Entrevista “Conheça Melhor” – Luis Almeida

Nome (completo): Luis Avelino dos Santos Nunes de Almeida

“Alcunha” ou nome pelo qual és conhecido entre os amigos: Comprido, “Langoana” (dialecto da Beira…) ou Luigi.

Data de nascimento: 28 de Junho de 1949

Natural de: Quelimane (Moçambique)

Localização atual: Coimbra (Portugal)

Estado civil: Casado

Altura: 1,90 mt

Peso: 96 Kg

Profissão: Aposentado (Técnico Especialista de Lazer, na nova terminologia…)

Ideologia política: Absolutamente nenhuma e Deus me valha de tal praga…

Crença religiosa: Católica, não praticante…

Localização da tua residência em Moçambique: Beira, bairro do Esturro Novo e curiosamente morava na rua de Lourenço Marques. Era a penúltima casa da rua e o local encontrava-se rodeado de arrozais, com uma tipologia muito parecida à zona de arrozais, junto ao Mondego entre Coimbra e Montemor-o-Velho.

Como tinha cesto em casa, à altura exata dos oficiais e o espaço era cimentado e com o respetivo garrafão (como se chamava na altura ao que se denomina agora de área pintada e tecnicamente de área restritiva…) todo o tempo livre era dedicado ao Basquete chegando a juntar 30 e tal atletas. Além dos tradicionais jogos da volta ao garrafão, 31, o Burro, etc, fazíamos grandes campeonatos 2X2; 3X3 e 5X5.

Assim de repente lembro-me dos irmãos Miguel e Lecas, Rui Santos, São Marcos, Pereira Ferreira, Hernâni, Palma, Ernesto, irmãos “Nhama”, que eram o Tó e o Adelino, Marreiros… 

Percurso escolar:

 Da 1ª à 4ª classe andei na Escola António Enes, com o professor Brandão; Fiz o 1º ano do Ciclo no Liceu Pêro de Anaia; No 2º ano do Ciclo passei para a Escola Comercial e Industrial Freire de Andrade.

Selecção Feminina da Escola Industrial e Comercial Freire de Andrade (ICFA)
Em cima: Cock Teang (Treinador), Elisabeth Nobre, Maria José Nina, Madalena e Luis Almeida (Treinador). 
Em baixo: B1?, Kathellen Binda e Lurdes Marques. 

Como vim jogar para a Académica de Coimbra de 1967 a 69, andei na Escola Avelar Brotero no 2º ano das Secções Preparatórias para o Instituto Industrial, ano letivo 67/68 e no Instituto Industrial, ano letivo 68/69.
Voltei então à Beira, onde fiz o 2º ano do Instituto Industrial, Curso Eletrotecnia e Máquinas e quando fui para Lourenço Marques estive matriculado no Instituto Superior de Engenharia, porque saiu na altura uma lei a passar os Institutos Industriais a Institutos Superiores.

Foram tantos e tantos os colegas de turma que tive e dos quais me lembro constantemente, que lembrá-los aqui ocuparia uma série de páginas, mas destaco o Ernesto Campar, porque era o sacrista dum crânio, que não ligava puto às aulas, borrifava-se nos trabalhos de casa e chegava aos exames e era chapa 19/20 valores…

Serviço Militar: 

Recruta de 1970, em Boane. Especialidade Transmissões de Engenharia. Após a recruta 3 meses de especialidade no Quartel de Engenharia (ao pé dos prédios da Coop…) em Lourenço Marques, e ida para Nampula para mais um curso de 3 meses (até aqui como 1º Cabo Miliciano e findo o este tempo promovido a Furriel Miliciano…).

Regresso a LM para especialização, no mesmo quartel e após 3 meses, regresso a Nampula, até passar à peluda em 01 de Outubro de 1973.

Éramos 14 na especialidade de Transmissões de Engenharia, dos quais 4 eram da Beira.

