BODAS DE OURO DO ESTÁDIO DA MACHAVA (30.06.2018)
Com a Portaria nº 15427 no Boletim Oficial nº 45 – 1ª Série a 11 de Novembro de 1961, onde é concedido ao Clube Ferroviário de Moçambique um terreno próximo da Machava, mais propriamente na encosta direita do Vale do Infulene de 31 hectares, para a construção de um Estádio.
Sendo na altura Governador-Geral o Almirante Manuel Maria Sarmento Rodrigues e Governador do Distrito de Lourenço Marques o Comandante Vasco da Gama Rodrigues, figuras que ajudaram e facilitaram este projecto.
A 10 de Abril de 1962 o Eng. Horácio Avelino Brazão de Freitas numa Assembleia do clube aprova o ante-projecto do Estádio. De referir que a 29 de Junho de 1963 é iniciada a fase de terraplanagem .
Entretanto de referir que a massa associativa do clube contribuiu com uma quotização suplementar, organizando também quermesses, churrascos, serões musicais, festas, rifas etc, para ajudarem a construção do estádio.
Em meados de 1965, era iniciada a construção das bancadas sob a orientação do Chefe do Serviço de Via e Obra Eng. Domingos Vaz e colocada a relva no rectângulo de Jogos.
A 06 de Outubro de 1966, em Assembleia Geral do Clube foi dado ao Estádio o nome de Estádio Salazar em homenagem ao Presidente do Concelho de Portugal, embora o desejo dos associados fosse terem designado o Estádio como Estádio dos Ferroviários ou com o nome de Eng. Sousa Dias.
Em 1967 foi constituída uma Comissão incumbida de organizar o programa da inauguração de forma a corresponder a grandeza da obra.
O HOMEM DO ESTÁDIO – ENG. SOUSA DIAS
Muitas foram as figuras que de uma forma ou outra, contribuíram para que esta obra se tornasse uma realidade.
Naturalmente, entre todos ligados ao processo, surge o momento Eng. Albano Augusto de Sousa Dias, o “Homem do Estádio” aquele que tornou o sonho uma realidade, mercê de um esforço gigantesco e de uma tenacidade de ferro.
De referir que o Presidente do CFM Eng. Sousa Dias, faleceria 27 dias após a inauguração do estádio.
ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA OBRA – ESTÁDIO DA MACHAVA
O estádio tem a forma elíptica e foi construído sobre uma compensação de terras, e nesta foi efectuada uma cota de menos de 6 metros no centro da área de terraplanagem.
Depois da compactação mecânica, foram revestidas as encostas com 26 degraus de bancadas de betão armado, assentos sobre nervuras de fundação também de betão.
Foram efectuadas obras e dois corredores de circulação com 16 portões de entrada e saída do público de modo a permitir evacuar o estádio em caso de emergência em doze minutos.
O Estádio compreende um rectângulo relvado para a prática de futebol, e pistas para a prática de Atletismo e Ciclismo. No exterior construída uma estrada asfaltada de circulação com uma faixa de rodagem com 723,10 metros de comprimento.
Tem uma Tribuna Central com 24 camarotes laterais de 2,40×2,25 m, cabinas de som e comando de instalação de iluminação, bem como compartimentos para os órgãos de comunicação e com ligações telefónicas para o exterior. Tem também um marcador electrónico de 44 m2 de superfície, relógios etc.
Para além destas infra-estruturas tem também balneários, vestiários, posto médico e de massagens, quartos etc.
A Porta da Maratona construído sob as bancadas um viaduto com dois vãos de 5 metros.
ELEMENTOS TÉCNICOS
- Área de jogo destinada a competições desportivas – 21760 m2
- Rectângulo de jogo relvado – 105 m x 70 m
- Pista de Atletismo – 7 corredores com 402,135 m de corda a 30 cm do bordo interior, tem percursos para provas de obstáculos, para saltos (comprimento, triplo-salto, altura, vara) e para lançamentos (disco, peso e dardo).
- Pista de Ciclismo – lagura máxima 11 m; largura mínima 8 m; sobre elevação máxima de 3m e sobre elevação mínima de 0,50 m.
LOTAÇÃO
Capacidade para 32180 lugares sentados, podendo a pista se ciclismo ser convertida em peão com capacidade para 20.000 lugares mais.
Tem a possibilidade de receber no parque de automóveis cerca de 5.000 veículos com uma área de 300 000 m2.
BANCADAS
Projectadas para que cada lugar tenha 45 cm de largura por 80 cm de profundidade sendo cada assento sobre-elevado a fim de oferecer maior comodidade.
Todos os lugares marcados e bem referenciados.
ELECTRIFICAÇÃO DO ESTÁDIO
Com um posto de transformação com a potência de 630 KVA, instalação de iluminação do campo de jogos e pistas, iluminação de emergência, camarotes etc.
