Campeonato Nacional de Hóquei em Patins de 1971, conquistado pelo Desportivo LM (GDLM)
Na sequência da foto publicada no “Adivinha quem são!” em 10.11.2013 e sendo um dos intervenientes, gostava de esclarecer os leitores do BigSlam, sobre os factos mais relevantes relacionados com a dita foto:
Trata-se do Campeonato Nacional de Hóquei em Patins de 1971, realizado no Pavilhão do Sporting Clube de Lourenço Marques.
Vencedor: Grupo Desportivo Lourenço Marques (2º Campeonato Nacional conquistado pelo GDLM)
Em cima: Jorge Viegas (Seccionista), Fernando Adrião (Treinador), Abilio Moreira, Carlos Pereira (mais conhecido por Cirilo ), José Pedro Flores Cardoso (Capitão), Miguel Roussou e Carlos Ferrão (Director do Clube).
Em baixo: Amílcar Passos, Maia dos Santos, Fernando António (Xixa), Carlos Borges e Machado (Massagista).
Este Campeonato foi um dos maiores sucessos desportivos realizados em Moçambique. E na realidade foi mesmo. Lotações esgotadas todos os dias, excedendo em todos eles, o máximo de lugares do Estádio. Filas enormes nas bilheteiras todos os dias para comprarem as suas entradas…
Enfim, um sucesso fantástico e motivante para todos os intervenientes e jogadores, pois a adrenalina que se fazia sentir era imensa.
Passo citar uma revista angolana, a “Notícia”, que fez a cobertura do Nacional:
“Este terá sido, porventura, o Campeonato Nacional melhor disputado dos últimos anos. Desportivamente foi-o, sem dúvida. Financeiramente muito além do que poderia supôr-se. No momento que passa só Angola e Moçambique poderão proporcionar ao hóquei patinado o ambiente próprio que a modalidade exige, pese ao arrogante desinteresse dos responsáveis pelas coisas do Desporto no País. É absurdo – mais do que isso: estúpido fazer disputar os nacionais duas vezes na Metrópole para cada um dos “oferecidos” ao Ultramar. O Campeonato de há dois anos , em Luanda, e o desta época, em Lourenço Marques, revelaram, sem margem para hesitações, onde está a realidade do hóquei. Hoje por hoje, a Metrópole não enche seis dias consecutivos num pavilhão de sete mil lugares para assistir ao ”Nacional” de hóquei. …….. O melhor “Nacional” de Hóquei de sempre”. (fim de citação)
Gostaria de registar mais um facto inédito até aquela data, no Desporto Moçambicano:
Diz novamente a revista angolana, e passo a citar:
“Mas sentíamos também que o Desportivo possuía um grande trunfo: a sua falange de apoio.
Tinhamo-la mesmo por cima da rádio onde, nós, os da Informação de Angola, nos concentrávamos – no “morro da rádio” como passei a chamá-la.
O caso mais espantoso de apoio a uma equipa que já me foi dado ver (e ouvir !).
TUBARÃO, figura popular no clube local, marcava o tom. Uma banda com ritmo brasileiro ensurdecia o ambiente. Nada a fazer quando um dos árbitros pretendia fazer-se ouvir. Mas, sempre que os jogadores o queriam bastava um gesto e o “conjunto musical” silenciava. O sincronismo falange de apoio – equipa funcionou admiravelmente, comandado por “Tubarão” segundo as necessidades da equipa. Um coro formidável acompanhava a orquestra. Apoio total e completo á sua equipa. NEM UM REMOQUE AOS ADVERSÀRIOS”. (fim de citação)
Um dos refrões da banda era: “Olé, Olá, o Desportivo está botando pra ganhar”
Foi na realidade um espectáculo magnífico que todos tiveram oportunidade de presenciar, e que certamente ainda estará bem vivo na memória dos que a ele assistiram. Obrigado Tuba.
Alguns momentos dessa conquista:
Final do encontro e assinatura da ficha de jogo. Estava carimbado o 2º Campeonato Nacional, e mais um “caneco” para o Desportivo LM e para Moçambique.
Foto para a posteridade:
Em cima: Carlos Ferrão (Director); Amílcar Passos; Carlos Pereira “Cirilo”; Fernando Adrião (Treinador); Rui Ferreira (Director); José Pedro Cardoso (Capitão); Carlos Borges; Lino Freitas (Director); Jorge Viegas (Seccionista).
Em baixo: Bernardo; Maia Santos; Machado (Massagista); Fernando António “Xixa” e Victor Hans.
Com esta vitória o Desportivo L.M. conquistou o seu 2º Campeonato Nacional de Hóquei em Patins, dos três que vira a conquistar, sendo o último em Luanda – 1973.
No final do Campeonato, as avenidas e ruas da cidade tornaram-se num mar de carros e buzinadelas, enfim uma loucura. Só vi paralelo a quando da chegada dos hoquistas Vencedores do Torneio de Montreux em 1958, e das vitórias do Benfica de Lisboa na Taça dos Campeões Europeus de Futebol.
Esta foi mais uma página de Ouro para o Desporto Moçambicano.
Para terminar, o meu pensamento e homenagem ergue-se para os meus colegas que infelizmente não podem ver estas linhas, porque já nos deixaram. Eles sabem que nunca poderia falar destas inesquecíveis alegrias e marcantes situações das nossas carreiras desportivas, sem me referir a eles: Jorge Viegas; Fernando Adrião; Carlos Pereira “Cirilo”; Carlos Ferrão; Carlos Borges e Machado.
Igualmente aos nossos adversários que também já nos deixaram, um singela mas sentida homenagem, pois sem eles os nossos sucessos não teriam sido possíveis, nem faziam sentido.
Obrigado ao Samuel Carvalho, ao seu BigSlam e a TODOS aqueles que enviaram as suas mensagens através dos comentários do site.
José Pedro Flores Cardoso
3 Comentários
Fernando Pokee
Sou o Pokee, vivo em Braga e trabalhei na Universidade do Minho, joguei em Lisboa com o cirilo e José Pedro , no G:E;D:E, uma equipa feita com pessoal hoquista vinda de Moçambique em 1976/1977, nunca mais vi o Cirilo e José Pedro, o Fernando António e o Cirilo (ambos na tropa, ) joguei com Eles hoquei em Nampula no ferroviario de nampula,
abraço para Eles
Mário Santos
Eu estive presente nas (1971)bancadas, meu pai foi árbitro, mais conhecido por Silva Santos
Joaquim Ferreira Pinto
colaborei NESTA GRANDE VITÓRIA.