HÉLDER SILVA… uma glória do desporto moçambicano
Por João de Sousa
O Samuel de Carvalho desafiou-me a entrevistar um respeitado atleta moçambicano que deixou uma marca indelével nas modalidades que praticou, de seu nome Hélder Silva. O seu ecletismo levou a dedicar-se sempre com afinco e enorme responsabilidade ao futebol, basquetebol, ciclismo, boxe e remo. Para o entrevistar tivemos que colocar no circuito várias pessoas, a começar pelos membros da sua família. O intermediário foi o nosso comum amigo Rogério Carreira, antigo atleta moçambicano, que foi sem dúvida a peça importante de toda esta engrenagem.
As respostas às perguntas que elaboramos constituem um legado para o desporto moçambicano. Há histórias e factos que marcaram uma época. Votos de boa leitura.
Teu nome completo, data e local de nascimento?
Chamo-me Hélder Jorge Santos da Silva, nasci no dia 12 de Outubro de 1930 na então cidade de Lourenço Marques.
Onde moravas?
Eu morei no coração do Alto do Alto-Maé, na Rua Chaves de Aguiar, nº 80. O acesso, fazia-se pela Avª Pinheiro Chagas, mesmo junto à Farmácia Portugal.
Qual foi o teu percurso escolar (escola primária, secundária, etc.)?
Nunca fui dedicado aos estudos, não me lembro sequer, de alguma vez abrir um livro, para estudar. Com 10 anos, concluí a escola primária, chumbei na admissão ao 1º ano Comercial e o meu pai, pôs-me a estudar na Escola Especial, do bom amigo Prof. Malveira. Aí, fiz o 2º ano do Ciclo Preparatório e, parei. Desisti simplesmente.
Alguns dos teus colegas de escola foram teus colegas nas modalidades que praticaste, nomeadamente no basquetebol, futebol, ciclismo, pugilismo e remo?
Não aconteceu porque como te disse os estudos morreram à nascença. Podia e devia ter conciliado as duas coisas, pois tinha condições para o fazer. De arrependidos está o mundo cheio!
Em que empresa ou empresas trabalhaste?
Foi uma condição que o meu pai me impôs: não estudas, mas vais trabalhar, ao que acedi com satisfação. Com 12 anos incompletos, comecei a trabalhar numa cantina/bar e venda de gasolina, no Largo João Albasini. Este comércio era explorado por um cidadão português chamado Elísio Pinto Ferreira, ligado à construção civil. No dia em que comecei a trabalhar, fiquei com uma ideia muito ligeira como tudo funcionava e, parti para a vida. O meu ajudante de nome Alberto, que ao fim a ao cabo, foi o meu mestre, era um moço negro, um pouco mais velho que eu, pois tinha 14 anos. Formámos uma boa equipe e pouco tempo depois tudo funcionava normalmente.
Depois, e porque eu tinha o desejo de trabalhar em ferragens, fui empregado da Casa Vidago,
uma verdadeira escola no ramo, pois tanto vendia um prego ou parafuso, como uma ferramenta de precisão. Depois vieram outros empregos, sempre em casas da especialidade na área das ferragens, até que, depois da independência de Moçambique trabalhei na DIMAC, uma empresa responsável pela distribuição, a nível nacional, de materiais de construção.
Praticaste várias modalidades. Como foi possível isso? Havia tempo para todas elas?
Foram diversas as modalidades que pratiquei. Nas modalidades individuais, como o ciclismo ou o boxe, eu controlava-as de maneira a não prejudicar as coletivas, como o futebol, basquetebol ou mesmo o remo.
Nas modalidades do basquetebol e futebol, era um pouco mais complicado, porque chegavam a estar em atividade na mesma altura. Em Fevereiro por exemplo quando começava a época de futebol ainda se jogava o basquetebol. Em Junho/Julho, no auge do campeonato de futebol, ainda se jogava o basquetebol.
Eu era bastante jovem, levava uma vida bastante regrada, preparava-me sempre muito bem, o que me proporcionava manter em atividade o ano inteiro a um bom nível.
De que modalidade praticada gostavas mais?
Honestamente de todas. Fui entrando nelas, dedicando-me com todo o carinho e respeito. A competição era a minha fonte de energia e o maior gosto que a vida me proporcionava.
