“Quo Vadis” ANGOLA? (parte 2) – “Xilunguine” de João Santos Costa

“Quo Vadis(1)” ANGOLA? (parte 2)

Com um problema chamado Isabel dos Santos. E uma notícia de barbárie, tal como na Roma dos anos 50 DC (Depois de Cristo), para depois ser desmentida por quem a deu!

– Só agora! De repente, se fez luz no cérebro do governador do Banco Nacional de Angola, do Procurador Geral, de alguns ministros e políticos angolanos, e da “alta finança” dos países envolvidos.

– Só agora! Descobriram o que o comum dos mortais já sabia e falava há muitos anos. Que a maioria dos políticos, e outros angolanos, não conseguem justificar o seu património! Isso até já foi por mim denunciado aqui, no dia 12Dez2016, no post: – “Quo Vadis” Angola.

– Só agora! Descobriram, porque só agora lhes interessou investigar, que o “pé-de-meia” de milhares de milhões de euros de Isabel dos Santos, e de outros angolanos, para comprarem empresas e bens fora do país, foi conseguido à custa do saque feito aos recursos naturais de Angola, com conivência do ex-presidente Eduardo dos Santos, de alguns políticos e economistas ligados ao regime angolano, com apoio de empresas no exterior geridas por pessoas da sua confiança.

Algumas empresas de Isabel dos Santos em Portugal

– Só agora! Depois de todos estes anos a assistir a tudo isto, verifico que já pouco me importa esta investigação a que chamam “Luanda Leaks”. – É um problema da justiça angolana!

Porque depois de ler uma notícia publicada no Jornal de Angola, embora desmentida depois, recordei o filme “Quo Vadis” !

Teatro Varietá na antiga Lourenço Marques

Lembro-me de, na antiga Lourenço Marques, nos fins dos anos cinquenta do século passado ver, no teatro Varietá, o filme “Quo Vadis”. Em que o falecido actor Peter Ustinov com uma interpretação magistral, para mim a melhor da sua carreira, interpretou o papel de Nero na Roma antiga, dos anos 50 DC (depois de Cristo).

O filme é sobre uma nova religião que começava a despontar!: “O Cristianismo”.

Para acabar com ela, e com os cristãos, Nero manda incendiar Roma e culpa-os deste acto. Para depois, como retaliação e gáudio do povo, os lançar numa arena para serem comidos por leões.

Porque faço referência a este filme?

Porque recentemente um jornal de Angola relata uma situação idêntica a esta, em que por “feitiçaria” os leões foram substituídos por jacarés.

Sei que a “feitiçaria e a magia negra” são crenças e valores culturais em muitos países africanos.

Feiticeira (?) fazendo feitiço ou magia negra (?)

Lembro-me de ouvir, durante a guerra colonial, no Café Planalto em Vila Cabral, alguns militares naturais de Moçambique falarem “disso!”. Diziam que acreditavam porque os protegia da guerra, lhes permitia curar doenças, alcançar sucessos, resolver conflitos familiares, descobrir autores de assassinatos e até castigar, ou prejudicar terceiros.

Como eu não era dado a “essas coisas” nunca liguei!

Como ninguém pode ficar indiferente acompanhem-me, com a vossa revolta e indignação, ao lerem a transcrição de uma notícia publicada no Jornal de Angola de 10 de Janeiro de 2020. E o seu desmentido feito pela mesma instituição (CEIP) que a deu.

“Mais de 100 crianças acusadas de feitiçaria foram atiradas ao rio, por familiares, para serem comidas pelos jacarés.”

“Mais de cem crianças acusadas de práticas de feitiçaria nas províncias de Cabinda, Zaire, Malanje e Bengo, nos últimos três anos, foram atiradas aos rios pelos familiares, informou uma equipa de investigadores nacionais do Centro de Estudos e Investigação em População (CEIP).

“…Em declarações ao Jornal de Angola, o director do Centro de Estudos e Investigação em População (CEIP), Ndonga Mfuwa, disse ter constatado no terreno que muitos pais e encarregados de educação lançam os filhos aos rios para, de seguida, serem devorados pelos jacarés, alegando serem feiticeiros. (estou todo arrepiado ao transcrever isto!)
Alguns progenitores, prosseguiu o investigador, além de acusarem os filhos de feiticeiros, expulsam-nos do seio familiar e mais tarde arrependem-se do que fizeram e depois de procederem de tal forma, entram em conflito com as entidades acolhedoras.
“…O director do CEIP considera, por isso, grave o fenómeno, porque tem originado conflitos entre famílias e instituições acolhedoras, sobretudo quando se apercebem das principais causas de morte dos menores…”

Menores que deviam estar na escola a estudar e brincar com outros meninos, digo eu!

Mas alguém no século XXl pode levar a sério, isto de “feitiçaria infantil”?

Meninas brincando a imitar os feiticeiros (?)

O desmentido da notícia, feito por quem a deu:

Segundo o Novo Jornal de Luanda: – “O CEIP diz que a notícia que o professor Ndonga Mfuwa deu ao Jornal de Angola é uma extrapolação e um erro de interpretação”. O professor diz que nessas províncias, há relatos que no passado os progenitores atiravam os filhos ao rio para serem comidos por jacarés, por julgarem ser feiticeiros. Mas não tem números nem provas!”

“O Instituto Nacional da Criança (INAC) também garantiu, em comunicado, que nenhuma criança foi morta e lançada ao rio por acusações de práticas de feitiçaria nos últimos três anos, em Angola”.

Em que ficamos!

– A notícia diz que foram nos últimos três anos. O desmentido fala no passado. E diz que não tem números nem provas das crianças envolvidas! – A notícia diz que “lançam” e garante que, por informação recolhida, foram mais de 100!

É que ao ler o realismo da notícia, e o seu desmentido, não sei em quem acreditar!

Julgo, por isso, que a justiça angolana e os líderes políticos têm de investigar. E a sociedade civil tem de denunciar!

É por situações como estas que Angola se está a tornar num país sem futuro! Um país que depois da independência “prometia muito”, mas que só tem vindo a desperdiçar as oportunidades que lhe surgem.

Por favor falem verdade. Parem com notícias destas!

      (1)-“ Para onde vais”

Para nós, com o BigSlam, o mundo já é pequeno. Muito pequeno!

João Santos Costa – Fevereiro de 2020.

Comentários: