Mário Esteves Coluna, nasceu em Magude – Moçambique a 06 de Agosto de 1935.
Filho de José Maria Esteves Coluna, natural de Castelo que iniciou a sua actividade comercial numa Cantina dos Caminhos de Ferro em Magude e depois veio para Lourenço Marques tendo vivido no Alto Maé, onde conheceu a esposa Lúcia Chibure, natural de Lourenço Marques – Moçambique.
Ainda adolescente, começou por participar em combates amadores de boxe e, aos 15 anos, ingressou num clube de futebol local, o João Albasini.
Ainda jovem no campo do Mahafil, Mário Coluna e os amigos improvisavam saltos em altura colocando como fasquia os caniços que tentavam superar. Foi José Craveirinha que descobriu as aptidões de Mário Coluna para o atletismo e o convidou a participar em algumas provas, inscrevendo-o no Vasco da Gama, tendo depois representando o Desportivo. Chegou a bater o recorde de Moçambique do salto em altura, com uma marca de 1,835m, antes de se fixar definitivamente no futebol.
Atletismo:
A sua 1ª prova oficial em Atletismo, foi a 13 de Janeiro de 1952, nos Campeonatos de Juniores, tendo corrido os 200 e 400 metros.
Competiu em diversas especialidades do atletismo: Velocidade (200 e 400), de Meio Fundo nos 800 metros e participou nas estafetas 4×400, estafeta Sueca e estafeta Olímpica. Mas foi sem dúvida no salto em altura que Mário Coluna se destacou como um excelente saltador, tendo batido o Recorde de Juniores ao saltar a fasquia de 1,82 metros – Recorde de Moçambique.
Mais tarde em 1953 num Torneio Internacional de Atletismo em representação da seleção de Moçambique, venceu o salto em altura no confronto com os atletas da África do Sul, estabelecendo o novo recorde na categoria de seniores, com a marca de 1.835 metros . O anterior recorde de seniores pertencia ao seu colega de equipa Luiz Nunes, com a marca de 1,83 metros. O recorde do Mário Coluna permaneceu durante vários anos até ser batido.
Competiu até 1954 como atleta e sempre com excelentes resultados, embora não treinasse muito e fosse o futebol a sua preferência desportiva.
A 27 de Março de 1978 a quando da inauguração da Pista do Parque dos Continuadores com a presença da Ministra da Educação e Cultura Srª Graça Machel, Mário Coluna esteve presente, tendo participado na categoria de Veteranos em diversas provas (2º lugar nas provas de 80 metros, 800 metros e salto em altura).
Mas a sua grande paixão foi sempre o Futebol.
Futebol:
Clubes que representou como futebolista: João Albasini (Moçambique), Desportivo de Lourenço Marques (Moçambique), Benfica (Portugal) e Olympique Lyonnais (França), como jogador. Benfica (camadas jovens), Estrela de Portalegre, Benfica de Huambo (Angola), Clube Ferroviário de Maputo, como treinador.
Foi 57 vezes internacional A, marcando 8 golos, entre 1955 e 1968. Foi o capitão da selecção nacional que alcançou o 3º lugar no Campeonato do Mundo de Futebol, em 1966. Foi conhecido como o “Monstro Sagrado”
Principais títulos conquistados: Bicampeão europeu de clubes em 1961 e 1962, e integrou a Selecção Nacional que alcançou o terceiro lugar no campeonato do mundo de 1966, em Inglaterra. Dez títulos de campeão nacional ao serviço do Benfica (1954/55, 1956/57, 1959/60, 1960/61, 1962/63, 1963/64, 1964/65, 1966/67, 1967/68 e 1968/69) e seis taças de Portugal (1954/55, 1956/57, 1958/59, 1961/62, 1963/64 e 1968/69).
Foi reconhecido como o melhor médio português de todos os tempos. De certa forma, pode-se dizer que viveu um pouco na sombra do “rei” Eusébio, apesar de hoje todos lhe reconhecerem enorme importância na década de grande sucesso do futebol nacional.
