Nome (completo): Armando Manuel Pires Rocha.
“Alcunha” ou nome pelo qual és conhecido entre os amigos: Nunca tive qualquer alcunha, apenas um diminutivo para os mais chegados – “Mandinho”.
Data de nascimento: 16 Novembro 1953.
Natural de: Nampula – Moçambique.
Localização actual: Santo André – Portugal
Estado civil: Casado.
Altura: 1,74 mt.
Peso: 93 kg (balança mal aferida eheheheh).
Profissão: Técnico de Segurança.
Ideologia política: Socialista.
Crença religiosa: Católica (não praticante).
Localização da tua residência em Moçambique: Nasci em Nampula,
mas fui para Lourenço Marques em 1957.
Inicialmente morei na Av. Pêro de Alenquer, num prédio muito perto do cruzamento com a Brito Camacho.
Depois morei na Av. 24 de Julho, num prédio com varandas coloridas (não me recordo o nome) por cima do Cortiço. Cruzamento com a Augusto de Castilho (esquina oposta à Escola Industrial).
A maior parte da minha vida passei-a na Avª Pinheiro Chagas (quando para lá fui ainda tinha apenas 2 faixas ao meio), junto do cruzamento com a Augusto de Castilho e em frente à Escola Profissional Vítor Ribeiro.
Ainda solteiro e a viver com os meus pais, morei em 2 apartamentos diferentes (um deles por cima do GOA). Posteriormente quando me casei, vivi num prédio que foi construído no local da Escola atrás mencionada.
Alguns dos meus amigos de infância: Zeca Ribeiro, Rui, “John”, “Kapa”, Octávio, Manel Batista, Luis Paulo, Pegado, Mota.
- Colégio António Barroso: Na época e apenas até à 2ª classe (se a minha memória não falha) eram admitidos alunos do sexo masculino.
- Escola Correia da Silva: Fiz o resto da instrução primária nesta escola. Houveram 2 momentos que ainda hoje me recordo, mas não pelos melhores motivos: o falecimento de um colega de turma quando estava na 3ª classe, e a saída de alguns colegas de origem indiana quando da crise de Goa, Damão e Diu.
Não tenho memória dos colegas desse tempo. - Liceu Salazar: Frequentei o 1º ciclo, mas depois de chumbar no 2º Ano dos liceus, os meus pais puseram-me no Colégio dos Maristas.
Colegas desse tempo: Lembro-me do Eustácio Dias e do irmão Ernesto, Rui Pinheiro, Cabanelas, Tadeu (filho do professor de ginástica).
Mais tarde (7º Ano) voltei a frequentar este Liceu. Nessa altura embora mais novo, lembro-me de lá andar o António Feio (infelizmente já falecido). - Colégio dos Maristas: Foram sem duvida e de longe os melhores anos, em termos de escola que passei na minha vida. A mentalidade dos Irmãos era bem à frente do que na altura se encontrava noutros lados. Foi onde eu vi mais vincado, o incentivo ao Desporto.
Disputavam-se ao longo do ano lectivo, campeonatos inter-turmas de várias modalidades (voleibol, basquetebol, futebol de salão e o célebre “bola ao mastro”, uma modalidade que só havia nos Colégios Maristas). Tudo isto devidamente organizado.
Amigos desses tempos são muitos e aqui menciono alguns: Fausto, Nogueira, Américo, Sérgio, Rajani, Russo de Sá, Agostinho, Vidal, Sá, Hubert, Caeiro, “Jack” etc. (que me perdoem os que não mencionei, mas a memória já falha um pouco).
- Liceu António Enes: Estudei aqui durante dois anos (6º e 7º) apenas, porque na altura havia alternância entre os liceus em relação às alíneas que se seguiam no 3º ciclo. Foram dois bons anos também, onde tive uma suspensão de 3 dias por me ter ausentado da área do Liceu, para ir a um café que ficava do outro lado da rua. Fomos vários os “contemplados”. Outros tempos!
Lembro-me de ter sido colega do Abreu que jogou no Ferroviário de LM (hoje é o responsável pela Segurança em Cabora Bassa segundo informação que recebi).
Serviço Militar:
Não fiz serviço militar embora tenha sido sujeito a duas inspecções. Entraria na 1ª incorporação de 74, mas talvez por ser natural de Nampula, o meu nome ficou para a 2ª incorporação que já não veio a acontecer, devido ao 25 de Abril.
Posteriormente (já em Portugal) quando procurei obter licença militar para uma deslocação a Espanha, a minha papelada não foi encontrada e por isso tive que fazer nova inspecção (já com 24 anos) tendo ficado na Reserva Territorial.