Alguém te influenciou a praticar todas essas modalidades?
Sim! Tive algumas influências para praticar o boxe e o remo.
Boxe: namorava na época uma miúda que trabalhava no comércio e saía às 18H00. Enquanto esperava por ela, todos os dias passava por mim o meu bom amigo José Sarmento, a caminho do Sporting, onde treinava a modalidade de boxe e sempre que me via desafiava-me. A resposta era sempre a mesma! Que tivesse juízo. Um certo dia, de costas viradas pro namoro, acompanhei-o, experimentei, tomei-lhe o gosto e ainda fiz alguns combates.
Remo: de 1950 a 1955, trabalhava na casa Vidago “Ferragens” ao lado da Casa Spanos. O pessoal juntava-se a cavaquear antes da entrada ao serviço. O Sr. Fernandes, técnico de máquinas de escrever da Spanos, desafiou-me para a equipa dele, dizendo-me que eu reunia todas as condições para preencher o lugar: alto, magro, braços compridos e por aí fora…resultado? Passadas que foram duas semanas entrava para a equipa do Clube Naval.
9 – Lembras-te de figuras do nosso desporto que tenham praticado tantas modalidades?
Já se passaram sessenta anos… muito tempo, não?! Da minha geração salta-me um nome e a recordação de um grande atleta moçambicano dessa época, um grande rival do Grupo Desportivo Lourenço Marques (GDLM), um grande e saudoso amigo de seu nome Pedro Santos. Era um um nome sempre presente, sempre vivo!!!
No futebol era um guarda redes de eleição. No basquetebol mostrou sempre ter um nível muito elevado. Era excelente no atletismo. Na natação, os seus saltos acrobáticos eram incríveis…
10 – Enquanto praticante, representaste sempre o mesmo clube?
Não. No basquetebol, representei o Alto Maé (Iniciados 1943/44). No final desse ano acabaram com a secção de basquetebol. A seguir, já nos seniores joguei pela Associação dos Naturais de Moçambique (ANM), Sporting L. Marques (SCLM) e Ferroviário L. Marques (CFM). Voltei ao Sporting onde terminei a minha carreira. Na altura eu tinha 39 anos de idade. No ciclismo, só representei o Alto de Maé. No boxe fui pugilista do Sporting e no remo representei o Clube Naval.
Porquê Sporting? Alguém te influenciou a ir jogar para este Clube?
No ano de 1948, brincava eu ao futebol nos terrenos da Munhuana (onde hoje está implantada a igreja Universal do Reino de Deus), quando um amigo do grupo, me desafiou para ir para o Sporting, pois eles precisavam de um guarda-redes. Eu respondi-lhe que não tinha prática nessa posição. Pediu-me então para me sujeitar a um treino, pois não tinha nada a perder. Aceitei, fui ao campo João da Silva Pereira (campo do Sporting LM) fazer o teste, agradei e, de imediato, inscreveram-me.
Dois dias depois, num domingo às 8h00 da manhã, estava a jogar no campo Eng. Freitas e Costa (antigo campo do Ferroviário LM).
Lembro-me ainda do nome do meu primeiro treinador – Sr. Leitoguinho, nome grande no Sporting Clube Portugal e mais tarde do Sporting Clube de Lourenço Marques.
Quais foram os melhores momentos da tua atividade desportiva?
As vitórias alcançadas que serviram de incentivo para novas conquistas. Recordo as homenagens no ano de 1967:
Medalha de ouro, galardão máximo do Sporting L. Marques (SCLM), a um atleta. Nesta festa de homenagem que o Sporting me proporcionou (não de despedida, pois atuei até 1970), recordo os meus colegas de equipa: Carlos Serra “Cató”, Jorge Carmo, Armando Santos, Mário Albuquerque, Sérgio Carvalho, Nelson Serra, Victor Morgado, Noronha, João Romão, Rui Carvalho, Pestana, Celso Carvalho, José Mateus e Cardoso.
Medalha de prata da cidade de Lourenço Marques, máximo galardão concedido a um atleta, com o elogio feito, pelo saudoso e amigo – Sr. Armando Valério, funcionário da Câmara Municipal de Lourenço Marques, redator desportivo do Jornal “Notícias”.
