ÁGUAS DE MARÇO!
O porta-voz diz uma coisa. O seu superior hierárquico diz outra. O assunto é o mesmo. As posições entre chefe e subalterno são diferentes.
Um diz que a estrada nacional vai passar a ser controlada. Outro diz que “não é bem assim”. Vamos controlar sim, se …
Se o quê? Se as perseguições não pararem.
Abrem a boca para dizer o que bem entendem. A credibilidade de um e de outro vai pelo ralo abaixo.
Ou será que andamos a brincar ao “polícia e ladrão“?
Bem me parece que sim.
Mas há mais: não se consegue encontrar um interlocutor válido. Mas antes, muito antes, o interlocutor existia. Era tratado com deferência. Com pompa a circunstância. De repente, perdemos o rasto do senhor. Anda pela parte incerta. E da parte incerta chega-nos a incerteza de que as coisas mudem. Para melhor é claro. Hoje diz-se uma coisa, amanhã outra. Perante este mar de contradições, as balas, dum e de outro lado, derrubam a esperança de paz. Derrubam o sonho da criança estudar. Das pessoas se movimentarem livremente. E dizem-se, os dois, amantes da paz.
Depois de muitas ajudas, muitos apoios, muita concertação, muita diplomacia, muitos observadores, há ainda quem venha de fora descobrir a pólvora: “há falta de confiança entre ambos”.
Há ainda a história duma carta com o pedido de mediação. Enviaram? Ou será que alguém diz que mandou e não mandou? Ou então alguém recebeu e diz que não recebeu?
Como dizia o cineasta e amigo (cito com a devida vénia) João Ribeiro … “os recentes anúncios de uns, mais a falta de anúncios de outros, as vontades adormecidas e as capacidades ocultadas de todos, levam-nos, passo a passo, para um destino já conhecido. E a certeza desse destino é tão clara quanto escuros são os seus fins. Tic-Tac. The clock is thicken. Did you notice?”
As Águas de Março estão aí à porta.
João de Sousa – 24.02.2016
Um vídeo de Elis Regina para ouvir e meditar: