“Uma ponte longe de mais”… a pé e com problemas!
Fica longe! Lá muito longe. Mas a sua construção foi acompanhada daqui por muitos “Luso-moçambicanos”.
A ponte Maputo – Catembe é a obra mais importante feita em Moçambique depois da independência.
Com a sua construção, o sul de Maputo vai receber um grande incremento económico e turístico. Porque além da ponte, o projeto também contempla os cerca de 200 quilómetros de estrada alcatroada, e outras pequenas pontes, melhorando os acessos à África do Sul via praia da Ponta do Ouro. E a algumas aldeias ao sul de Maputo.
As populações dos outros distritos dizem que a obra foi feita na capital, porque é em Maputo que se concentram as elites que apoiam o governo, e por isso tiram os seus benefícios.
Os distritos mais pobres e menos desenvolvidos do interior pediam que os milhões de dólares gastos, fossem empregues em melhoramentos nesses distritos.
O descontentamento de alguns deu origem a comentários como este, publicado no BigSlam a 25Jun18 no post: “A ponte é uma passagem… para a outra margem”!
“ [….] Diabo do Lago
Abstraindo os saudosismos, analisem bem o assunto!
Tem alguma lógica fazer uma ponte com os custos que esta deve certamente acarretar, para levar os “turistas” (pergunto que turistas) à Ponta do Ouro?
Um país super endividado (a ponte como muitas outras infra-estruturas é financiada pelo Chinos), e a dívida tem de ser paga (com gás, carvão, petróleo ou esmeraldas de Cabo Delgado) ou de outra maneira, mas tem!
Não teria muito mais lógica e moralidade, aqueles milhões serem empregues em melhoramentos? Em Hospitais públicos (que metem nojo logo à porta), em escolas no interior, em estradas do interior, em pequenas pontes no interior, na reabilitação das plantações de chá no Gurué, na substituição das abandonadas linhas férreas,na alimentação das populações que estão abandonadas (daí a implantação fácil do islamismo), na recolha do lixo, na repavimentação das esburacadas ruas de Maputo, etc…..……Perguntam porquê?
Vaidades africanas (a minha ponte é maior do que a tua), negociatas e comissões (“à Santos Silva- Sócrates”), facilidades para os oligarcas do partido que têm casa na Catembe ficarem mais bem servidos, enriquecimento ilícito escravizando e explorando as populações em C. Delgado (depois há as guerrilhas fomentadas pelos traficantes da heroína islâmicos), etc.
Pensem bem e pelas vossas cabeças!
Nota: Não tenho qualquer interesse em Moçambique, a não ser a melhoria REAL das sua populações. O resto é fachada.[…]”
E a seguir à inauguração??
Imediatamente a seguir à sua inauguração começaram a surgir problemas com os munícipes. E o Conselho Municipal de Maputo viu-se na necessidade de emitir um comunicado, alertando e proibindo uma série de actos:
“ CONSELHO MUNICIPAL
GABINETE DE COMUNICAÇÃO
Comunicado de Imprensa
OCUPAÇÃO INFORMAL DE ESPAÇOS E MOBILIDADE NA PONTE MAPUTO- KATEMBE
“.[…] têm-se registado movimentações de ocupação nas zonas adjacentes à Ponte e ao longo da Estrada que liga KaTembe a Ponta de Ouro e Bela-Vista a Boane. Essas ocupações são ilegais, não devendo ser permitidas nem mantidas…
…No que diz respeito a jurisdição do Município de Maputo, junto a Ponte têm-se verificado factos e fenómenos seguintes: pessoas que constroem ilegalmente, realizam venda informal, que se penduram, urinam, que se abrigam debaixo da ponte, que transitam e extraem fotografias, outras atirando pedras contra pessoas e viaturas que transitam pela Ponte e pelas estradas adjacentes, etc… A Ponte não é o lugar de realização de negócio de compra e venda, seja de que mercadoria for. Por se tratar de uma obra de grande envergadura e importância económica e social, que a qualquer momento precisará de intervenção de técnicos e especialistas para sua permanente manutenção, o Município de Maputo e a Empresa Pública Maputo – Sul, e a Empresa Pública Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique(CFM)…
…Nesta conformidade, o Município de Maputo e as empresas Publicas Maputo – Sul e Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) apelam a compreensão de todos no acatamento voluntário das regras existentes e das que vierem a ser tomadas e anunciadas em prol da protecção de pessoas e bens e da economia nacional e da urbanidade.
Maputo, Novembro de 2018 [….]”
Maputo, Cidade Limpa, Bela, Segura, Solidária e Próspera
Como se isto não bastasse! É já comum ver grupos de pessoas a pé a atravessar a ponte. Porque a determinadas horas da noite os ferrys deixaram de operar, e as populações tem necessidade de voltar para casa. – Vejam este vídeo, copiem o link e coloquem na barra de endereços do facebook. Não está disponível no youtube: https://www.facebook.com/edgar.k.barroso/videos/10210620917399578/
Para nós, com o BigSlam, o mundo já é pequeno. Cada vez mais pequeno!
João Santos Costa – Novembro de 2018.