Momentos que recordo deste tempo, em especial em Nampula, todos ligados ao desporto, como seja:

• Ter sido treinador de Basquetebol do Carlos Queirós.
• Ter jogado Andebol pela unidade de Transmissões e disputado a final, no Pavilhão do Ferroviário de Nampula contra a unidade de Engenharia (acabou por nos vencer em jogo muito equilibrado).

• Ter praticado Futebol de Salão em torneios organizados pelo Sporting de Nampula e ter sido o melhor marcador da competição em dois anos seguidos.

• Ter vivido num quarto na Sede do Ferroviário de Nampula, por onde passaram o Tino Zé (jogador de basquete do Ferroviário de LM), o Raul Fidalgo, o Carlos Pereira “Cirilo” (ambos hoquistas de LM), o Machado (basquete do Desportivo LM), o Toni Ferreira (basquete do Malhanga), o Julio Figueiredo “Juca” (basquete no Ferroviário e Sporting da Beira).

• Ah! e um tal jogo de basquetebol, Ferroviário de Nampula vs Sporting de LM de que falarei mais adiante, na resposta a outra questão…

Percurso profissional:

• O 1º trabalho que tive já como professor de Educação Física, foi no ano letivo 73/74, na Escola Governador Joaquim de Araújo,
  onde fui colega do Meireles, grande jogador de hóquei e mais tarde grande treinador, já aqui em Portugal, conquistando vários títulos de Campeão do Mundo, salvo erro em Juvenis e Juniores. Fui colega do meu antigo professor de Trabalhos Manuais da Beira, Mestre Carvalho, o que foi uma experiência curiosa…
• No ano seguinte fui para o Colégio Maristas,
  onde além de Educação Física lecionei Desenho e Trabalhos Manuais (ao 1º e 2º ano do Ciclo Preparatório…) e fui professor da Sara Ornila Moisés Machel, uma das filhas do Samora Machel. Os responsáveis pelo Colégio eram irmãos brasileiros, pessoas excecionais, Justino, Diretor Geral, Cláudio, Diretor Pedagógico e Geraldes, Diretor das Instalações. Recordo-me particularmente dos colegas Crescêncio (lecionava Ciências e Biologia) e Alfredo (lecionava Desenho ao 3º, 4º e 5º ano…), porque entraram na mesma altura que eu, éramos da mesma geração, tornámo-nos grandes amigos, ambos andavam em Medicina (atualmente ambos estão a exercer no Hospital dos Capuchos, em Lisboa, após terem estado no D. Maria…). O Alfredo era um desenhador fenomenal, principalmente em rostos e caricaturas…
  E com ambos passei um episódio dos que nunca se esquecem:
  “Um dia meti-me a partir um degrau que estorvava um campo de minibasquete e à 1ª marretada saltou uma lasca de pedra que me fez um grande corte na canela direita. O irmão Justino, telefonou logo ao Crescêncio e Alfredo para virem em meu socorro. Os caramelos agarraram em mim, fizeram uma ligadura provisória, só para que fossemos a pé até ao Hospital, dado que era só atravessar a Avenida Pinheiro Chagas. Aí chegados,  levaram-me para uma sala, deitaram-me numa marquesa, lavaram bem a ferida com uma solução qualquer e depois deram-me pontos, mas com a particularidade de darem os pontos à vez, ora um, ora outro e sempre no gozo…” 

Percurso desportivo:

Como jogador de Basquetebol:

• 1963 (Comecei com 14 anos, logo em Juniores porque na Beira, não havia nessa altura outros escalões…) a 1967, Sporting Clube da Beira.
• Fui Campeão Distrital Júnior da Beira em 1965/1966; 1966/1967, Campeão Provincial Júnior de Moçambique e Vice Campeão Nacional Júnior, em 1966/1967).