Louvor do Secretário Provincial de Educação, de 27 de outubro de 1967 e, publicado em Boletim da Republica de 4 de novembro. Tenho em meu poder o respetivo Boletim da República, muito velhinho, pior que eu, e amarelinho.
Há um nome, um amigo do peito, um irmão a quem tudo fico a dever: Domingos Ernesto de Moura.
Vamos falar de basquetebol. Quem foram os teus companheiros de equipa?
Foram muitos. Permito-me destacar o Elicídio Alves, José Gomes, Octávio Bagueiro, Carlos Braga, Lenine, Claudino Ribeiro e Bebé Carreira. Depois veio uma outra geração de basquetistas com quem tive o prazer de jogar como por exemplo os irmão Serra (Carlos e Nelson), Sérgio Carvalho, Mário Rodrigues, Octávio Sá, Victor Morgado, Fernando Fernandes, Mário Albuquerque, Armando Santos, José Mateus, Celso Carvalho, Orlando Noronha, Ashok, Marcelo Sá, Rui Calrão, Jorge Carmo e Cardoso. Outros houve certamente, mas infelizmente já não me lembro. Estes foram os jogadores que me acompanharam ao longo da minha carreira no basquetebol do Sporting.
Qual foi para ti o melhor jogador desta modalidade?
É sempre difícil responder a essa pergunta, porque, como te disse, eu convivi com duas gerações completamente diferentes, mas inclino-me para o jogador que no seu tempo era diferente de todos: Octávio Bagueiro. Jogava, fazia jogar, realizava assistências primorosas e encestava sempre que necessário.
Qual dos teus companheiros mais te impressionou?
Octávio Bagueiro “Manolete”.
Tens ideia de quantos títulos ganhaste jogando basquetebol?
Honestamente, não me passa pela cabeça.
Quem foram os teus treinadores?
Que me lembre foram seis. Jaime Caldas, Alfredo Cardoso, Luis Pina, Alfredo Neves, José Lopes e Francisco Marques.
Qual foi o treinador que mais te marcou?
Gostava de todos. Todos eles eram diferentes. Todos eles eram bons treinadores.
Para ti, qual foi a equipa mais difícil de defrontar e de marcar?
Foi a equipa do Panatinaikos.
Tinha nas suas fileiras um jogador portentoso chamado Nicolas Nakios, que me fez virar os olhos, até acertar com a marcação. Foi de facto uma equipa difícil, diferente. Gostei de ter jogado contra eles.
De todos os jogadores que defrontaste, bem como o da própria equipa, qual foi para ti o mais completo?
Para mim esse foi sem dúvida o Octávio Bagueiro.
Qual o cinco ideal da tua geração?
António Fonseca, Sotero ou Luis Pina, Bebé Carreira, Octávio Bagueiro, Lenine e Pedro Santos.
Podes mencionar os nomes de alguns árbitros de basquetebol que mais te agradaram?
Rui Albasini, os Irmãos Morgado, (Acácio, Adriano, Flávio e Victor), Luis Pina e Tácito Rocha. Todos bons de um lote muito vasto. Lembro-me que as arbitragens nesse tempo, 95% para não dizer 100%, eram feitas por jogadores em atividade. Aproveito a tua pergunta sobre árbitros para descrever a seguir, uma passagem que penso não ser descabido relatar. Num jogo do Sporting (não me lembro contra quem) fomos prejudicados pela dupla Sotero/Pedro Santos. Perdemos o jogo. No final do jogo o Octávio Bagueiro, sempre diplomata, em conversa com o Sotero, ouviu deste que nenhuma equipa perde por influência da arbitragem, se for superior ao adversário. O Octávio Bagueiro, na altura, respondeu-lhe que esperasse para ver. Dito e feito. Não teve de esperar muito, porquê? No jogo seguinte entre o Malhangalene, dos irmãos Ferreira da Silva (Américo e Armando), contra o Desportivo do Sotero, o inesperado aconteceu. O Malhangalene, ganhou ao Desportivo. O Octávio Bagueiro deu a resposta que o Sotero precisava.
Jogaste pelas seleções? Que digressões efetuaste?
