No Rescaldo dos 25 anos da criação da Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física (FCDEF) da Universidade de Coimbra
Eu sou eu e as minhas circunstâncias” (Ortega y Gasset).
No dia 19 do passado mês de Fevereiro do ano em curso, com pompa e circunstância, como sói dizer-se, foi comemorado um quarto de século sobre a criação da oitava e última faculdade da vetusta Universidade de Coimbra, a Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física, mercê de um entrosamento de vontades de que é da mais elementar justiça destacar o papel desempenhado por figuras destacadas desta Academia, nomeadamente Rui Alarcão (seu Reitor), António Poiares Baptista e António Pinho de Brojo (seus vice-Reitores), Manuel Viegas de Abreu (Director da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação) e Adriano de Sousa (professor da Faculdade de Farmácia).
De realçar, a notável conferência proferida por José Manuel Constantino, presidente do Comité Olímpico de Portugal, intitulada: “Importância do Ensino Superior Universitário na preparação dos atletas de alta competição”.
Circunstâncias da minha vida proporcionaram que eu tivesse sido nomeado, por concurso público, docente de Recuperação e Terapia pelo Movimento do então criado Instituto Superior de Educação Física da Universidade do Porto (1975) e décadas volvidas docente convidado de Condição Física da actual Faculdade de Desporto e Educação Física da Universidade de Coimbra.
Acerca desta efeméride recorda-se a acção desenvolvida por um grupo de professores de Educação Física desta cidade em defesa da necessidade e urgência da criação desta faculdade. Assim, com o título “Professores querem Faculdade”, era publicada a seguinte notícia de que respigo:
“Um grupo de licenciados em Educação Física defendeu, sexta-feira passada, em conferência de imprensa, a urgente criação da Faculdade de Educação Física na Universidade de Coimbra.
A mesa que presidiu ao encontro com os jornalistas era formada pelos professores Adelino Canelo, Luís Pires, Câmara Pestana, Rui Baptista, Vitor Azinhaga e António Portas.
Rui Baptista, a quem coube o papel de porta-voz do grupo, historiou as tentativas já efectuadas quanto à criação da faculdade, aludindo à primeira comissão que foi nomeada, “algum tempo antes de 25 de Abril”, para estudar o assunto.
Novo grupo seria nomeado “logo após a revolução”, seguindo-se um outro “há algum, tempo”. O trabalho de qualquer deles, no entanto, não teve quaisquer resultados práticos, “menos por culpa dos seus membros, mais por responsabilidade de quem quis o ensino universitário de Educação Física em horizontes bem distantes de terras transmontanas”.
Entretanto, “um novo grupo de trabalho” (mais um…) terminou há poucos meses a sua actividade. Dele faziam parte dois doutorados em Educação Física, Jorge Olímpio Bento (Universidade do Porto) e Jorge Crespo (Universidade Técnica de Lisboa), que entregaram um plano de licenciatura ao reitor da Universidade de Coimbra, Rui Alarcão. Até ao momento, também com resultados práticos nulos.
Estamos em Novembro, a uns tantos meses da abertura do ano lectivo de 90/91, e ainda não se encontra publicado o Decreto-Lei que a deve instituir”, acrescentou Rui Baptista.(…) Realce para a presença, na conferência de imprensa, do catedrático Teixeira Dias, candidato a reitor, que na recente apresentação do seu “programa de acção, destacou a necessidade de criar rapidamente a Faculdade de Educação Física de Coimbra” (“Jornal de Coimbra”, 08/11/1989).
Embora, como sentenciou Gregório Marañón, a história só julgue os resultados e não os propósitos, não resisto, todavia, em justificar este meu artigo com os propósitos que nortearam a conferência de imprensa supra-citada deste grupo de professores de Educação Física das margens do Mondego em que se espelha a sombra da Velha Torre da sua multissecular Universidade.
Rui Baptista – Março de 2017