“Mãe, Feliz Dia!”
“No domingo, como em todos os primeiros domingos de maio, vamos celebrar essa “Mulher que é Mãe!”
“À minha Mãe que foi a mulher mais inspiradora na minha vida, “A Primeira Estrela”, que ainda me faz namorar o céu!”
(…)_”Quando sonhei com a minha mãe a noite passada
não era apenas a lembrança do seu cabelo preto,
e dos braços brancos como costelas de um pássaro,
onde ela estiver será sempre o mundo verdadeiro,
a figura de uma lenda que não se divide com o vento,
corria assim no limiar da porta,
abria-a e olhava o exterior,
onde antes batia um coração um enxame cantava!
_Quando se voltou para mim e me viu,
ainda me amava com igual estremecimento,
porque os filhos transportam a beleza imprevisível dos desconhecidos,
se existem têm início num aquém ou num além,
sem lhes pertencer inteiramente,
os filhos avançam pelos campos de centeio,
estão a queimar agora a palha,
junto das casas abandonadas,
estão a negociar um assento disponível,
na carroça que passa,
e o seu alarido sobrepõe-se na tarde,
aos charcos redondos com água!
_A vida havia-nos separado, mas o sonho aproximava-nos!”
(…)
Impulsionado pelas palavras, embalado pelo sussurro de um sonho, fez-se o silêncio que embala a saudade, a flor de sal da poesia próxima, incentivada e incrementada na pele! Levantou-se o véu do mistério pela força mágica do poema, e foi o olhar demorado, sem revelar o seu secreto significado, que determinou o momento num turbilhão de emoção, e tudo num instante!
Assim, expresso aqui e agora neste primeiro domingo sem a figura determinante e conciliadora da minha singela existência, a mais humilde recordação à senhora minha mãezinha, dona Marília Manuela F.F. Craveiro (falecida em 23/12/24, aos 84 anos, a costureirinha de sinal impactante, filha da Elísia Legueira com o Elísio Reveles, o mestre sapateiro das Regalheiras).
A celebração do homem-poeta Bocage, do Portugal setecentista, à sua Marília (talvez como a minha Marília na luz dos olhos meus, “há nos olhos meus ironias e cansaços”, descrevendo os seus encantos (soneto-XXVI):
_”Marília, se em teus olhos atentara,
Do estelífero sólio reluzente,
Ao vil mundo outra vez o omnipotente,
O fulminante Júpiter baixara:
Se deus, que assanha as Fúrias, te avistara,
As mãos de neve, o colo transparente,
Suspirando por ti, do caos ardente,
Surgira à luz do dia, e te roubara:
Se a ver-te de mais perto o Sol descera,
No áureo carro veloz dando-te assento,
Até da esquiva Dafne se esquecera:
E se a força igualasse o pensamento,
Oh alma da minha alma, eu te oferecera,
Com ela a Terra, o Mar e o firmamento!”
Assim nasceu e assim viverá esta pequena exaltação, na mais pura e doce nostalgia, depois da tempestade, porque todos somos instantes, …, e num instante, já não somos nada! Não esquecer que a única garantia que temos, é o aqui e agora [no nosso “Ponto d’Encontro”, subscrito pela mútua celestial com os Deuses do Olimpo ou outros que tais!].
Para um dia inicial e bom, inteiro e limpo, feliz e contente, “as begónias da minha Mãe”:
_”Para compreender a indigência dos outros, aceita aclarar as chamas do teu próprio tormento!”
[por José Tolentino de Mendonça, poeta, teólogo e cardeal português, presente no Conclave, agendado para 7 de Maio, …, “com vasta cultura, capacidade administrativa e notoriedade mundial, capaz de inspirar mentes e corações”, segundo o jornal italiano “La República”].
_Feliz “Dia da Mãe” a todos, todos, todos!
_Olá, bom dia!
Aos beijos e abraços, v/”Devoto Incensador de Mil Deidades” , Paulo JF Craveiro [“o Bispo de Lavos” a 4 de maio de 2025, nas Regalheiras de Lavos]
Crónica de Eugénia Galvão Teles em “Elogio da Mãe Relapsa”, no jornal “Expresso” (Ideias, 2/5/25);
[1] Músico, Carlos Martins no álbum “Do Outro Lado” (março de 2006, em agradecimento);
[1] Poema “O Sonho” de José Tolentino de Mendonça, no livro “O Centro da Terra” (Assírio & Alvim, 2024);
[1] Manuel Maria L’Hedoux Barbosa du Bocage, 1765-1805, poeta (talvez o maior representante do arcadismo lusitano);
8 Comentários
josé carlos alves da silva
Amigo Paulo. Parabéns, lindíssima homenagem à sua Mãe, se me permite alongo para todas Mães do Mundo. Feliz dia Mãe. Todos os dias são dias da Mulher, da Mãe, do Pai, do Avô, da Avó, da Criança, etc…. Pensemos Neles todos os dias. Feliz dia.
Óscar Marques
Parabéns Paulo, uma bonita homenagem á tua mãe, que acaba por se estender a todas as mães dos mundo.
São palavras articuladas de uma forma que a todos nos toca no coração.
Um grande abraço
Manuel Martins Terra
Palavras profundas que nos tocam a todos, que lembram o dia da mãe, uma data muito querida que com muito amor a celebramos. Diria que tem uma mãe tem tudo, quem já não a tem carrega consigo a eterna saudade. Feliz dia da Mãe, a todos.
Manuel Martins Terra
Diria que quem tem uma mãe tem tudo, quem já não a tem carrega consigo a eterna saudade Feliz dia da Mãe, a todos.
Cátia Sousa
Que homenagem tão bonita a uma tão doce senhora, a D. Marília. Muitos parabéns Paulo pelas palavras tão lindas que dedicaste a tua mãe e a todas as mães.
JoséManuelSimões
De enorme profundidade, este post; um abraço ao Autor (desde as Regalheiras).
Feliz Dia das Mães: passadas, presentes e futuras; todas, todas e todas.
Helena Carvalho
Paulo Craveiro, que linda homenagem à Sua e todas as Mães! Relembro o ar singelo e toda a doçura no olhar da Dona Marília que tive todo o prazer em conhecer. Um abraço apertadinho e um beijinho à querida Salomé
Samuel Carvalho
Belíssima homenagem, Paulo Craveiro. Neste Dia da Mãe, lembramos com amor todas as que já partiram, mas vivem para sempre em nós. 🤍🌷