Época 1966/67 – Juniores – Sporting da Beira (SCB)
• Campeão Distrital Beira  • Campeão Provincial Moçambique  • Vice-Campeão Nacional
Em cima: Barão, Carlos Neves, Luis Almeida, Carlos Nunes, Victor Ribeiro.
Em baixo: José Carlos Simões, Hernâni, Adelino, António Almeida “Tonito”, Estrela.

 

• 1967 a 1969 Associação Académica de Coimbra, como Sénior, embora tivesse idade para jogar as duas épocas como Júnior. (Bicampeão de Coimbra, Vice-Campeões Metropolitanos, em 1968/1969 e finalista vencido, da Taça de Portugal, contra o Benfica em Santarém, campo ao ar livre….)
• 1969/1970 Sporting Clube da Beira, em Seniores e aqui já com a idade para o 1º ano no escalão. (Campeão Distrital Sénior).
• 1970 a 1975 Sporting Clube de Lourenço Marques. (4 vezes Campeão Distrital; 4 vezes Campeão Provincial de Moçambique; 2 vezes Campeão Nacional de Portugal; 2 Vezes Vice-Campeão Nacional de Portugal e 1 vez Vice-Campeão Nacional de Moçambique).
• Época 1970/71 – Seniores
  • Campeão Distrital L. Marques • Campeão Provincial Moçambique • Campeão Nacional
  Em cima: John Hucks, Mário Albuquerque, Sérgio Carvalho, Luis Almeida, Carlos Serra, Victor Morgado e Luis Pina (Treinador).
  Em baixo: António Mora Ramos, Fernando Fernandes, Nákios, Nelson Serra, João Romão.
  
  Época 1972/73 – Seniores
  • Campeão Distrital L. Marques  • Campeão Provincial Moçambique
  • Campeão Nacional
  Em cima: Rui Pinheiro, Terry Jonshon, João Romão, Luis Almeida, Belmiro Simango, Victor Morgado e Mário Albuquerque.
  Em baixo: João Morais, Mário Peliquito, António Ruas Alves “Tomané” e Nelson Serra.

  Época 1972/73 – Seniores
  (Campeonato Nacional em Luanda)
  • Campeão Distrital L. Marques  • Campeão Provincial Moçambique • Campeão Nacional
  Em cima: Abílio Monteiro (Seccionista), C2? (Dirigente), Belmiro Simango, Mário Albuquerque, Luis Almeida, João Romão, Flausino Machado (Presidente SCLM), Victor Morgado, Rui Pinheiro, Terry Jonshon, Nascimento (Massagista).
  Em baixo: António Ruas Alves “Tomané”, Mário Peliquito, Domingos Moura (Dirigente), João Morais, Nelson Serra, Dave Adkins (Treinador).

• 19775/1976 e 1976/1977 Clube Académico de Coimbra. (Campeão Nacional de 2ª Divisão, numa final, em Tomar, contra o Sport Lisboa e Oriental, que tinha como treinador o Becas e Diretor o “Zé Bomba” e onde jogavam os irmãos Barbosas, Cantinhos, o Taborda…).
• 1977/1978 e 1978/1979 Sport Clube Conimbricense.
• 1979 a 1982 Olivais Futebol Clube.
• 1982/1983 a 1984/1985 Sport Clube Conimbricense. (Campeão Nacional de 2ª Divisão, numa final, em Coimbra, contra o Luso do Barreiro, onde pontificavam ex-jogadores do Barreirense, como Freire, Minhava, etc…).

Sport Clube Conimbricense
• Campeão Nacional da 2ª divisão
Na foto: José Alberto (massagista), Agapito, Rolando Vanzeller, César, Luis Almeida, Rui Leitão, Cornell, Marinho, Frederico, Jorge Gassin, António Roque e Manuel Mota (treinador).

• 1992/1993, com 44 anos (completamente doido, eheheh…) de idade CIC (Clube Independente de Coimbra).

Como jogador de Andebol Federado:

• 1969/1970 – Instituto Comercial e Industrial da Beira (Campeão Distrital).
• 1972/1973 – Seiberling da Beira (Campeão Distrital).