O posto de transformação é alimentado a 30 000 V a partir de um ramal em linha aérea da rede de distribuição da Sonefe.
A iluminação do campo de jogos obtém-se por 16 projectores Siemens de lâmpadas de “Xenon” de potência unitária de 20 Kw distribuídas por 4 Torres com 37 metros de altura.
A INAUGURAÇÃO – 30 DE JUNHO DE 1968
No dia 30 de Junho de 1968 com pompa e circunstância o CFM pulverizou a sua grandeza institucional e a hegemonia desportiva com a inauguração do Estádio.
Foi o acontecimento desportivo ocorrido no chamado ultramar Português de maior mediatização internacional e de maior mobilização humana e material.
A grande ausência nos acontecimentos foi o então Governador-Geral de Moçambique Baltazar Rebelo de Sousa por se encontrar em Lisboa na altura.
António Salazar enviou uma mensagem sonora que foi transmitida através das instalações sonoras do estádio às mais de 50 mil pessoas presentes, bem como estiveram presentes altos membros dos Governos e das empresas do Caminhos de Ferro e transportes da África do Sul, Malawi e da Suazilândia, para além de representações administrativas e desportivas de vários clubes e empresas.
Para além do desfile de escolas, clubes e outras actividades como Ginástica, Ciclismo e outras modalidades desportivas houve o encontro tão esperado entre as Seleções “A” de Portugal e do Brasil em Futebol, cujo desfecho foi a vitória do Brasil por 2-0. Embora sem as estrelas de cada Seleção Eusébio por Portugal e de Pelé pelo Brasil, proporcionaram um bom encontro tendo por Portugal alinhado o Capitão Mário Coluna, Hilário da Conceição e Manhiça.
Houve no início a entrada pela porta da Maratona do atleta internacional José Magalhães com a tocha olímpica que deu uma volta ao estádio subiu as bancadas e acendeu a pirâmide Olímpica, momento de grande importância nas cerimónias.
No Ciclismo o desfile da equipa de ciclismo do clube CFM comandados pelo grande ciclista Horácio Sucena.
ATLETISMO NA INAUGURAÇÃO
A comissão Organizadora do festival incluiu no programa 3 provas de atletismo que se realizaram no intervalo do Jogo de Futebol Portugal-Brasil.
As provas foram as que indicamos:
400 metros:
1º Joubert (A.Sul) – 49,2 seg.
2º José Magalhães (Moç.) – 50,2 seg.
3º Davies (A.Sul) – 51,7 seg.
4º Eliseu Hunguana (Moç.) – 52,0 seg.
5º João Pacheco (Moç.) – 52,4 seg.
6º Raul Poitivin (Moç.) – 55,9seg.
800 metros:
1º H. Menintjles (A.Sul) – 1.55,9 seg.
2º José Pina (Portugal) – 1.56,5 seg.
3ºJacklin (A.Sul) – 1.56,8 seg.
4º Luis Cossa (Moç.) – 2.02,7 seg.
5º José Silveira (Moç.) – 2.04,2 seg.
6º Nicolau de Sousa( Moç.) – 2.08,6 seg.
3000 metros:
1º Le Pan (A.Sul) – 8.49,8 seg.
2º Carlos Tavares (Portugal) – 8.50,8 seg.
3º A. Morrisson (A.Sul) – 9.00,4 seg.
4º A. Repinga (Moç.) – 9.32,2 seg.
OUTRAS REALIZAÇÕES IMPORTANTES NO ESTÁDIO
O Estádio da Machava foi palco da proclamação da Independência de Moçambique que se realizou no dia 25 de Junho de 1975 e com a presença do Presidente da Frelimo e da República Popular de Moçambique Samora Machel.
Também muitos outros acontecimentos importantes se realizaram no Estádio desde aspectos de carácter político, social, desportivo, cultural e religioso como o caso da realização no Estádio da missa pelo Papa João Paulo II.
Segundo dados oficiais o Presidente do CFM Sancho Quipiço anunciou a realização no dia 30 de Junho de 2018, para comemoração do 50º aniversário da inauguração deste estádio. Está previsto um jogo entre a equipa Sul-Africana – Jomo Cosmos e a equipa do Ferroviário Maputo. Também será realizada uma corrida de Estrada a que se deu o nome do antigo atleta do CFM – António Repinga, com o percurso a começar na Matola e a terminar no estádio da Machava, para além de Ginástica, Karaté, jogos de futebol masculinos e femininos nas camadas Veteranos do Ferroviário e do Maxaquene, para além de feiras de saúde, gastronomia, para-quedismo e lançamento de 50 pombos que simbolizam os 50 anos do estádio, espectáculo musical e fogo de artificio.
Fotos actuais do Estádio da Machava, tiradas em junho de 2018:
Um Comentário
ABM
Muito bem.
(errata: Presidente do Conselho)