Aos 16 anos, ingressou no Clube João Albasini de Lourenço Marques. Por aí passaram alguns dos mais talentosos jogadores moçambicanos, como Matateu.
O Desportivo de Lourenço Marques (GDLM) foi o clube seguinte. Aos 17 anos já integrava a primeira equipa da filial do Benfica em Moçambique. Era, na altura, um avançado-centro temível e foi com essas credenciais que em 1954, entrou pela porta principal do clube das águias, o Sport Lisboa e Benfica (SLB). Contudo, ao contrário do que sucedeu a José Águas e Eusébio, não se conseguiu impor como avançado.
Foi Otto Glória quem percebeu que não seria como avançado-centro que Mário Coluna se iria destacar e recuou-o para o meio-campo, tendo-lhe confiado a missão de comandar a equipa «encarnada».
Participou no jogo de futebol da inauguração do Estádio Salazar em Moçambique, tendo sido o capitão da Seleção nacional que defrontou o Brasil. Neste encontro o Brasil venceu Portugal por 2-0.
A sua carreira de treinador começou precisamente no Benfica, nos juniores, depois de não ter aceite convites do Belenenses e F.C. Porto para continuar como futebolista. Surgiu então uma proposta do Lyon e decidiu emigrar e voltar aos relvados por uma temporada 1970/71).
Regressou a Portugal para trabalhar, em conjunto com Janos Biri, nas escolas de jogadores. O Estrela de Portalegre convidou-o a assinar como técnico principal, mas Mário Coluna não gostou da experiência e regressou à formação de jovens talentos.
Na altura do 25 de Abril de 1974, encontrava-se a treinar o Benfica de Huambo, em Angola. No entanto, não conseguiu resistir ao apelo das raízes e voltou a Moçambique. Samora Machel então Presidente da República Popular de Moçambique como reconhecimento pela promoção que deu a Moçambique, fez dele deputado. Foi depois eleito presidente da Federação Moçambicana de Futebol.
Foi treinador do Clube Ferroviário de Maputo em 1976.
Distinções:
A 19 de Dezembro de 1966, foi agraciado com a Medalha de Prata da Ordem do Infante D. Henrique.
Foi presidente da Federação Moçambicana de Futebol (FMF).
Antes de ser eleito, criou uma Academia de Futebol na vila da Namaacha, para formação de jovens (garotos) moçambicanos, com apoio financeiro da FIFA.
A 25 de Fevereiro de 2014, com 78 anos, o “Monstro Sagrado” perdeu a vida no Instituto do Coração em Moçambique, em consequência de complicações decorrentes de uma infeção pulmonar.
Resultados nas provas de Atletismo que participou em Moçambique:
1952
13/01/1952 – Campeonatos de Juniores
200 m – 2ª Série – 3º lugar – 25,9 seg.
400 m – 1ª Série – 2º lugar – 56,1 seg.
Final – 4º lugar – 57,0 seg.
25/01/1952 – Campeonatos de Seniores (1ª Jornada)
800 m – 3º lugar – 2.12,4 seg.
400 m – 1ª Série – 1º lugar – 54,8 seg.
4×400 m – GDLM – 1º lugar 3.43,1 seg. – (A. S. Graça, A. Fornasini, Mário Coluna e Vasco Mendes)
11/02/1952 – Campeonato de Seniores ( 2ª Jornada)
Altura – 3º lugar – 1,70 m.
01/12/1952 – Torneio de Abertura
Comprimento Principiantes – 5,465 m.
Altura Principiantes – 1º lugar – 1,80 m. – Recorde de Moçambique Igualado.
1953
04, 05/01/1953 – Campeonatos de Principiantes
Peso – 5º lugar – 10,32 m.
300 m – 2ª Série – 2º lugar – 39,6 seg.
Final – 1º lugar – 39,2 seg.
Altura – 1º lugar – 1,66 m.
18,19/01/1953 – Campeonatos de Juniores
Altura – 1º lugar – 1,82 m. – Recorde de Moçambique.
31.01.1953 – Campeonatos de Seniores
Altura – 2º lugar – 1,65 m.