Como jogador de Futebol de Salão:

• 1972, Melhor Marcador Torneio Sporting Clube de Nampula e em 1973 era o Melhor Marcador do mesmo Torneio quando saí da tropa em 01 Outubro 1973.
• 1975, melhor marcador da Série “A” (Taça José Ferreira) e melhor marcador da Fase Final (Taça João de Sousa) na Copa Malhanga.
• 1979 (?) /1980 (?), Melhor Marcador 1º Torneio Olivais Futebol Clube e Prémio Jogador Mais Correto.

Como treinador:

• 1968/1969, Iniciação Masculina, Associação Académica de Coimbra, com Carlos Gonçalves, Santiago, Zé Tó Gaspar, como atletas…
• 1969/1970 Sporting Clube da Beira, Juniores Masculinos e Seleccionador Distrital.
• 1970 a 1975 Sporting Clube de Lourenço Marques, as duas primeiras épocas Iniciados “B” Masculinos e as restantes, Juvenis Masculinos.
• 1975/1976 e 1976/1977 Clube Académico de Coimbra, Iniciados Femininos.
• 1977/1978 e 1978/1979 Sport Clube Conimbricense, Infantis Masculinos. (Distinguido com o prémio “Mérito Desportivo”, 78/79…)
• 1979 a 1982 Olivais Futebol Clube, Juniores Masculinos.
• 1982 a 1986 Sport Clube Conimbricense, Seniores Masculinos.
• 1986/1987 Sport Clube Beira-Mar (Aveiro), Seniores Masculinos.
• 1987/1988 Olivais Futebol Clube, Seniores Femininos e acabei a época nos Seniores Masculinos.
• 1988 a 1993, Sport Clube Conimbricense, Seniores Masculinos.
• 1993/1994, Sport Clube Beira Mar, Sénior Masculino.
• 1994/1995, Olivais Futebol Clube, Cadetes e Juniores Femininos.
• 1995 a 1998, Núcleo Desporto Amador de Pombal, Juniores e Seniores Femininos, Coordenador Técnico e Prelector de 3 Cursos de Treinadores de Nível I
• 1997/1998, cumulativamente com o Núcleo de Pombal, Colégio de São Teotónio, Juniores Masculinos.
• 1998/1999, Instituto D. João V, Louriçal, Seniores Femininos.
• 1999/2000, Portugal Telecom, Juniores “B” Masculinos.
• 2000/2001, Associação Académica de Coimbra, Cadetes Masculinos.
• 2001 a 2003, Núcleo Desporto Amador de Pombal, Juniores e Seniores femininos e Seniores Masculinos e Coordenador Técnico.
• 2003 a 2006, Clube PT Coimbra, os 2 primeiros anos Iniciados Masculinos, o 3º ano Cadetes Masculinos e Iniciados Femininos e no último ano Coordenador de Minibasqute, Cadetes e Juniores Femininos.
• 2008/2009, Basquete Clube Pombal, Seniores Masculinos.
• 2009/2010, Gaeirense Basket, Caldas da Rainha, Seniores Masculinos.
• 2011/2012, Sangalhos Desporto Clube, Juniores “B” (Sub 18) Masculinos.

Juiz de mesa:

• 1965 a 1967 na Associação de Basquetebol da Beira, Moçambique.

Árbitro:

• 1966/1967, Árbitro de Andebol, da Associação de Andebol da Beira.
• 1973/1974 e 1974/1975, na Associação de Basquetebol de Lourenço Marques, Moçambique.

Dirigente:

• 1991/1992 e 1992/1993, Sport Clube Conimbricense, Vogal da Direção.

Nota: Não incluo aqui a minha atividade no Desporto Escolar, felizmente muito ativa e com ótimos resultados, ao ponto de ter sido distinguido com o Prémio Professor da Zona Centro, na 1ª Gala do Desporto Escolar, realizada em Lisboa, no Colégio Militar, em 27 de Setembro de 2003.

