As sugestões de Maria Madalena Baptista ao meu post : “Resposta ao comentário de João Santos Costa sobre a ADSE”
Querida Filha:
“Um dia , quando olhares para trás, verás que os dias mais belos foram aqueles em que lutaste”.
(Sigmund Freud)
Como sentenciaram os antigos romanos “nihil novi sub sole” (nada de novo debaixo do sol), estou cansado de arcar sobre os meus ombros de octogenário muitas injustiças porque “há lágrima espremidas pelas mão da prepotência e a lei acobarda-se de levar aos olhos do fraco o lenço que vela os olhos da Justiça” (Camilo Castelo Branco).
Reconheceu um amigo meu de Lourenço Marques, Augusto Cabral, referindo-se à minha personalidade (ou simples maneira de ser?) no prefácio a um meu livro (1972): “Não é de estranhar, pois, que tenha defendido desde que chegou a esta terra, há um ror de anos, a sua posição em particular e da sua classe em geral. Defesa essa em que tem sido intransigente, mesmo quando fica sozinho e luta até ao último alento: até, mesmo, quando lhe falta o apoio daqueles que sobre estes assuntos se deviam pronunciar e o não fazem, limitando-se em colher os benefícios , quando os há, da luta que ele tem travado”.
Não fosse o gozo, de à boa maneira camiliana de “não respeitar os tolos” e o orgulho em não curvar a cerviz a forças poderosas como a ADSE sobre uma questão de natureza similar da que hoje está em cima da mesa, não teria tido a resiliência de nessa época correr de Herodes para Pilatos num litígio de sete anos (1984-1991), tantos quantos Jacob serviu Labão pai de Raquel.
Nesse meu labor foram por mim redigidas páginas sem conta em exposições ao director-geral da ADSE, ao Provedor de Justiçada e, inclusivamente, ao presidente da Republica Mário Soares. Foi encerrado este litígio pela remissão por parte da ADSE ao brocado jurídico “que a minha vontade substitua a razão”!
Ou seja ontem como hoje não se tratava de interpretar lexicamente uma lei, pese embora pudesse estar redigida segundo a imposição de um ministro espanhol que, como conta o escritor Pio Baroja, advertia o seu secretário: “Senhor Rodriguez, veja lá se a lei está redigida com a suficiente confusão!”
Nessa altura, pretendi pôr em causa a justiça de uma lei que retirava a licenciados universitários convenções do âmbito da ADSE, continuando a mantê-las a profissionais alguns, apenas, com o exame da 4.ª classe. Hoje discuto a lei que lançou para o caixote de lixo antigos cônjuges de titulares da ADSE, alterando, inopinadamente, as regras a meio do jogo, passando a permitir novas adesões apenas até à idade de 65 anos. Aliás, estas alterações estão a ser revistas aguardando eu que, em nome da justiça social corrijam o que dever ser corrigido pelos motivos por mim alegados em vários artigos de opinião nos jornais “Público” e “Diário as Beiras” e em textos publicados nos blogues “BigSlam” e “De Rerum Natura”.
Quanto à sugestão que me fizeste em escrever uma “Carta Aberta” ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, julgo ser desnecessário por numa presidência de afectos tudo quanto diga respeito à velhice e à doença será do seu conhecimento pela leitura diária dos jornais.
O conselho que me dás de escrever aos deputados de S. Bento, parece-me pura perda de tempo. Como foi visto em noticiários televisivos, sentam-se (sem generalizações abusivas) os representantes do povo nas bancadas do hemiciclo frente aos ecrãs da televisão visionando, por vezes, assuntos fora do âmbito dos trabalhos parlamentares o que me leva a pensar que “aquila non capit muscas” (a águia não se entretém a apanhar moscas) perdendo tempo com a “velhada” e sua saúde num regresso a tempos de meados do século XX.. Como escreveu o escritor e médico espanhol Francos Rodriguez (1862-1931): “Quando se afirma acerca de um povo que é insalubre e que não emprega remédios para pôr cobro a semelhante estado de coisas, tem de se lhe chamar bárbaro. É barbárie não respeitar o direito, não respeitar as crenças, não respeitar os sentimentos, converter a força em único e supremo governo das colectividades”. “O tempore o mores”, como sentenciou Cícero!
Beijos gratos pelos teus cuidados.