“COPY AND PASTE”
O “copy and paste” (copiar e colar) é uma ferramenta informática que muitos utilizam. Copia-se algo dum lado, para se colocar “ipsis verbis” o que se copiou, noutro sítio.
Muitos utilizam esta ferramenta para retirarem da internet os dados necessários à elaboração dum determinado trabalho. Copiam-se os textos e não se citam as fontes. Depois vai-se para uma Conferência, lê-se o que se escreveu e todo o mundo aplaude, pensando que aquele texto é de autoria de quem o leu.
Estes casos acontecem com alguma preocupante frequência. Na gíria académica este grave crime chama-se plágio. Algumas pessoas, por esse mundo fora, a quem se tenha, inequivocamente, provado a consumação desse crime, é-lhes cassado o seu título ou grau académico obtido nestas circunstâncias. É crime que não prescreve com o tempo. Já houve casos em que os seus autores foram julgados e condenados a título póstumo.
Na recente conferência, onde meio mundo foi exibir os seus dotes de palestrante, aconteceu isso. Uma figura grada da nossa nomenclatura decidiu dissertar sobre um tema. Como não estava seguro daquilo que ia dizer, foi à internet. Encontrou o que queria. Copiou o texto para o seu “paper” e leu o escrito na Conferência. No tempo de debate é que foram elas. Os dados apresentados eram dum outro país qualquer. Não eram de Moçambique. As reacções dos participantes não se fizeram esperar.
Aqui está o efeito negativo do “copy and paste”.
Mas há um outro que se reflecte numa notícia do passado dia 3 de Dezembro, escrita por um jornalista da Agência de Informação de Moçambique e distribuída pelos diferentes meios de comunicação social.
Uma notícia que era um desmentido à morte de Anibalzinho. O jornalista tratou o detido por ANIBALIZINHO (com um I a mais no seu nome). Referiu-se às “selas” (selas com S e não com C) da Cadeia de Máxima Segurança, passando pela “infecção urinal”, e acabando com uma EXPECULAÇÃO (com X e não com S).
A notícia vem gralhada da fonte e mesmo assim, outros meios de comunicação social transcrevem-na para os seus jornais.
Aqui está outro efeito negativo do “copy and paste”.
No meu tempo o meu chefe corrigia a notícia. E se verificasse a existência de imprecisões ou gralhas, de conteúdo ou de natureza ortográfica, pegava na notícia, deitava no caixote do lixo e dizia-me: “vai escrever de novo”. E eu ía.
O problema é que o meu tempo não é este tempo. As exigências já não fazem parte da nossa vida. Hoje qualquer “foca” escreve e manda publicar.
No que a esta notícia diz respeito, algumas perguntas: quem é o chefe desse menino? Onde está o revisor da AIM? Como é possível deixar passar na mesma notícia 4 gralhas? Será que a nossa Agência de Informação tem uma resposta para isto? Que tipo de formação recebeu o jornalista que escreveu esta notícia?
São estes e outros como este, que tomam de assalto as redacções dos meios de comunicação social e fomentam a mediocridade, sob o olhar complacente dos seus responsáveis. E quando alguém chama a atenção para o erro cometido, sujeita-se a ser apelidado disto e daquilo.
Infelizmente (ainda) não há ninguém que consiga colocar o guizo ao gato.
João de Sousa – 16.12.2015
Um Comentário
Paulo Craveiro
Excelente, João Sousa!
Pertinente, transversal e audaz!
Um guizo na consciência da pena!