4×400 m (GDLM) – 3.43,1 seg. – ( A. S. Graça, A. Frnasini, Mário Coluna e Vasco Mendes).
09/02/1953 – Dia dos Recordes
Altura – 1º lugar – 1,79 m.
Estafeta Olímpica (GDLM) – 1º lugar – 3.44,5 seg. – (Mário Coluna, Vasco Mendes, A. Fornasini e Mealha da Costa).
16 e 17/02/1953 – Torneio Internacional com a equipa Durban Athletic Club
Altura – 1º lugar – Mário Coluna (GDLM) – 1,835 m. – Recorde de Moçambique de Seniores.
2 º lugar – Gandy (Durban) – 1,79 m.
3º lugar – Luis Revez (SCLM) – 1,79 m.
Estafeta Sueca – GDLM – 3º lugar -2.09.5 seg. – (Vasco Mendes, Mário Coluna, A. Fornasini e Mealha da Costa).
23/02/1953 – Torneio de Encerramento
Altura – 1º lugar – 1,815 m.
Estafeta Olímpica (GDLM) – 1º lugar – 3.43,0 seg. – (Mário Coluna, Vasco Mendes, A. Fornasini e Mealha da Costa).
1954
24,25/01/1954 – Campeonatos de Juniores
800 m – 4º lugar – 2.12,9 seg.
4×400 m (GDLM) – 2º lugar – 3.55,4 seg. – (Mário Coluna, K. Haribhai, F. C. Ferreira e Jean Fabre).
Altura – 2º lugar – 1,75 m.
400 m – 2º lugar – 55,0 seg.
31/01/1954 – Campeonatos de Seniores
Altura – 2º lugar – 1,73 m.
4×400 m (GDLM) – 1º lugar – 3.36,9 seg. – (Mário Coluna, Rui Bastos, A. S. Graça e Vasco Mendes).
01/02/1954 – Campeonatos de Seniores
800 m – 5º lugar – 2.13,5 seg.
- Deixa de praticar Atletismo em 1954 para se dedicar apenas ao Futebol.
1978
27.03.1978- Inauguração da Pista do Parque dos Continuadores
80 m Veteranos (36 a 40 anos):
1º Luís Revez (Sporting) – 10,6 seg.
2º Mário Coluna (Desportivo) – 10,9 seg.
3º Amândio Madeira – 11,9 seg.
800 m Veteranos (36 a 40 anos):
1º Amândio de Sá – 2.35,9 seg.
2º Mário Coluna – 2.43,7 seg.
3º Jacinto Magaia – 2.48,0 seg.
Altura Veteranos (30 a 38 anos):
1º Artur F. Junior – 1,55 m.
2º Mário Coluna – 1,40 m.
3º Amândio de Sá – 1,40 m.
Melhores marcas de Mário Coluna:
80 m Veteranos (36 a 40 anos) – 10,9 seg.
800 m Veteranos (36 a 40 anos) – 2.43,7 seg.
Altura Veteranos (30 a 38 anos) – 1,40 m.
200 m – 25,9 seg.
300 m – 39,2 seg.
400 m – 54,8 seg.
800 m – 2,12,4 seg.
Comprimento – 5,465 m.
Altura – 1,82 m – Recorde de Juniores de Moçambique.
Altura – 1,835 m – Recorde de Seniores de Moçambique.
Peso Principiantes – 10,32 m.
4×400 m (GDLM) – 3.36,9 seg.
Estafeta Sueca (GDLM) – 2.09,5 seg.
Estafeta Olímpica (GDLM) – 3.44,5 seg.
3 Comentários
Rafael Rodrigues Nunes
Se o Victor Pinho me permite,acrescento mais um dado sobre o pai do Mario Coluna.Trabalhou também no almoxarifado um organismo estatal que ficava na Elias Garcia,perto da capitania.Foi aí que conheci o Coluna,quando ele ia ter com o pai ao fim da tarde.Eu morava na Av.República perto da Cruz do Oriente.
ABM
O Pai dele é de Castelo?
José Melo
Em Portugal há 4 freguesia do castelo: Lisboa, Sertã, Moimenta da Beira e Sesimbra.