6 Comentários
Rogério Machado
Pois é…! A ponte faz falta? Claro, que sim! E o resto que reclamam? Também…! Mas se analisarmos corretamente, talvez o custo dessa ponte seja excessivo. Primeiro pelo facto de quem a fez, não dar “ponto sem nó…!” E neste caso, aqueles que me chamaram de explorador, vão pagar com “língua de palmo” essa injúria. E querem saber? Bem feito… tenho pena nenhuma! Mas que a ponte ficou bonita, ficou… e ainda vai dar teto para um monte de gente se albergar. Enquanto isso, nós que saímos, mas que continuamos gostando daquela terra, nos rimos… pra não chorar?
Katali Fakir
Não vou discutir a importância de existir ou não existir Pontes, visto que são as “pontes” que nos ligam e aproximam as gentes e os Povos, por isso serão sempre importantes num mundo que cada vez se parece mais com uma aldeola. O que importa é questionar as prioridades conjunturais e estruturantes de uma nação que precisa como pão para a boca gerar riqueza com vista á promoção de um desenvolvimento económico e social, racional e equilibrado e de forma mais abrangente. Não obstante a minha separação com a minha Terra Amada distar mais de 4 décadas, no entanto, a ligação afetiva, essa, está sempre presente e haja o que houver, sempre por bem. Dito isto, não podia de deixar de ficar espantado com a construção da Ponte Maputo/Katembe, por 2 razões: primeira, a envergadura da obra realizada por uma construtora obscura da República Popular da China; e a segunda, a prioridade deste empreendimento, num país com assimetrias profundas, cujo combate á fome e pobreza continua adiado e que uma ampla massa de população a viver abaixo do limiar da pobreza, sem cuidados de saúde primários, de higiene e segurança assegurados e com uma taxa de educação e desemprego alarmantes, ainda que seja recorrente dizê-lo na circunstância, não obrigado – é seguramente um acto patriótico e de um compromisso pluralista está enraizado na unidade essencial da raça humana. Em um mundo cada vez mais cosmopolita, é essencial que vivamos por uma “ética cosmopolita” que aborda a necessidade antiquíssima de equilibrar o particular e o universal, de honrar os direitos humanos e os deveres sociais, de promover a liberdade pessoal e de aceitar responsabilidade humana.
Paula
Seria importante que a ponte e todos os projectos de infra-estrutura beneficiassem o povo desse país. Infelizmente a disagualdade e tao grande e o nao investimento na infrastrutura social como a saúde e educação, torna a construção dessa ponte um descalabro. A poente beneficiam os cidadãos com veículos pois estes podem muito mais facilmente deslocarem-se as praias e também ao país vizinho. Aquele que não veículo passa a ponte a pé, outros veem oportunidades de negocio para começar a vender ao longo da ponte. Claro que a classe média não vai gostar!!!!
Esperança Marques
Todos quantos amamos Moçambique fomos acompanhando o que lá se passava e como se sabe torcíamos para que aquele País fosse conduzido da melhor maneira para uma destino mais feliz, desenvolvido, e com o povo progredindo nas condições de vida que todos (ou quase todos) desejavam. Como também todos prevíamos não seria fácil uma vez que houve uma destruição
total – ou quase- de tudo que poderia gerar os bens essenciais e riqueza para que, com o tempo, houvesse mais recursos para que o o País fosse caminhando rumo a um futuro melhor. Viu-se que o conceito de independência estava totalmente errado na cabeça daquele povo porque parece-me a mim que esperavam que Independência fosse igual a nada fazer e que tudo que lhes tinham dito (que pondo os brancos fora) eles ficariam ricos, donos de tudo o que os colonos tinham, seriam postos à disposição deles. A falta de educação do povo provocou uma euforia quase geral e assim deixou de haver o Moçambique com um futuro risonho e restou uma pobreza generalizada, degradação e tudo parou. Ficaram à disposição dos verdadeiros predadores, com a China na frente. E como ninguém dá nada sem levar muito mais, chegou-se à construção de edifícios faraónicos, hotéis em grande número que não tem clientes, resorts luxuosos que têm fechado pelo mesmo motivo, e o País profundamente endividado acena ao povo com essas grandezas – mas sem explicações do que teriam de penar para terem o benefício de tudo que ia surgindo e assiste-se, cada vez mais ao infortúnio daquela gente, que nem sequer tem o mínimo para que todos tenham algo para comer ou um hospital que preste os serviços mínimos, e por aí fora. Que pena, Moçambique!
Victor Carvalho
Acho importante esta construção para um melhor desenvolvimento da margem sul.
E bom lembrar que para lá das maravilhosas praias tem também um parque zoológico fantástico e uma ligação mais rápida aos países vizinhos.
O povo só têm a lucrar e bem merecem.
Os problemas que existem e outros que viram, vão sendo resivodos
Parabéns povo, Moçambique sempre em frente
ABM
“The Gross Domestic Product per capita in Mozambique was last recorded at 519 US dollars in 2017. The GDP per Capita in Mozambique is equivalent to 4 percent of the world’s average. GDP per capita in Mozambique averaged 282.24 USD from 1980 until 2017, reaching an all time high of 519 USD in 2017 and a record low of 131.60 USD in 1986.”
Fonte: https://tradingeconomics.com/mozambique/gdp-per-capita