PARABÉNS AOS NASCIDOS NO MÊS DO NATAL
Um abraço de parabéns para todos aqueles que festejam esta data no mês do nascimento de Jesus Cristo que andou a pregar, milénios atrás, pela “paz entre os homens de boa-vontade”, distante de um tempo em que se acastelam plúmbeas nuvens de mau pronúncio num planeta eivado de ódios tendo como pano de fundo fanatismos políticos ou religiosos. Seja-me, no entanto, permitido abrir mão de duas excepções pondo em destaque dois dos seus aniversariantes: Dulce Gouveia e José Inácio Silveira.
À Dulce Gouveia para lhe dizer que no dia do seu aniversário não cantarei “os parabéns a Você”, apenas viverei momentos de recolhimento na lembrança da memória de seu Pai, Engenheiro Tomás Gouveia, falecido recentemente, um Homem bom, probo e generoso que cultivava como poucos o canteiro da amizade nas horas boas ou más e o regava com o seu exemplo. Ele, no sítio onde estiver, e se, como escreveu o vate, “ memória desta vida se consente”, pela certa, lhe enviará um beijo com os votos das maiores felicidades para a sua menina, a sua atleta de eleição, a campeã Dulce. Um beijo meu, para si, Dulce.
Dulce Gouveia
Para o atleta, de um desporto que muitos consideram como o número um, José Inácio Silveira, meu aluno da EIMA, escola que forjou uma elite de campeões que repudiaram o lema de vencer a todo o custo ,atropelando os adversários, sem normas de conduta , no verdadeiro sentido da palavra, que impõem ser-se, acima de tudo, cidadão, envio um abraço amigo de parabéns.
José Silveira
Nesta altura, seja-me permitido recordar seu irmão, Dr. Raúl Silveira, que quando finalista de Medicina foi meu Colega, por um breve ano em que ambos leccionámos, na Escola Comercial Dr. Azevedo e Silva, de Lourenço Marques. Pertence ele à recordação de um tempo em que tive o “arrojo” de contraditar o papa da boa condição física, através da corrida (e do seu famoso teste de Cooper). Isto é, num tempo em que este investigador médico, responsável pela exigente preparação física dos astronautas norte-americanos, punha em causa os efeitos benéficos dos pesos e halteres para uma boa condição cardiovascular e pulmonar que, pelo contrário, na sua festejada e propagada opinião, só traziam malefícios.
Em contradita arrojada de um pequeno David, levei a efeito um trabalho de investigação com praticantes de pesos e halteres, sob a minha orientação no Clube Ferroviário de Moçambique. Trabalho esse publicado pouco depois em livro: “Os Pesos e Halteres, a função cardiopulmomar e o doutor Cooper” (Lourenço Marques, 1973).
Nessa investigação, as medições dos valores pulsatórios e tensionais, e assistência ao treino-teste, foram efectuadas pelo Dr. Jorge Pessoa Monteiro, ao tempo assistente do Curso de Medicina da Universidade de Lourenço Marques e pelo meu estimado amigo, Dr. Raúl Silveira, recém- formado em Medicina e praticante de Atletismo na modalidade de corrida. Na ocasião, fiz-lhes os justos agradecimentos que foram publicados no meu livro supracitado.
Peço agora, José Inácio Silveira, seu irmão, que lhe transmita o abraço que lhe envio das margens do Mondego para as margens do Sado, se a minha memória de octogenário me não atraiçoa geograficamente. Julgo que não. Ou melhor, tenho esperança que tal não aconteça num cérebro“enferrujado” pela idade, mas sempre rejuvenescido pela prática pertinaz e continuada da sua oxigenação, através dos pesos e halteres (tão mal vistos na altura ou mesmo vilipendiados) e do trabalho intelectual que a minha antiga docência universitária nas Universidades do Porto e Coimbra, e o meu gosto, cada vez mais intenso, pela leitura e pela escrita têm cumprido a máxima de Juvenal: “Mens sana in corpore sano!”.