Joguei em todas as seleções, nomeadamente de Lourenço Marques, Naturais e de Moçambique. Fiz digressões por Madagáscar, África do Sul (Cape Town e Port Elizabeth) e Rodésia do Sul (atual Zimbabwe).
Participei nos I Jogos Internacionais do Indico, em Madagáscar, e ficámos em segundo lugar, atrás da França.
Ano 1952 – Seniores “Seleção L. Marques em Madagáscar”
Em cima: Luis Pina, António Fonseca, Mário, Adam Ribeiro, Francisco Marques, Alfredo Cardoso (Treinador).
Em baixo: Hélder Silva, Américo Silva, Octávio Bagueiro, Tavares Rocha, Braga.
Época 1956/57 – Seniores – Seleção L. Marques
“Seleção L. Marques (72) x Natal (22) – Estádio do Malhangalene – 24.11.1956”
Em cima: Fausto Salvatore (Massagista), Hélder Silva, Eduardo Branco “Becas”, Frederico Morais, Labistour Alves, Sotero e Correia Mendes (Treinador).
Em baixo: Pedro Santos, Fernando Fernandes, António Fonseca, Álvaro Santos “Varito”, B5? e Guilherme Soares.
Ano de 1958 – Seniores – Selecção Naturais Moçambique
“Selecção Naturais de Moçambique X Palmeiras (Brasil)”
Em cima: Luis Pina (Treinador), Frederico Morais, Eduardo Branco “Becas”, Francisco Marques, Guilherme Soares, Labistour Alves.
Em baixo: Benjamim Ferro, Manuel Simões “Lecas”, Hélder Silva, Américo Ferreira Silva, R. Ferreira.
Época 1958/59 – Seniores – Selecção L. Marques
“I África do Sul (42) x (72) Selecção L. Marques” – Port Elizabeth – 04.10.58
Em cima: Jorge Brites (Dirigente), Humberto Pinto, Labistour Alves, Armando Silva, Frederico Morais, Eduardo Branco “Becas”, Alfredo Cardoso (Treinador).
Em baixo: Sotero Rebelo, António Fonseca, Hélder Silva, Manuel Simões “Lecas”, Edmundo Carreira “Bébé”.
Época 1959/60 – Seniores – Selecção L. Marques
Em cima: Rui Duarte (Treinador), Frederico Morais, Francisco Marques, Humberto Pinto, Sotero Rebelo, Luis Lopes, Eduardo Branco “Becas”.
Em baixo: Roberto Ferreira, Hélder Silva, Alberto Rodrigues, Américo Silva, Guilherme Soares, Pedro Santos.
Época 1960/61 – Seniores – Selecção L. Marques
Em cima: Correia Mendes (Treinador), Frederico Morais, Eduardo Branco “Becas”, Fernando Fernandes, Ip Chiu Ah, Humberto Pinto, Sotero Rebelo, C8?, Luis Pina (Treinador).
Em baixo: Hélder Silva, Francisco Marques, Benjamim Ferro, Sérgio Carvalho, Carlos Alemão, Guilherme Soares.
Algumas recordações do basquetebol no SCLM:
Época 195?/5? – Seniores
Em cima: Hélder Silva, C2?, José Gomes, Elicidio Alves, José Ferreira “Zeca”, Octávio Bagueiro “Manolete”.
Em baixo: Marinho, Pinto Rocha, Claudino Ribeiro, Carlos Braga, Edmundo Carreira “Bébé”.
Época 195?/5? – Seniores
(Sporting x Vasco da Gama do Brasil)
Na foto: Edmundo Carreira “Bebé”, José Gomes, Hélder Silva, Octávio Bagueiro “Manolete”; Carlos Braga.
Época 1953/54 – Seniores
(Inauguração do parque desportivo dos Irmãos Maristas em L. Marques)
Em cima: Hélder Silva, Octávio Bagueiro, C3?, José Gomes.
Em baixo: Edmundo Carreira “Bebé”, Carlos Braga, Carlos Garcez.
Época 1961/62 – Seniores
• Vencedor da Taça de Portugal (Disputada no Fundão. O CFM campeão de Moçambique foi eliminado nas meias-finais. Resultado da final: SCLM 46-Barreirense 30, este jogo foi disputado ao ar livre e com vento…).
