RESSANO GARCIA
Quem chega a Ressano Garcia e faz do nosso posto fronteiriço o ponto de passagem para o outro lado, dá de caras com uma infra-estrutura a precisar de urgente remodelação. Por agora e provavelmente à conta dum posto de paragem única, que não anda nem desanda, aquilo que ali está é um insulto aos seus utilizadores.Um ponto de entrada dum País é a imagem desse País. Ressano Garcia não é. Não há limpeza e consequentemente não há higiene. Não há cordialidade. Não há condições de trabalho. Os funcionários que ali prestam serviço bem como os seus utentes merecem coisa melhor. Por ali deambula todo o tipo de gente. Facilitadores de ocasião que fazem do posto fronteiriço o seu ganha-pão. Em conluio com os funcionários da Migração, tratam da documentação do utente num abrir e fechar de olhos, a troco de alguns (às vezes muitos) trocados. Por ali circulam os cambistas ambulantes e os vendedores de todo o tipo de coisas.
Refrescos, bagias, batata frita, e sei lá que mais. Numa fronteira decente, nenhum destes servidores do grande público utente, punha lá os pés. Era barrado logo à entrada. O que poderia e devia acontecer numa fronteira decente era a existência de lojas, devidamente organizadas, para venda de determinados produtos.
Às vezes verifico que são mais os vendedores e facilitadores de serviços do que os utentes.
A fronteira de Ressano Garcia, a cair aos bocados, não tem atractivo nenhum. Não é bonita, agradável, com motivos que nos façam sentir bem naquele local de passagem dum ponto para outro. Não atrai turistas. Antes pelo contrário. Ali impera a desorganização organizada.
Para melhorarmos aquele estado de coisas é preciso organizar. Organizar as mentes das pessoas que ali trabalham, para começar. E organizar as mentes significa fazer com que aqueles funcionários públicos e outros agentes, do Estado ou privados, não transportem os maus hábitos de casa para o local de trabalho. É imperioso tornar o local agradável, atraente, limpo, funcional. É importante que haja sentido de responsabilidade para fazer tudo isso.
Os responsáveis das instituições que ali operam não podem deixar que o marasmo, a indisciplina, os compadrios e outras coisas mais, aconteçam naquela fronteira. É preciso colocar o guizo ao gato. Se isso não for feito a fronteira de Ressano Garcia nada mais será do que um “dumba nengue”.
Se esperarmos pela tão prometida contribuição e colaboração do governo sul africano é melhor esperarmos sentados porque infelizmente o executivo de Jacob Zuma
está a confrontar-se com inúmeros e crónicos problemas, tais como as restrições de energia, a ausência de transporte público decente, centros de saúde, sistemas operacionais de comunicação ou segurança, particularmente nos bairros onde vive a população mais carente. A África do Sul confronta-se com o processo do massacre de Marikana, (10 de Agosto de 2012) que pode levar à barra do tribunal figuras proeminentes do Governo,
tais como o vice-presidente da República Cyril Ramaphosa e o Ministro da Polícia da época Nathy Mtetwa, ou ainda com o famigerado palacete privado de Jacob Zuma, reabilitado com os fundos do Estado.
Como se isso não bastasse o jovem malabarista político Julius Malema, que uma dia já foi do ANC e agora está do outro lado da barricada (Economic Freedom Fighters) continua a ser uma pedra no sapato de Zuma.
Perante este quadro talvez seja melhor pensarmos em agir sozinhos, por forma a dar dignidade ao nosso posto fronteiriço de Ressano Garcia para benefício dos utentes e dos funcionários que ali exercem a sua actividade, porque se esperarmos pelo contributo dos nossos amigos sul africanos, é melhor esperarmos sentados.
João de Sousa – 15.07.2015