade. A jovem deixou-os entrar no seu jipe por conhecer o Izaias, longe de imaginar que a intenção era “roubarem-lhe dinheiro” ……Na viagem, Inês foi ameaçada com uma réplica de uma pistola para lhe roubarem os cartões bancários, com os quais sacaram 29 mil novos meticais (cerca de 400 euros). “Ela estava comigo e estava viva quando a atirámos para o rio”, contou Izaias. “O que pretendiam era o dinheiro, mas por ela ter reconhecido um deles e para que não fossem denunciados, optaram por a atirar ainda viva, atada de mãos e pés, ao rio Pungué”, explicou um porta-voz da polícia. O relatório da autópsia revela que Inês Botas foi morta por afogamento, com prévio traumatismo craniano.”
Sabemos que no mundo todos os dias acontecem crimes contra a humanidade e cidadãos indefesos!
Já, – sobre as punições; – como se verificou no meu post “Na Alemanha chegou a vez de uma equipa do futebol!” publicado neste site, – para estes casos há opiniões para todos os gostos! Conhecemos países que – “para se pagaram da mesma moeda usam a lei mais antiga da humanidade”. – Lei de Talião.
Quem com ferro mata com ferro deve morrer”. Ou “Olho por olho, dente por dente”.
Digam-me que castigo merecem os assassinos – 25; 30; 40 anos de cadeia? Não sei!!
Para nós, com o BigSlam, o mundo já é pequeno!
João Santos Costa – Janeiro de 2018
12 Comentários
Aderito Rodrigues
… João, Parabéns e continua com toda a coragem e paciência, tentando alertar para o que está mal, nesta “SELVA”, mundial. Para ser diferente, comecei pelos primeiros comentários e depois li o teu artigo. Não vou alargar-me em comentários, já quase tudo foi dito. Foram 24 anos em Moçambique dum total de 42 em África, não me contem histórias desse maravilhoso continente, só desconheço a próxima. Não concordo com a pena de morte… mas uns tantos, mereciam ser enterrados até ao pescoço, a cabeça regada com mel e o “cacimbo”, iria ler a sentença.!!! Um abraço velho Amigo.
Tito
Claro que não se trata de racismo.Trata-se de um crime bárbaro que podia ocorrer em qualquer lugar e tem que ser justamente castigado. Mas a forma de causar a morte com sofrimento atroz denota uma moral repugnante e abjecta. Deve constituir uma forte agravante. Lamento muito que existam seres tão rastejantes. Um abraço e parabéns pelo artigo
Maria de Lourdes Costa
Olá João
Como sempre os teus artigos são sempre bem escritos e com temas atuais, mas na minha opinião não foi racismo o que os levou a cometer este ato, mas sim puro banditismo e ganância, por uns míseros tostões assim se tira a vida a um ser humano, mas estas atitudes á por este mundo fora não só em Moçambique, terra que eu adoro e como sabes ainda tenho lá família. Um abraço
Ernesto R. Silva
O banditismo terá de ser combatido com maior determinação, caso contrário, casos como estes continuarão a acontecer. No meu entender, e porque a corrupção está instalada no topo da pirâmide, resolver este tipo de situações requer uma grande aposta na formação das pessoas (nas escolas), é um processo que irá demorar muito tempo mas terá de ter um princípio e quanto mais tarde se iniciar mais grave se tornará e a dificuldade em revertê-lo será muito grande para não dizer impossível. Aqui fica a única via para a resolução desta situação. “”Educai as crianças e não será necessário castigar os adultos”.
João Serrano
Deve ser feita justiça com mão pesada porque está em causa um homicídio. A cor da pele não deve estar em causa pois a maldade reina infelizmente em qualquer raça.
Sei que o racismo continua a proliferar neste mundo cão mas sou contra tal por ser africano a 100% e encaro a globalização das raças com naturalidade.
ABAIXO O RACISMO!