• Vencedor do Torneio da África Austral.
Em cima: Vilagelin Ribeiro (Dirigente), Octávio Sá, Mário Albuquerque, Alfredo Neves (Treinador), Manuel Lima, Sérgio Carvalho, Abílio Monteiro (Seccionista).
Em baixo: Fernando Fernandes, Carlos Serra, Rui Calrão, Edmundo Carreira “Bebé”, Hélder Silva, José Mateus, Cambé (Massagista).
Época 1965/66 – Seniores
Campeão Distrital L. Marques • Campeão Provincial Moçambique
• Campeão Nacional (não oficializado)
Em cima: Octávio Sá, Mário Albuquerque, Francisco Marques (Treinador), Carlos Serra, Sérgio Carvalho.
Em baixo: Jorge Carmo, Jorge Cardoso, Marcelo Sá, Hélder Silva, Nelson Serra.
Época 1965/66 – Seniores
“Campeões Nacionais”
Na foto: Jorge Carmo, Marcelo Sá, Nelson Serra, Carlos Serra, Hélder Silva, Francisco Marques (Treinador), Sérgio Carvalho, Octávio Sá, Mário Albuquerque, Jorge Cardoso, Celso Carvalho.
Época 1965/66 – Seniores
(À entrada da Residencial América com os troféus conquistados)
Em cima: Mário Albuquerque, Francisco Marques (Treinador), Jorge Carmo, Nelson Serra, Marcelo Sá, Carlos Serra, Sérgio Carvalho, Hermínio Barreto.
Em baixo: Jorge Cardoso, Hélder Silva, Celso Viegas, Domingos Moura (Dirigente).
Época 1965/66 – Seniores
(Momentos de euforia à chegada a Moçambique…)
Na foto: Marcelo Sá, Domingos Moura (Dirigente), Hélder Silva (Capitão), Jorge Carmo (meio encoberto), Mário Albuquerque, Nelson Serra, Sérgio Carvalho.
O teu filho com o teu nome (Hélder Silva) seguiu as pegadas do pai no basquetebol e casou-se com a outra estrela do basquetebol português, a Teresa Barata.
Desse casamento nasceu a tua neta Mariana Silva, segundo consta uma basquetebolista de eleição. Poderei dizer que tu influenciaste os membros da tua família?
Não há influência minha, o mérito é todo deles. Quando de férias vinha a Portugal, nos anos em que o meu filho jogava e, na altura, namorava com a Teresa, assisti a alguns jogos de ambos. Gostava de os ver jogar. Quanto à Teresa, só tenho a dizer que na altura, era considerada a melhor jogadora portuguesa. Era extraordinária, a jogar, fazer jogar e a concretizar.
Quanto à minha neta Mariana, que já assisti a alguns jogos, os primeiros em 2015 e depois em 2019, progrediu imenso e tem margem para muito mais, com a felicidade de ter uns pais competentíssimos a acompanhá-la.
Quanto ao meu filho, tive a felicidade de assistir a uma final da Taça de Portugal, não só porque venceram, mas também pela exibição que arrancou.
Infelizmente João Rocha, que era Presidente do Sporting Clube de Portugal, encerrou a Secção de Basquetebol no início da época de 1982/83.
Quando começaste a jogar futebol?
Em 1948.
Qual era a tua posição?
Guarda-redes.
Jogaste em todas as categorias?
Só comecei a jogar oficialmente no último ano de juniores, depois, passei diretamente para os seniores.
Fizeste parte das seleções? Quais?
Fiz sim. Joguei pela Seleção de Lourenço Marques.
Quais eram os guarda-redes que jogavam naquela altura?
Pedro Santos, Costa Pereira, Felizardo, Fernando Vaz. Depois vieram o Octávio Sá, Fernando Fernandes, Arménio Gonçalves, Severino Alves Jerónimo, Álvaro Braz, Eurico Catoja e tantos outros. Todos eles com muita classe.
Qual eram os jogadores mais preponderantes da tua equipa?
Que me lembre, joguei de 1948 a 1962.
Ano 1954/55 – Seniores SCLM
Em cima: Hélder Silva, Andina, Marques Neves, Armando Coelho, Guedes, Zé Costa.