Aonde e quando iniciaste a tua atividade desportiva? Iniciei a minha atividade no Sporting Clube da Beira, na época de 1963/1964, no Basquetebol, e o treinador era o Bénito Nóbrega, nos Juniores porque na Beira não existia nessa altura outro escalão, o que quer dizer que começámos 12 jogadores, com a mesma idade, 13/14 anos e muitos dos jogadores das outras equipas já estavam nos últimos anos do escalão, portanto com 18 e 19 anos.

Qual foi a tua principal modalidade? Basquetebol.

Alguém (quem) te influenciou a escolher esta modalidade? Ninguém nem nada em particular, foi mesmo uma inclinação que deve ter nascido comigo, pois ia ver os jogos das outras modalidades, que havia na Beira e que eram afinal só o Futebol e o Hóquei em Patins e curiosamente andei a aprender a patinar com 10 anos de idade.

Qual foi o teu primeiro jogo ou prova oficial? Não me lembro qual o 1º jogo, mas sei que foi o 1º jogo do Campeonato Distrital da Beira, dessa época.

Com que numero na camisola jogavas? Com o nº 5 até que vim para a Académica de Coimbra em 1967 e como o 5 era do Hilário, jogador já no fim da carreira, passei para o nº 8, com o qual joguei sempre a partir daí.

Treinador que mais te marcou ao longo da tua carreira e porquê? Foram vários: Benito Nóbrega que foi o treinador dos meus dois primeiros anos como jogador; Orlando Figueiredo, meu treinador no 3º ano de jogador, onde fomos Campeões Distritais da Beira, Campeões de Moçambique e Vice-Campeões Nacionais; Professor Alberto Martins, grande pedagogo e lia o jogo de modo excecional; Luís Pina pelo seu conhecimento do jogo (o que não é de admirar, dado ter sido um grande jogador e um excelente árbitro…); Alexandre Franco pela novidade e modernidade dos seus treinos; Carlos Portugal, que considero o mais completo de todos, porque tínhamos a mesma visão sobre o Basquete, porque os seus treinos eram ótimos, lia o jogo excelentemente, era um rato nas suas decisões e só tinha o senão de quando sonhava, pensava ou suspeitava que alguém o queria tramar disparava em todas as direções sem olhar a quem…

Descreve uma situação caricata que tenha ocorrido em campo ou numa prova: Quando jogava em Juniores no Sporting da Beira, em Moçambique, num jogo contra o Desportivo, no Pavilhão do Ferroviário da Beira, estávamos a defender individualmente no campo todo e já a ganhar por uma diferença muito grande, quando o já falecido Carlos Neves (que se formou posteriormente em Medicina e foi médico das Seleções Nacionais de Formação de Futebol, a convite do professor Carlos Queirós) ao ser passado por um jogador do Desportivo lhe introduziu um dedo no rabo e o jogador reagiu atirando a bola com força para as bancadas e abandonando o campo, sem pedir autorização de ninguém (nem sequer do seu treinador, que por acaso até era seu irmão…) gritando, a plenos pulmões, que não era nenhum panilas e que não jogava mais, porque não admitia que lhe metessem o dedo no rabo…

Recorda alguns dos momentos mais marcantes e o mais frustrante na tua carreira desportiva:

• Felizmente que passei por vários marcantes, em especial aqueles que deram a conquista direta de títulos, fossem eles Distritais, Provinciais (como na altura se apelidavam os Campeões de Moçambique e Angola…) ou Nacionais, mas talvez o mais inesquecível tenha sido um jogo em que joguei pelo Ferroviário de Nampula, (encontrava-me lá a cumprir o serviço militar) contra o Sporting de LM, pelas razões que destaco seguidamente:

1. Não havia Basquete em Nampula, nem sequer havendo Associação, havia no entanto uma equipa feminina, no Ferroviário de Nampula e eu era o treinador, dando-me o clube estadia num quarto, sito na sede do clube,
2. Havia outros jogadores de Basquete, quer de equipas de LM, quer da Beira, quer até de Portugal Continental e alguns moços de Nampula com 17/18 anos,
3. Entre esses moços encontrava-se o Carlos Queirós, destacado Treinador de Futebol e que também jogou, nesse jogo, tendo marcado 2 pontos…
4. Eu era jogador do Sporting de Lourenço Marques e quando o Sporting contactou a Direção do Ferroviário de Nampula para saber da viabilidade de constituir uma equipa, a Direção depois de me perguntar e eu ter garantido constituir a equipa pôs como condição que eu jogasse pelo Ferroviário, pois consideravam essa a 2ª condição fundamental para aceitarem, pagando as respetivas despesas de estadia,
5. O resultado foi: Sporting de LM (101) – Ferroviário de Nampula (74), tendo eu marcado 51 pontos, numa altura em que não havia 3 pontos, marcando cestos de toda a maneira e feitio, ganchos com a mão direita e esquerda, cestos de costas para o cesto e em que devo ter falhado somente 2 ou 3 tentativas das que fiz durante todo o jogo.                                      Sempre que me lembro desse jogo fico com a sensação de que, se por qualquer razão, desse um pontapé na bola, ela iria enfiar-se dentro do cesto…

O Pavilhão estava cheio que nem um ovo, com a presença das altas individualidades militares e respetivas famílias, o jogo foi num Sábado à noite e a minha prestação nesse jogo foi de tal modo que no Domingo de manhã, quando me dirigi à Piscina do Ferroviário, era olhado como se fosse um extraterrestre. E o meu ego que já estava elevado por ter tido a sorte de conseguir aquela prestação, frente aos meus colegas do Sporting de LM, onde pontificavam os Senhores Mário Albuquerque, Nelson Serra, Rui Pinheiro, etc. ficou de tal maneira inchado que não sei como não rebentei, como o sapo da história infantil…

Quais os clubes que representaste?

Em Moçambique: Sporting Clube da Beira e Sporting Clube de Lourenço Marques.

Em Portugal: Associação Académica de Coimbra, Clube Académico de Coimbra, Sport Clube Conimbricense, Olivais Futebol Clube e Clube Independente de Coimbra.

Os teus ídolos na tua modalidade de eleição? Mário Albuquerque e Michael Jordan.

Quais os atletas de sempre que eleges nesta modalidade?

Moçambique/Portugal: Mário Albuquerque.
Europa: Petrovic, que faleceu prematuramente num acidente de viação na Alemanha.
Mundo e Interplanetas: Michael Jordan.

Outras modalidades que tenhas praticado? Em termos Federados, Andebol e Futebol de 11, Voleibol pela Escola e Futebol de Salão em Nampula, no tempo de tropa e na Copa Malhanga e Copa dos Olivais em Coimbra.
Nota: Em Andebol, jogando pela Escola Industrial e Comercial Freire de Andrade, em 1967, fui Campeão Escolar (chamados Jogos da Mocidade Portuguesa…) de Moçambique, numa final disputada na Beira, não me lembrando qual foi a Escola de Lourenço Marques que defrontámos e Vice Campeão Nacional, em Luanda, Angola, contra o Liceu Diogo Cão de Sá da Bandeira, representando Angola e Liceu Camões, de Lisboa, representante da Metrópole.

A modalidade que mais aprecias na qualidade de tele/espectador? Basquetebol.

O teu clube do coração:

Em Moçambique: Sporting da Beira e Sporting de Lourenço Marques.

Em Portugal: Sporting Clube de Portugal.

No estrangeiro: Real Madrid e Boston Celtics (ou não equipassem de verde, eheheh…).

Escolhe três modalidades diferentes da tua, e elege o melhor atleta de sempre (nacional e mundial) em cada uma delas:

Futebol: Eusébio e Pélé.
Hóquei em Patins: Fernando Adrião e António Livramento.
Atletismo: Carlos Lopes e Carl Lewis.

