MWANGOLÉ!
Comecei a vasculhar o meu bloco de apontamentos onde ao longo da semana vou anotando o que considero importante para escrever a minha crónica semanal e cheguei à conclusão que não havia ponta por onde pegar. Estava na dúvida sobre o que opinar.
Não sei se vou dedicar algumas linhas ao ministro que afinal não é milagreiro, porque se fosse, muitos dos problemas que nos afligem em matéria de transportes estariam resolvidos, ou se devo falar da carta que circulou por aí, e onde membros da Renamo, independentemente de poderem vir a pertencer ao “governo do Centro e do Sul”, pedem ao seu líder autorização para tomarem posse nas Assembleias Provinciais, porque esse é o ganha pão deles.
Estou na dúvida se devo escrever a propósito da chamada “nova república” (a quarta) que vem por aí tendo como comandante um engenheiro de profissão, e consequentemente dedicar a minha atenção ao novo elenco governativo que a esta hora já deve estar completamente estruturado. Achei que não vale a pena falar nisso porque ninguém tem certezas absolutas se Tomás Salomão vai ser Primeiro Ministro, ou se Rosário Fernandes vai ser o novo Ministro das Finanças, e por aí fora.
Se tivesse que falar dos membros que vão compor o novo governo, estaria a entrar no campo da especulação. Já basta a praticada por alguns escribas da nossa terra, que, escudados nos seus “blogs” enchem-nos de análises sem pés nem cabeça. São os portais electrónicos do mexerico, como um dia definiu (e muito bem) o Professor Carlos Serra.
Não sei se devo falar desta época das chuvas que vai dizimando infraestruturas, da fraca afluência de alunos nas matrículas para o início de mais um ano lectivo o que levou à prorrogação do prazo, do infortúnio que se abateu sobre o País e especialmente sobre os familiares das vítimas, com os tristes e lamentáveis acontecimentos de Chitima na Província de Tete, ou se devo virar a minha atenção para os nossos jovens que paulatinamente se vão dirigindo aos postos de recenseamento militar.
Apetecia-me falar da Britalar, mas achei não ser conveniente (pelo menos por agora) abordar questões em litígio, deixando para isso que as partes em conflito se entendam duma vez por todas, embora seja um dado adquirido que o prolongamento da Av. Julius Nyerere vai deixar de ter crateras porque agora vão ser os chineses os responsáveis por emendar o que foi mal feito.
Fui rever de novo as notas que ao longo da semana fui registando no meu bloco de apontamentos e acabei por encontrar o mote para o meu escrito desta semana. Vou falar de Nazir Salé, esse “pembista de alma e coração”.
Nelito, como lhe habituei a chamar, desde os tempos em que fazia relatos de basquetebol, é, como devem saber, motivo de orgulho para todos os moçambicanos. Continua a ser o único treinador com o maior número de títulos africanos conquistados. Dizem-me alguns colegas que ele é “um verdadeiro operário”. Nazir queria treinar um clube europeu. Mas como não se pode ter tudo num dia, optou por ser agora o timoneiro do Inter de Luanda, uma agremiação tutelada pelas instituições adstritas ao Ministério do Interior da República de Angola.
Fico a aguardar pelos resultados do seu trabalho, ciente de que Nelito, como é popularmente conhecido, tem capacidade para se impor. Tem todos os condimentos para singrar. Boa sorte “mwangolé”.
João de Sousa – 14.01.2015