Em baixo: Ângelo Oliveira, Octávio Bagueiro, Claudino Ribeiro, Lomelino “Paiol” e Cruz e Silva.
Ano 1960 – Seniores SCLM
• Campeão Distrital L. Marques • Campeão Provincial Moçambique
Em cima: Hélder Silva, Cambé (Massagista), Freire (Treinador Adjunto), Nuno Martins, Costa, Mário Martins, Artur Gama, Simões, Rangel, Amílcar e Gomes.
Em baixo: Lomelino, Ângelo Oliveira, Claudino Ribeiro, Bernardino, Eusébio, Frederico e Madala.
Durante estes anos refiro o Armando Coelho, central de muita categoria, Guedes, meio campo, fazia lembrar o Juca, muito elegante e personalizado. À frente o Ângelo Oliveira, muita habilidade, Claudino Ribeiro ponta de lança que marcava muitos golos e o malabarista, que jogava para a equipa, não era egoísta e marcava golos de seu nome Octávio Bagueiro.
Podes mencionar os nomes dos jogadores que mais te impressionaram?
Com muito gosto: Juca, Mário Wilson, Pedro Santos, Costa Pereira, Felizardo, Octávio Sá, Fernando Lage, Armando Coelho, Liua, Perdigão, Eusébio Silva Ferreira, Rodolfo Albasini, Ramalhito, Cremildo Loforte e muitos que ficam por mencionar.
Que outras equipas eram consideradas rivais do teu clube? Foi sempre o Desportivo ou houve outras equipas?
Na minha ótica, o Desportivo foi sempre o rival número um.
No entanto, sempre que disputávamos um jogo, independentemente do adversário, a vontade de vencer era sempre a mesma, muito grande, enorme. O sabor é que era diferente.
Qual foi a equipa mais difícil de defrontar?
Em todas as modalidades, foi sempre o Desportivo. Não só pela rivalidade, como também pelo equilíbrio de valores. A magia que só o desporto sabe realçar e a incerteza de resultados que sempre imperava até ao último apito do árbitro. Era empolgante, só quem viveu esta atmosfera pode fazer jus ao seu valor.
Quem eram os árbitros do teu tempo de futebolista?
Recordo alguns como por exemplo Ribeiro Teles, Carlos Américo, José Ferreira “Garrinha”, Alfredo Viegas, Graça, Costa Pinto e Freitas Branco.
Tens algum episódio curioso que tenha acontecido no período que jogavas futebol e que queiras partilhar com os leitores do BigSlam?
Tenho sim! E não foi nada agradável para as minhas cores!
Um sábado à tarde no nosso campo, jogávamos contra a equipa do Indo-Português. Eu na baliza, do lado da nossa Sede. O jogo decorria normalmente, controlado pelo Sporting. Havia quinze minutos de jogo, eu e alguns colegas meus da defesa, fomos atacados e mordidos por abelhas. Jogo interrompido, as dores só podem ser avaliadas por quem já passou pelo mesmo. No reinício do jogo, passou tudo a correr mal e perdemos por 1-0. O Indo-Português, clube simpático, do meu amigo e irmão Professor Dr. Fernando Vaz, teve esta preciosa ajuda! Ou talvez não. Aconteceu !
Como nasceu a ideia de praticares ciclismo?
Com oito ou nove anos já era um louco pelo ciclismo. Nesta altura e principalmente nas voltas à cidade (24 km por volta) as provas consistiam em quatro ou seis voltas por prova.
Eu lembro-me de alguns percursos, das partidas e chegadas.
Alto Maé Av. Pinheiro Chagas, em frente ao prédio Rajá, Av. 1.º Maio, Missão de S. José, voltava junto à esquadra da polícia montada, seguia para a baixa, passando pelo Hospital da Missão de S. José, Matadouro, Estâncias, Av. Da República, Marginal, Clube Naval, dava a volta no Restaurante Piters, subia a Sommerschild, Hotel Polana, e voltava à Pinheiro Chagas.
