A PUBLICIDADE
Já lá vai o tempo em que entrei para este “metier” de fazer publicidade, levado pela mão do António Alves da Fonseca e da sua esposa Maria Flávia, proprietários da GOLO – Agência de Publicidade.
No primeiro andar do Prédio “Diário”, assim chamado porque ali funcionava o jornal do mesmo nome, propriedade, se a memória não me atraiçoa, da Arquidiocese de Lourenço Marques e que se constituía como concorrente do “Notícias”, comecei a perceber o que era um anúncio para Jornal ou Revista e para a Rádio.
A GOLO, a par da realização dum conjunto de programas radiofónicos, navegava nestas 3 áreas da publicidade. Ainda estava longe o advento da televisão e dos computadores. A tecnologia era outra.
Era o tempo das bobines de fita magnética, dos gira-discos, das cartridges, dos pesados gravadores de reportagem EMI, dos Tandberg ou Nagra. Era o tempo do chumbo e da linotype.
Mas era também o tempo da publicidade com mensagem. Dum texto bem escrito e bem lido. Fosse em português ou em língua nacional. Hoje, salvo raras excepções, isso não acontece.
Que dizer por exemplo dum anúncio em que o locutor que faz a “voz-off” decide anunciar “carinhos” em vez de carrinhos? Este é um caso. Outros há.
O erro passa pelo cliente que encomendou o anúncio, pela Agência de Publicidade e pelo órgão de informação que veicula. E ninguém actua. Antes pelo contrário. Todos pactuam com este tipo de barbaridade. Os gestores das estações de Rádio, de televisão ou os jornais e revistas, têm de ter a coragem de rejeitar. De dizer NÃO a tudo quanto entendam não convir, porque está mal escrito e mal lido. Infelizmente não fazem isso. Deixam andar.
E o que está mal chega aos ouvidos dos nossos filhos, dos nossos netos. E estes, inevitavelmente, ao lerem ou escreverem seja o que fôr, vão falar tal qual o órgão de informação veiculou.
Infelizmente ainda há por aí muito “publicitário” apostado em preservar a mediocridade.
Quem quer que seja tem de “colocar o guizo ao gato”.PS: texto escrito por ocasião do décimo festival internacional de publicidade de Maputo, realizado de 8 a 10 de Setembro do corrente ano.
João de Sousa – 16.09.2015