Katali Fakir
Custa-me opinar sobre a perda de 2 vidas da forma brutal e desumana como ocorreram, e fundamentalmente a de Inês Bota. 28 anitos, meus Deus cheia de vida e beleza com tanto sonho para ir longe, idade que teria a minha querida filha hoje se não tivesse partido num acidente em 2010. Ainda hoje, busco as razões que levam a alguém tirar a vida de seu semelhante, como se a rapinagem não fosse bastante. Quando penso sobre isto, vou imediatamente aos meus tempos de adolescência quando o Mundo era uma esfera cor-de-rosa cheia de utopias e sonhos para concretizar – tempos de influência “hippie” em que América era o paraíso dos sonhos onde todos queríamos lá chegar como eles à Lua, nós, pelo menos em viagens alucinantes e alienantes encharcados em suruma e (L)ucy and (S)ky with (D)iamonds à Factory da 42th street para acreditar o lema: Make, Love and not War. Isto para dizer que era tão naífe quando fui pela 1.ª vez confrontado no período de convalescença no Hospital Militar Principal à Estrela, nos primórdios dos anos 70 do séc.passado, por um sargento policial muito mais velho que os demais que estava connosco internado, com uma afirmação que ainda hoje parece que escuto seus zumbidos – “a raça humana, é a pior das espécies animais, só ela mata seu semelhante por nada” , Na circunstância, tomei o polícia como um “bronco” frustrado, na minha cabecinha pensadora, não obstante a deficiência permanente profunda adquirida em combate na zona de Mabziquíro em Tete que ia carregar ao longo da vida não era motivo suficiente para matar os sonhos de viver uma vida com esperança e felicidade e acreditar nos outros. Hoje, decorridos mais de 40 anos, olho para trás e vejo, que o polícia tinha toda razão e o grande bronco sou eu por continuar a creditar em utopias na bondade universal da espécie humana. Contudo, há sempre alguém que resiste e vou perguntando ao vento notícias do meu país…
Rui Baptista
Texto muito bem escrito, com profundidade e, essencialmente, com o sentimento que esta temática merece, ou melhor, exige. Um abraço de parabéns a Katali Faquir.
P.S. , como muito bem pondera o João Santos Costa não se deve confundir racismo com banditismo. Ou seja, como é uso dizer-se numa verdade à La Palisse, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa1
Guilhermina Martins
Queria dizer “atada de pés e mãos”
Guilhermina Martins
Neste caso julgo não ser racismo mas sim um acto de banditismo.
Gente mal formada existe em todo o mundo. A mim chocou-me muito o ter sido atirada ao rio presa de os e mãos atadas….. é muita crueldade!!
carlos m.d.silva silva
Partindo do principio que aterra é povoada por seres humanos de diversas raças,houve ,há e haverá racismo mais ou menos evidente.Ponto final.Quanto ao caso das portuguesas assassinadas,estou de acordo com o que afirmas..são actos praticados pelos apelidados gangsters,mafiosos,mabandidos ,que os há em maior ou menor numero em todo o mundo.Embora não conheça bem a realidade Moçambicana e o eu povo nos tempos que correm,comungo da mesma opinião que tens do Povo Moçambicano(um dos mais pobres ao de cimo da terra )de que ainda são na maioria pacificos,e “gente de bem”.Vejam o indice de violencia que grassa em países fora do continente europeu aonde existe uma forte presença portuguesa,como por exemplo África do Sul,Brasil,Venezuela….A terminar e quanto ao castigo a aplicar aos assassinos,também não sei . Duvido que num mundo globalizado e cada vez mais materialista e ateu,se encontre alguma solução,Em todo o caso ,talvez alguns países possam dar alguma idéia sejam eles arábes,asiáticos,pricipalmente Chineses e norte coreanos …..
Obs: também em Portugal,mais própriamente na região de Braga,e num passado recente ,o que dizer dos “requintes de malvadez”de um grupo de pessoas de classe média,alta,nomeadamente um advogado,que ao assassinarem uma pessoa ,meteu a vitima num tambor cheio de ácido sulfúrico para fazer desaparecer o seu corpo?Aqui del rei,se fosse em Moçambique…..mas não ,foi em Portugal.Não foi um pé descalço,foi um Sr?Doutor…..por aqui se vê que o ser humano,é muito complicado,seja ele que de raça fôr.
Katali Fakir
Muito bem, Carlos M. da Silva. Acresce sublinhar que esses malvados capturaram a vítima que estava com a filha de 7 ou 8 anos, se bem me lembro, e disseram à pequena que íam matar o pai…
Manuel Jorge Pereira Batista
O racismo é a falta de educação, falta de cultura, é falta de muita coisa, até de interesses instalados de políticos, e politicas. etc.
As minorias é que dominam o mundo!