Dada a partida no Alto Maé, eu e amigos meus e sozinho quando não tinha companhia, íamos em corrida a pé, descendo as barreiras da Malanga e diretos à Av. da República, para ver os corredores passar. Tínhamos que correr e bem, porque o trajeto de bicicleta, do Alto Maé, Missão de S. José e Baixa era muito curto. Nós não queríamos perder a oportunidade de os ver passar. O regresso ao Alto Maé, fazíamo-lo com calma, porque aí já nos dava tempo. Isto repetia-se até a prova terminar. Os meus amigos desistiam, mas eu mantinha-me fiel às minhas convicções. Os corredores da velha guarda “do meu tempo” que muito admirava e tudo dava para os ver em competição eram os irmãos José e António Bento, Gama Virgílio Garcia, Leonel dos Santos, Pedro Mendonça, Carvalho dos Santos. Estes eram corredores de eleição. Claro que houve outros.
Que provas se praticavam na altura em que tu iniciaste?
Havia as voltas à cidade de Lourenço Marques bem como os circuitos entre a capital e Marracuene, Impaputo, Goba, Moamba, Namaacha, Ressano Garcia, Xinavane e Manhiça.
Que provas ganhaste?
Foram muitas. É difícil de enumerá-las.
Quando não ganhava as provas conseguia ganhar várias etapas. O ciclismo naquela altura tinha um grande entusiasta e impulsionador, que era o Sr. Oliveira, Presidente do Alto Maé, clube que representei nesta modalidade. Uma das provas mais difíceis foi do circuito Xinavane – Lourenço Marques. Logo à partida, um grupo de seis ciclistas, encetaram uma fuga que resultou. Passados que foram uns quilómetros, a perseguição aconteceu. Eu no grupo perseguidor, tive imensas dificuldades em os acompanhar. Antes de chegar a Marracuene, há uma subida íngreme e muito longa, que representou para mim imenso sacrifício, eu que o meu forte foi sempre a subida. Sempre agarrado ao pelotão, com muitas dificuldades, fui prosseguindo, até alcançarmos os fugitivos, a uns vinte quilómetros da meta. Passados que foram uns cinco quilómetros a rolarmos todos juntos, não sei explicar, senti uma alma nova dentro de mim, como nunca tinha acontecido. Falei com um colega meu, que estava a meu lado e disse-lhe que ia dar o salto e, que se preparasse para me acompanhar. Dei um sprint forte, ele correspondeu, distanciámo-nos do pelotão e, isolados, chegamos à meta. No sprint venci a etapa e o meu colega melhorou o seu tempo na classificação geral.
Quais eram os ciclistas da tua época?
No Alto Maé: eu, Jaime Cardoso, Jacinto Melo, o seu irmão mais novo Melo, Delalande, Jorge Henriques, o irmão Arnaldo, Serafim o Algarvio, Ildefonso Palma, António Oliveira e, ainda fizeram parte, dois veteranos, grandes na sua época, Leonel dos Santos e António Bento. Na minha ótica os melhores eram Jaime Cardoso, o irmão mais novo de Jacinto Melo, Jorge Henriques e Ildefonso Palma.
No Ferroviário: Anselmo, os irmãos Poupados (eram quatro), Humberto Rodrigues, todos eles de nível muito elevado, bons ciclistas.
No Desportivo: Joaquim Oliveira, uma das maiores vedetas do ciclismo moçambicano e ainda, José Maria.
O ciclismo era um desporto popular?
Na altura das provas por etapas ao domingo, surpreendeu e tirou muito público ao futebol. Nas voltas à cidade era um mar de gente em toda a cidade. Nas provas, para fora da cidade, era uma romaria autêntica. São daquelas coisas que só vendo para crer! Saudades daquela euforia!
Era uma festa! Como devia ser todo o desporto!
Há algum episódio (bom ou menos bom) que queiras recordar desta modalidade?
Quando vi esta pergunta, a primeira reação foi uma gargalhada, mas abafada. Naquela etapa Xinavane – Lourenço Marques, quando estávamos a dois quilómetros da meta no Alto-Maé, ao deixar a estrada de Marracuene entrámos na Av. 1.º de Maio, junto à missão S. José, eu e o meu colega Melo vínhamos isolados, quando um motociclista se aproximou e nos deu uns gomos de laranja cortados. Chupei, deitei fora a casca e até aqui tudo normal, tudo bem. O insólito aconteceu após cortarmos a meta. Os amigos e adeptos, festejavam a nossa vitória quando um amigo me pergunta pelos meus dentes. Quando deitei a casca de laranja fora, a placa com dois dentes fez-lhe companhia! Levaram-me numa mota, sabia onde tinha acontecido e fui dar com os dentes ainda a morder na casca da laranja. 🙂
Quando começaste a praticar o pugilismo?