Percurso profissional:
- Em Moçambique trabalhei no Banco Standard Totta, de Janeiro de 1975 a Junho de 1977 (quando vim para Portugal). Comecei na Agência 2525 (nº da porta) na Pinheiro Chagas e depois passei a Caixa na Sede (Praça 7 de Março).
Foram tempos muito engraçados porque a “Equipa de Caixas” era formada por uma cambada de “malucos”, muito pouco convencionais para o gosto dos nossos chefes.
Um dos meus colegas na Sede (não era Caixa) foi o Nelson Serra.
- Em Portugal trabalho na Petroquímica de Sines, desde Dezembro de 1979 como Técnico de Segurança.
Nesta área vivem muitos desportistas de Moçambique (alguns que foram meus colegas): Zeca Ribeiro, Camacho, Teixeira (FV), Torres, Canotilhos, José Júlio, Marques, Saldanha, Zito, Chande, Orlando Facheti (agora vive em Setúbal). Dos que já nos deixaram também por aqui viveram o Eurico e o Sérgio Carvalho.
Percurso desportivo:
Como federado joguei futebol (1970 a 1977), tendo sido os primeiros três anos como Júnior (único escalão de formação que na altura havia). Exceptuando o ultimo ano que joguei na Académica (AAM), representei sempre o Benfica de Lourenço Marques (SLMB).
- 1970: Finalista Torneio de Abertura (derrota por moeda ao ar) e Campeão da II Divisão (Equipas B).
- 1971: Finalista do Torneio de Abertura (derrota nas penalidades), Campeão Distrital e Vice-Campeão de Moçambique.
- 1972: Vencedor do Torneio de Abertura (batemos na final a Caju por 6-3).
- 1974: Vencedor da Taça de Honra (apenas com 1 empate).
- 1975: Vice-Campeão Distrital.
- 1971: Joguei pela Selecção de Lourenço Marques contra a Beira (Juniores) tendo ganho em L. Marques por 2-0 e perdido na Beira por 1-0. Neste jogo fui Capitão.
- 1973: Na minha primeira época de séniores, fui eleito pelos árbitros o jogador mais correcto da I Divisão. Recebi este prémio (onde também estiveram os mais correctos da II Divisão e de Juniores) num grande Almoço com todos os árbitros de Lourenço Marques.
- 1975: Joguei pela 1ª Selecção de Moçambique (Equipa B) contra a Zâmbia (1-5) e Tanzânia (1-1).
O meu 1º Treinador foi o Ching tendo como adjunto o Figueiredo.
Também joguei Futebol de Salão nos célebres Torneios do Bairro de Fomento e depois na Casa do Porto. Na altura os jogadores federados não podiam participar na também célebre Copa Malhanga.
Joguei numa das melhores Equipas da altura “Teal Discos” e com essa equipa ganhei todos os Torneios que participámos durante 3 ou 4 anos.
Qual foi o teu primeiro jogo ou prova oficial? O meu 1º jogo oficial foi disputado no campo do Indo-Português contra a Caju. O jogo terminou empatado (1-1) e eu estava super nervoso.
Joguei nesse e nos três jogos imediatos como defesa direito, mas depois o meu Treinador passou-me para defesa-central (jogava bem de cabeça) e foi aí que joguei quase sempre (fiz 1 ou 2 jogos como médio).
Alguém (quem) te influenciou a escolher esta modalidade? O Futebol foi sempre a minha modalidade preferida, certamente influenciado pelo meu Pai que também jogou Futebol (Ferroviário de Nampula e Ferroviário de Lourenço Marques).
Com que numero na camisola jogavas? Quando comecei, os primeiros jogos foi com a camisola nº 2. Depois o numero que mais utilizei em campo foi o nº 4.
Treinador que mais te marcou ao longo da tua carreira e porquê? Tive vários Treinadores ao longo da minha curta carreira, mas o que mais me marcou foi o José Guerreiro. Muito dedicado, disciplinador (sem ser ditador), com vastos conhecimentos e muito Amigo.
Tive outros treinadores: Ching, Figueiredo, Pontes ( também jogou no Benfica), Uriol, Ramalhito, Serafim Baptista, Oliveira, Freitas Branco (o arbitro, não é erro), Altenor, Botelho de Melo (Selecção de L. Marques de Juniores) e João Albasini (Selecção B de Moçambique).