Qual a infraestrutura desportiva (pavilhão, campo, piscina, pista, etc.) que mais te impressionou ao vivo, no estrangeiro e em Portugal? Obviamente o do antigo Sporting Clube de Lourenço Marques, já pela sua grandeza e em especial pelos extraordinários momentos que lá passei, com jornadas de Basquetebol de um nível que julgo que muito dificilmente serão vividos em qualquer outro Pavilhão português.

Mas também o Pavilhão Atlântico Multiusos de Lisboa e o atual Multiusos de Coimbra…

Quais as maiores diferenças que encontraste (no campo desportivo, social e ambiental) após deixares Moçambique? A diferença da confiança e amizade interpessoal, quer no campo desportivo, quer no campo social;

No campo desportivo: A falta de condições em muitos dos campos onde jogávamos, a pouca assistência na maioria dos jogos, as escandalosas arbitragens que cá existiam, principalmente sempre que se jogava no campo do adversário…;
No aspeto ambiental: O maldito frio, que nos jogos se tornava ainda mais insuportável, porque dentro dos Pavilhões o frio ainda era mais do que no exterior e em que as mãos, em muitos jogos, nem chegavam a aquecer;
passar do dia para a noite…

Qual o teu hobby? Ler, desenhar (retratos a carvão ou projetos de construção civil) e bricolage.

Destino de férias preferido? Qualquer local onde haja praia e calor…

Viagem de sonho que gostarias de realizar ou que já realizaste? As que fiz a Israel e Itália (Siracusa, na Sicília) pelo Basquetebol do Inatel e a que fiz à Alemanha (Heidelberg), para a Taça dos Campeões Europeus com o Sporting de LM, porque aconteceram sem programar.
Atualmente, ir assistir a uma jornada com duas das melhores equipas da NBA e voltar à minha terra MOÇAMBIQUE…

Uma cidade para viveres? Nenhuma em especial, ou tantas onde já vivi, com calor, praia e muito desporto e amigos…

O teu canal de TV? TVI, Canais Desportivos e sobre a Natureza…

Programas televisivos do teu agrado? De humor, desporto, sobre a natureza e de entretenimento (“Zip-Zip” – “A Cornélia” – “Levanta-te e Ri – “Tempo Extra” – “O Dia Seguinte” – “Mais Futebol” – “BBC, Vida Selvagem”…) e também:“60 minutos” – “Toda a Verdade”…

A tua estação de rádio? Rádio Renascença

Um dos teus filmes preferidos? E Tudo o Vento Levou.

Qual o teu ator/atriz predileto? Clint Eastwood.

O teu realizador de eleição? Steven Spildberg.

Qual o estilo de musica que aprecias? Gosto de todos o tipo de música, (excetuando a ruidosa e berrada..), desde que seja melodiosa e me soe bem ao ouvido…

Uma das tuas músicas favoritas de sempre? Nenhuma em particular.

O teu cançonetista ou banda favorita de sempre? Rui Veloso e The Beatles.

Um livro que tenhas lido e te recordes? As Sandálias do Pescador – Os Maias – O 5º Cavaleiro – Papillon – Equador, enfim uma data deles, não um só…

O teu prato predileto? Caril de Caranguejo.

Elege um animal de estimação: Cão.

A tua cor preferida? Azul.

As tuas qualidades: Leal, frontal e verdadeiramente amigo do seu amigo, em especial no que a isso respeita, de apoio incondicional nas boas, e muito especialmente, nas más alturas. Por tudo o que passei na vida e em especial de 2005 para cá, cada vez me lembra mais de que o cão é o melhor amigo do homem, porque abana a cauda em vez de abanar a língua…

Os teus defeitos: A mania do perfeccionismo e a credulidade nas pessoas…

Gosto de: Tudo o que é natural, desporto, uma boa conversa, dos amigos, da família, de Moçambique, frontalidade, honestidade, marisco…

 Não gosto de: Superficialidades, traidores, línguas compridas (especialmente depois de ter vivido o que vivi nos últimos tempos compreendo melhor que o cão é o melhor amigo do homem – ser humano…- porque abana a cauda em vez de abanar a língua…), dançar, armalhões e sabichões…

Acontecimento pessoal que mais te marcou? O nascimento dos meus filhos Paulo e Pedro.

