IT IS NOT ENOUGH!
Entre nós, infelizmente, já não há mais “menina de ouro”. Para a história ficam os feitos de Maria de Lourdes Mutola a mais nova “Honoris Causa” da Universidade Eduardo Mondlane.
A pesquisa de novos valores para o atletismo (e não só) é coisa do passado. Já não temos a persistência do nosso poeta-mor, que a descobriu numa partida de futebol masculino, no campo pelado da Mafalala. Já não temos mais, dedicação igual a de Stélio Craveirinha, o seu primeiro treinador, cuja ausência no Centro Universitário da UEM, local da cerimónia da outorga do título Honoris Causa foi notada e lamentada pelos amantes da modalidade.
Infelizmente este nosso atletismo, anda mergulhado num sono profundo. E dali não vai sair tão cedo, a menos que se encontre a poção mágica capaz de retirar a modalidade desse estado de hibernação.
A menina das medalhas (olímpica e mundial) corre agora em outras pistas. A do Parque dos Continuadores, em adiantado estado de degradação e a merecer atenção de quem de direito, é algo que para ela e para os amantes do atletismo começa a funcionar como memória.
Ao longo da sua brilhante carreira ela aprendeu o significado de “it is not enough”, uma frase que o seu treinador norte-americano, colocou sempre na sua cabeça.
Mutola começou a ganhar consciência de que participar em provas internacionais e conseguir bons tempos, não era o suficiente. Era preciso mais. Lutar e perseguir um objectivo. Correr pela primeira posição e por via disso colocar o ouro ao peito.
Foi essa história de luta permanente que permitiu erguer o nome de Moçambique nos diferentes mastros internacionais.
Passados estes anos todos, talvez agora se compreenda melhor o significado de “it is not enough” (“não é o suficiente”) que acabou por ser o seu lema na vida desportiva e não só.
Um lema que ela vai continuar a transportar, agora, mais do que nunca, como “Honoris Causa” da nossa mais antiga e prestigiada instituição de ensino superior. Sob a “umbrella” da sua Fundação acho que ela poderia agora organizar-se no sentido de dar mais um passo no rol das suas iniciativas: fazer a disseminação deste sentimento e atitude do “it is not enough” pelas nossas crianças.
PS: Nos tempos áureos do basquetebol moçambicano, João Chirindza foi uma referência da nossa bola ao cesto.
Perdeu a vida em missão de Estado. Que o seu exemplo de vida e de atleta seja uma referência para os mais novos desportistas deste País.
João de Sousa