Algumas considerações sobre alguns dos meus Treinadores:
Uriol – Um espanhol que tinha mentalidade demasiado profissional para o amadorismo que vivíamos. No entanto era um excelente Treinador. Foi a única época (das que joguei) onde a bola apareceu logo no 1º treino. Fazíamos a maior parte da preparação física com bola. Nos treinos de conjunto tínhamos que estar equipados como num jogo, não era permitido calças de fato de treino ou camisolas por baixo etc.
Serafim Baptista – Tinha a fama de ser intratável com os jogadores, mas no Benfica não vimos nada dessa “fama” que trazia. Excelente trato.
Oliveira – Uma excelente pessoa (infelizmente já nos deixou) e um grande motivador. Discutimos em 75 o título Distrital com o Sporting e por pouco (1 ou 2 pontos) não fomos Campeões. Foi pena que nessa época não tenha havido Provincial.
Botelho de Melo – Nos primeiros 3 ou 4 treinos, só percebíamos 50% do que ele dizia (açoreano). Depois é que começámos a entender tudo. Sempre bem disposto, sempre com uma piada na ponta da língua, os treinos com ele (embora sérios em termos do trabalho que se desenvolvia) eram uma alegria total. Infelizmente também já partiu.
Freitas Branco – Não consigo perceber nem me lembro o porquê, de ter sido o treinador do Benfica no inicio da época de 76. Aquilo não era a “praia” dele. Mas era uma excelente pessoa.
Descreve uma situação caricata que tenha ocorrido em campo ou numa prova:
Recordo aqui uma situação que achei de certo modo invulgar mas não demasiado caricata. Num jogo (não me lembro qual) o arbitro marcou uma falta contra nós, e eu mandei uma boca em vernáculo do mais forte. Acontece que disse isso e virei logo as costas. O homem deu amarelo ao primeiro jogador da minha equipa que viu, pensando ter sido ele a dizer a tal palavra. O meu colega ficou com a cara mais admirada que tinha e só no final do jogo é que eu expliquei-lhe o que tinha acontecido, pois nem ele tinha-se apercebido de quem tinha mandado a boca. Ainda nos rimos com esta situação… O que vale é que na altura os amarelos não acumulavam, como acontece hoje.
Recorda alguns dos momentos mais marcantes e o mais frustrante na tua carreira desportiva:
O momento mais marcante e inesquecível na minha vida desportiva, foi sem duvida a conquista do 1º Campeonato Distrital em 1970 (II Divisão). Tínhamos que vencer o último jogo contra o Alto Maé (a quem bastava um empate para ser campeão) e ganhámos por 2-1.
O momento mais frustrante foi a perda do Provincial de Juniores em 1971 para o Sporting da Beira. Ficámos em 2º lugar por diferença de golos no total dos 3 jogos da Fase Final disputada em Tete. Eles 6-2 e nós 6-3. As duas Equipas eram muito iguais e o título também ficou bem entregue, no entanto na altura custou muito a digerir essa perda do título.
Quais os clubes que representaste? Joguei no Benfica de L. Marques (1970 a 1976) e na Académica (1977). Em Portugal não joguei futebol oficialmente.
Os teus ídolos na tua modalidade de eleição? Os meus ídolos foram jogadores que actuavam igualmente na minha posição: Bobby Moore, Beckenbauer e Humberto Coelho.
Quais os atletas de sempre que eleges nesta modalidade? Ao longo dos anos que vejo e sigo o Futebol admirei e admiro os seguintes: Pélé, Cruijff, Maradona e Messi.
A propósito de Messi há uma curiosidade que tem a ver com a minha pessoa. O argentino estreou-se no Barcelona na inauguração do Estádio do Dragão no mesmo dia que eu completei 50 anos (16 de Novembro de 2003).
Outras modalidades que tenhas praticado? Oficialmente só joguei Futebol. No entanto cheguei a treinar Hóquei no SNECI e Atletismo no Sporting.
A modalidade que mais aprecias na qualidade de tele/espectador? Várias: Futebol, Ténis, Basquetebol e Voleibol.
O teu clube do coração:
Em Moçambique: Benfica L. Marques (hoje Costa do Sol).
Em Portugal: Sporting Clube Portugal.
No estrangeiro: Barcelona, Manchester United e Milan.
Escolhe três modalidades diferentes da tua, e elege o melhor atleta de sempre (nacional e mundial) em cada uma delas:
Ténis: Nuno Marques e Roger Federer.
Basquetebol: Carlos Lisboa e Michael Jordan.
Qual a infra-estrutura desportiva (pavilhão, campo, piscina, pista, etc.) que mais te impressionou ao vivo, no estrangeiro e em Portugal? Não sou uma pessoa muito viajada. Vi o Masters de Ténis no Pavilhão Atlântico e acho ser uma excelente estrutura para eventos desportivos.
