SOBRE O AVIÃO DAS LAM
A pressa sempre foi inimiga da perfeição. Quando a tragédia nos atinge, ainda há internautas interessados em mostrar ao mundo que são os primeiros a publicar informações sobre o sucedido, numa “guerra” sem quartel. Cada um serve-se das ferramentas que tem. Faz pesquisas que acha importantes. E publica aquilo que acha que deve publicar. Sem critério. Sem respeito. Não precisa de ser profissional para se obedecer a princípios básicos. E assim, à velocidade dum fósforo, aparecem os mais incríveis comentários de quem se serve duma rede social para difamar, insultar, trocar impropérios, e até, transformar a nossa dor em caso de política.
Até os mais respeitados meios de comunicação social de fora do nosso País (escuso-me de mencionar nomes) se dão ao luxo de falar em “avião desviado”. Por quem, como, porquê ? Isso não dizem. Algumas redes sociais (e alguns blogueiros) noticiam e colocam fotos “do avião desaparecido”, cientes de que a foto publicada nada tem a ver com o avião que se despenhou.
Nesta pressa de informar um dos canais de televisão de Portugal colocou nos seus ecrãs (ontem à noite) um mapa com a rota Maputo/Luanda e onde a nossa cidade-capital aparece no Oceano Atlântico. No mínimo absurdo. Aparecem as conjecturas. Fazem-se análises teóricas sobre “procedimentos aeronáuticos que não foram cumpridos” ou chama-se a atenção para pormenores de segurança aeronáutica “que levou ao banimento da LAM voar na Europa”. Chamam para o “lead” da sua notícia o trivial. Para eles (porque não são profissionais do ofício) não existe, nem nunca ouviram falar de “O quê?”, “Quem?”, “Quando?”, “Onde?”, “Como?”, e “Por quê?”.
Foram alguns destes “jornalistas do copy and paste” que hoje circularam (e continuarão a circular) pelas redes sociais, colocando (lamentavelmente) a nossa dor e sofrimento em segundo plano.
João de Sousa – 2013-12-01
2 Comentários
Linette
concordo cidadão do Mundo!
partilho.
cidadão do mundo
Sr. João de Sousa.
Permita-me apresentar o meu ponto de vista sobre o “desaire informativo” que aconteceu:
1- Um comunicado oficial dizendo o que o avião tinha desaparecido dos radares depois de uma
queda vertiginosa, temendo-se o pior, não foi apresentado atempadamente. Afinal parece que essa informação até ja estava em poder das autoridades quando foi emitido o primeiro
comunicado da LAM que até dizia que o avião poderia ter poisado noutro aeroporto.
1.1 – Para recordar, este foi o comunicado da LAM:
COMUNICADO
A LAM – Linhas Aéreas
de Moçambique, S. A. informa que o voo TM 470 que partiu do Aeroporto
Internacional de Maputo às 11:26 horas de hoje, dia 29 de Novembro de 2013, com
destino a Luanda, capital Angolana, tinha sua aterragem prevista para as 14:
10H, horas locais. Seguem a bordo 28 passageiros e 6 tripulantes.
Informações obtidas
dão indicação da aeronave ter aterrado em Rundo, norte da Namíbia, fronteira
com Botswana e Angola.
Neste momento a LAM,
autoridades aeronáutica e aeroportuária estão empenhados em estabelecer
contactos com vista a confirmação da informação.
A LAM prestará mais informações à medida que as investigações forem decorrendo.
2 – No mundo em que a comunicação é “hiper rápida”, a demora no aparecimento de um comunicado oficial “coerente”, permitiu a proliferação de uma série de notícias, teorias e até especulações. Como era possível na altura do comunicado, ainda não se saber se o avião tivesse poisado num outro aeroporto ? Estou certo que se no aeroporto de Maputo poisar um avião não previsto, devido a desviou ou por emergencia, a LAM informará de imediato esse país que aqui poisou um avião desse país.
3- Na minha opinião, todo o desaire informativo (exceptuando Maputo estar no Oceano Atlantico) se deveu ao desejo das autoridades moçambicanas em atrasarem a “confirmação”
do sucedido/inevitável.
4 – A melhor arma contra a “desinformação é a transparência informativa, com a informação
atempada… não é escondendo ou atrasando a informação.
5 – Essas atitudes são fácilmente identificadas pelo publico e instituições, e so servem para criar a desconfiança nos orgãos oficiais, abrindo espaço a desinformação.
Felizmente que existem redes sociais e internet, pois permite que as pessoas procurem informação, cruzem informação, troquem opiniões, saibam como as coisas são noutros países.
Por exemplo sabe que no Brasil uma companhia aérea foi multada por não ter divulgado a lista de passageiros após tres horas ?
Descobri isso perdendo algum tempo “gogulando”. Pois, é a tal facilidade proporcionada pela internet.
Aqui que saíba essa lista ainda não foi divulgada oficialmente. Anda nas redes sociais a circular uma fotografia de uma folha manuscrita. O que quanto amim, é bem pior.
Por que razão desejo consultar a lista de passageiros ? Simples, para saber se a pessoa que conheço através de uma rede social e que não me responde as mensagens que lhe tenho enviado, estará ou não na lista dos que perderam a vida no tragico acidente.
Resumindo, se a LAM em vez de tentar esconder a informação que tinha, tivesse emitido um comunicado “dizendo o que o avião tinha desaparecido dos radares depois de uma
queda vertiginosa, temendo-se o pior” a maioria dos disparates que foram circulando pela net, redes sociais, e divulgados por algumas agencias noticiosas, não teriam tido campo para terem acontecido.