Acontecimento mundial que mais te marcou? O ataque ás Torres Gémeas, em Nova Iorque…

Um sonho ou desejo pessoal? Claro, o Euromilhões…

Citações favoritas:

Quem quer fazer alguma coisa, arranja um modo de o fazer, quem não quer, arranja uma desculpa.”

Quem quer vai, quem não quer manda…”

Momento de humor: – Escolher uma anedota, entre provavelmente as milhares que conheço, como a preferida é tarefa ciclópica, pelo que vou escolher duas que têm a ver com desporto e que apesar de ambas terem a ver com alentejanos não tem nenhuma conotação de menor respeito, até porque ambas me foram contadas por um alentejano de cepa, o professor Monge da Silva, que foi preparador físico do futebol do Benfica:

1. P: Sabem porque é que as equipas de futebol no Alentejo, fazem uma parte importante dos treinos na Piscina?                                                                                                                                                        R: Para treinar o passe em profundidade…
2. “Quando a 1ª equipa de Basquetebol do Alentejo foi fazer o 1º jogo a Lisboa, a determinada altura do jogo os árbitros notaram que a equipa alentejana tinha 9 jogadores em campo. Questionaram o treinador sobre tal facto, ao que este respondeu que a culpa era dos árbitros, porque volta e meia apitavam apontavam para um jogador da sua equipa,  viravam-se para a mesa dos Juízes e diziam: – Falta pessoal…. E então ele metia mais um….”

Em jeito de conclusão:

Se te saísse o Euromilhões

o que não dispensavas ter? Saúde, saúde e saúde…

Como imaginas Portugal num futuro próximo? Estás otimista? Só posso imaginá-lo cada vez pior, com tanto malandro, vigarista e aldrabão que vai mandando neste país…

Sobre estar Otimista:
 “- O 1º ministro Passos Coelho tem um conselheiro pessimista e um otimista. Chamou o pessimista e perguntou-lhe o que ele achava do futuro do país e este respondeu-lhe que as coisas estão tão mal que qualquer dia estamos a comer merda…
Aí chama o otimista, faz-lhe a mesma pergunta, mas antes dele responder, contou-lhe que à mesma pergunta o pessimista respondeu, que qualquer dia estávamos a comer merda.
Responde o otimista: “ Estamos a comer merda se houver merda para comer, porque quem não come não tem nada para cagar…”

O que dizem os teus olhos? Que estão cansados de presenciar o rumo que o Mundo está a tomar, fruto das relações entre as pessoas…

Dá a tua opinião sobre o www.BigSlam.pt :

Para mim o BigSlam é uma bênção, porque é um local de encontro, de recordações de amizade, de amor, um regresso às origens e uma injeção de juventude, pelo que só posso esperar que continue na mesma e agradecer a todos os que contribuíram e contribuem para a sua efetividade e muito especialmente a ti Samuel, porque és o seu mentor, afinal reflexo do teu enorme coração…

Deixa aqui a tua mensagem para os leitores do BigSlam:

Deixar aqui a minha enorme homenagem e saudade para todos aqueles que já não estão entre nós e que quem me recordo constantemente e cada vez mais, sempre com umas lágrimas aos cantos dos olhos…pelo que é imperativo aparecermos regularmente no BIGSLAM enquanto ainda cá andarmos…

O BigSlam agradece ao Luis Almeida toda a sua disponibilidade e simpatia em responder a esta entrevista.

Bem Haja!

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