Moçambique Voltou A Recorrer A Um Mercenário
Moçambique voltou a recorrer aos serviços do mercenário zimbabweano, Lionel Dick, para ajudar no conflito armado que há três anos grassa na província de Cabo Delgado. Este recurso resulta porque “As Forças de Defesa de Moçambique não estão preparadas e têm poucos recursos …”.
A primeira colaboração mercenária de Lionel Dick a Moçambique verificou-se há 35 anos, com a liderança de “… um grupo para-quedista que tomou o então quartel-general da Renamo, Casa Banana, na Gorongosa …”.
Transcrevo de seguida, na íntegra e com a vénia devida, o texto de um email que suporta esta introdução, e reencaminhado de Portugal por um amigo desde os tempos de juventude, colega na Escola Industrial, e companheiro em Boane (serviço militar obrigatório):
MOCÍMBOA DA PRAIA
LÍDER DOS MERCENÁRIOS TRAÇA CENÁRIO ATERRADOR
REPASSO: Lionel Dyck é o chefe dos mercenários que o governo de Moçambique contratou para fazer face ao conflito armado em Cabo Delgado. O zimbabweano é um velho conhecido de Moçambique, pois há 35
anos liderou um grupo paraquedista que tomou o então quartel-general da Renamo, Casa Banana, na Gorongosa. Agora foi a vez do governo de Filipe Nyusi contratar a sua empresa Dyck Advisory Group (DAG) para combater os terroristas.
O Duque, como é conhecido, contudo, diz-se preocupado com a situação.
“As Forças de Defesa de Moçambique não estão preparadas e têm poucos recursos e temos que avançar rapidamente. Algumas das atrocidades cometidas são diferentes de tudo que eu já vi antes e já vi muitas guerras, em muitos lugares diferentes. O massacre que se seguiu ao ataque ao Posto Policial de Quissanga envolveu a mutilação de corpos, o corte de membros e acreditamos que os agressores comeram algumas partes do corpo. Apesar dessa barbárie, esse inimigo está organizado, motivado e bem equipado. Se não chegarmos a esse ponto, ele espalhar-se-á rapidamente para o sul e será uma catástrofe para toda a região”, considerou o empresário em entrevista à Africa Unauthorized.
Lionel Dyck voltou a Moçambique há cerca de sete anos. A sua empresa foi, na altura, contratada para fazer face à caça furtiva no sul de Moçambique. A sua missão teve muito sucesso e em setembro do ano passado, com a autorização de Filipe Nyusi, foi contactado pelo chefe de polícia de Moçambique para lidar com a insurreição crescente em Cabo Delgado e nesta entrevista revelou o que encontrou.
“Descobrimos que é uma mistura desagradável de redes criminosas antigas e bem organizadas envolvidas em marfim, rubis e esmeraldas. Contudo, o grande negócio de bilhões de dólares é a heroína sendo transportada pela área e distribuída a norte e sul. Isso agora assumiu uma face islâmica e é uma combinação altamente eficaz com forte apoio externo”, considerou o mercenário.
ATAQUES AÉREOS
A estratégia, neste momento, da sua empresa passa por missões aéreas.
No entanto, Lionel Dyck espera ter a breve trecho capacidade para avançar no terreno.
“No momento, a nossa capacidade de ataque está quase totalmente no ar. Atacamos os campos inimigos pelo ar e estamos a usar aeronaves para interditar os seus suprimentos, que são transportados por terra e no mar. Acredito que fomos bem-sucedidos em retardar o seu avanço, mas esta guerra está longe de estar vencida.
Temos que iniciar um programa de seleção e treinos imediatamente, para que possamos levar homens bons para o campo e levar a luta de volta ao inimigo tanto pelo ar como no solo. Também pretendemos aproximar a nossa base de operações de Mocímboa da Praia, que foi atacada recentemente pelos rebeldes”, afirmou, negando qualquer tipo de ajuda por parte de governos estrangeiros, como foi o caso do britânico.
“Simplesmente não confio neles; eles nunca contam a história toda e sempre há outra agenda em jogo com eles. Sinto que devemos seguir sozinhos nesta fase com o pouco que temos e mudar isso. Vai ser difícil, mas temos que vencer isso”.
Pierre Vilbró – Setembro 2020
5 Comentários
César Sobral
Foram capazes de lutar cerca de doze anos contra os colonialistas portugueses, e não são capazes de expulsar meia -dúzia de fanáticos muçulmanos ?
Pierre Vilbró
Srª. Dª. Rosa:
Na sua frase “Boa sorte para Pierre Vilbró e seu exército.”, conviria que clarificasse o quis dizer com a palavra “exército”, a fim de se evitar interpretações e conclusões erradas por parte dos(as) leitores(as).
Não tenho nem nunca tive qualquer exército, senão o pensamento, a folha de papel e a caneta. Sou um cidadão anónimo e livre,
como muitos outros, e que pacatamente vive a sua vida.
Obrigado e respeitosos cumprimentos.
Pierre Vilbró
Rosa
Obrigada por este artigo. Muito interessante e muito triste mesmo. Espero que consigam por termo a esses assassinos. Desgraca. Boa sorte para Pierre Vilbro e seu exercito.
António Amorim Lopes
Era maquinista dos Caminhos de Ferro de Moçambique. Residia na altura em Lourenço Marques, presentemente Maputo, onde nasceram os meus filhos, mas tive que vir para Portugal devido a um choque de comboios em que fiquei gravemente ferido mas nunca esqueci aquela maravilhosa terra. Custa.me imenso tomar conhecimento das atrocidades sofridas principalmente pelos habitantes do norte de Moçambique sem que se possa pôr termo a essa onda assassina.
As boas gentes de Moçambique mereciam melhor sorte e não deviam estar sujeitas a essa horda de assassinos. Que Deus proteja toda a população para que possa viver em paz, que bem o merece.
antonio ughetto
Minha terra bem amada, agora contrata Mercenários, lembro-me que no meu tempo a situação era bem mais pacífica, andei por todo o Moçambique, a Norte de Mocimboa da Praia a Pemba passando por Nampula (onde nasceu o meu sobrinho) descendo para Quelimane, Tete, Beira e Buzi (onde comi os melhores caranguejos do Mundo) descendo até Inhambane (terra da minha avó e mãe) passando pela terra mais a sul (onde nasceu minha bisavó) até Lourenço Marques (Maputo) onde eu nasci..
Tudo era uma maravilha, a verdadeira África, que hoje já não existe…..