Quais as maiores diferenças que encontraste (no campo desportivo, social e ambiental) após deixares Moçambique? Eu em termos pessoais adaptei-me bastante bem à vida em Portugal. Talvez porque vim com 23 anos, e nunca ter sido muito saudosista. Claro que Moçambique sempre me diz algo diferente de tudo o resto pois a infância sempre nos marca.
Já lá voltei algumas vezes (o meu sogro vivia em Tete) e alguns locais fazem-me sentir alguma nostalgia, especialmente se estão ligados a episódios marcantes da minha vida.
No campo desportivo, embora não tenha jogado a nível oficial (apenas INATEL pela minha empresa) percebi rapidamente que em Moçambique éramos realmente amadores. Por cá (e reporto-me a escalões mais baixos) leva-se tudo demasiado a sério parecendo que ninguém se diverte realmente. São sempre uma “guerra” os jogos, até nos escalões de formação.
Equipa de Futebol Salão do CNP – 1983.
Equipa de Futebol do CNP no campeonato da INATEL – 1986
Qual o teu hobby? Gosto muito de cozinhar e também de….comer.
Destino de férias preferido? Sinceramente não tenho nenhum preferido.
Viagem de sonho que gostarias de realizar ou que já realizaste? Gostava muito de visitar a Austrália.
Uma cidade para viveres? Nenhuma em especial.
O teu canal de TV? Sport TV.
Programas televisivos do teu agrado? Desporto, Séries, Natureza, Mundo Animal.
A tua estação de rádio? RFM.
Um dos teus filmes preferidos? “História dum Detective”, vi-o em Moçambique e penso que por cá tinha outro título. Filme com Michael Caine.
Qual o teu actor/actriz predilecto? Robert de Niro.
O teu realizador de eleição? Não tenho nenhum em especial.
Qual o estilo de musica que aprecias? Rock e Metal.
Uma das tuas músicas favoritas de sempre? “Angie” – Rolling Stones.
O teu cançonetista ou banda favorita de sempre? Jethro Tull.
Um livro que tenhas lido e te recordes? “O Embaixador”.
O teu prato predilecto? Sou um bom garfo e gosto de quase tudo. O que não gosto mesmo nada são Ovas.
Elege um animal de estimação: Todos. Mesmo os menos convencionais podem ser de estimação, porque os animais são amigos até de quem por vezes não os trata da melhor forma.
A tua cor preferida? Sendo sportinguista, o verde deve ser a cor que menos aparece no meu vestuário. Mas não tenho nenhuma cor preferida.
As tuas qualidades: Não querendo parecer convenientemente humilde, prefiro não ser eu a mencionar as minhas qualidades.
Os teus defeitos: Impulsivo (por vezes digo logo o que penso e às vezes acabo por ser injusto).
Gosto de: Comer (convivio), Desporto e Musica.
Não gosto de: Pessoas que falem muito, mas consigam dizer….nada.
Acontecimento pessoal que mais te marcou? Nascimento dos meus 3 Filhos e o ano passado da minha Neta.
Acontecimento mundial que mais te marcou? O 11 de Setembro.
Um sonho ou desejo pessoal? Ter saúde.
Citações favoritas: Sucesso só vem antes de Trabalho no…Dicionário.
Em jeito de conclusão (responde sem pensares muito):
Se te saísse o Euromilhões o que não dispensavas ter? Não tenho nada que deseje assim tanto, procuraria viajar e ajudar a Família.
Como imaginas Portugal num futuro próximo? Estás optimista? Todas as indicações dizem-nos que o Futuro não se apresenta risonho, mas eu acredito que iremos dar a volta por cima.
O que dizem os teus olhos? Que não me posso queixar da Vida.
Dá a tua opinião sobre o www.BigSlam.pt
É um site muito interessante, que visito com muita frequência. Deve dar um trabalhão ao meu Amigo Samuel, mas como é feito com gosto resulta maravilhosamente.
Deixa aqui a tua mensagem para os leitores do BigSlam:
Desejar tudo de bom a todos e também um futuro muito risonho ao BigSlam.
O BigSlam agradece ao Armando Rocha toda a sua disponibilidade e simpatia em responder a esta entrevista.
Como podem constatar, sempre em grande forma!
Um Comentário
Fausto Pfumo
Mandinho
Parabéns.
Entrevista brilhante.
Tens mesmo memória de elefante !
As recordações emocionantes que aqui nos trazes, fizeram-me ler duas vezes a entrevista e vai ficar guardada.(bons tempos)
Grande abraço.
Fausto