Em 1948, com dezoito anos ainda incompletos.
Quem eram os praticantes da época?
Na sala do Sporting onde eu treinava, lembro-me de alguns amigos, com quem trocava luvas, a maioria muito mais pesados do que eu. Na altura pesava setenta quilos com 1,80 metros de altura. Recordo-me do José Sarmento, Sebastião Ferro, Pegado, Lino, Bastos, Flor de Maio, Raúl Lopes da Silva, Luis Marques e Luis Palha. A modalidade era explorada, pelos pugilistas, Al Pereira e Jorge Tafoi que raramente marcavam presença.
Esses praticantes estavam integrados em clubes ou competiam a nível individual?
Na altura em que eu competia, só tinha conhecimento da existência da secção de boxe do Sporting, e os combates eram sempre entre colegas do mesmo clube. Éramos todos amadores, com exceção do Al Pereira e Jorge Tafoi.
Lembras-te de quantos clubes tinham as suas secções de boxe?
Que me lembre, na minha época, só o Sporting.
Que torneios se realizavam na altura?
Quando Al Pereira ou Jorge Tafoi, cabeças de cartaz combatiam, nós amadores completávamos o programa, não havia torneios organizados.
Como foi a tua prestação no pugilismo? Torneios, vitórias, etc?
Fiz seis combates. Ganhei todos. O Sr. Pegado, tio do Vasco Pegado, que foi jogador do Benfica de Portugal, um empresário ligado ao boxe, e com fortes contactos na África do Sul, quis-me convencer a abraçar o profissionalismo, a levar a modalidade a sério, treinando-me e organizando combates na África do Sul e Lourenço Marques. Declinei o convite.
Que pugilista mais admiraste?
Benny Levi.
O pugilismo no teu tempo era praticado na cidade de cimento (Pavilhões Malhangalene, Sporting, etc) ou os combates também eram realizados nos clubes da zona suburbana?
No meu tempo todos os combates realizados, foram no campo de futebol do Sporting, à frente da bancada central, onde era colocado o ringue e as cadeiras à volta do mesmo como habitual!
Que recordações tens do pugilismo moçambicano?
Muitas e boas!
Recuo uns anos e, lembrando o meu querido pai, que foi para os filhos como um irmão mais velho, era eu miúdo, levava-me com ele ao boxe, porque sabia, a paixão que eu tinha pelo desporto.
Tive a felicidade de conhecer a fina flor do boxe moçambicano da altura como por exemplo Benny Levi, (os sul africanos apelidavam-no de “a metralhadora”) Xangai, Carlos Wilson, Matos, Edmundo Domingos, Júlio Neves, Jorge Tafoi e Benjamim Lopes da Silva.
Qual a tua mensagem final para os leitores do BigSlam?
É uma mensagem muito simples. As perguntas foram muitas e eu exagerei! Queridos leitores do BigSlam, não se cansem, é um conselho de amigo.
Quero também aproveitar para deixar uma mensagem ao Samuel, ao Rogério e ao João.
Samuel Carvalho, és um dos manos do meu querido amigão Paulinho!
Conheci-te já crescidinho, como praticante de basquetebol. Sempre foste uma estrela do nosso basquetebol e sem favor. Deus te dê muita saúde e aos teus, é o meu desejo!
Rogério Carreira “Roger”, de ti só tenho a dizer que conheci os teus pais solteiros, e ainda levaram uns anos a darem o nó. Depois, veio o Gerinho e com ele aquele monte de chuchas! Mas tudo bem, meu querido! Aquele abraço amigo e saúde da boa.
João de Sousa, quem não conhece? Caríssimo, devias ter sido mais meiguinho para com o teu amigo Hélder! Cinquenta e cinco perguntas? Um martírio João. Um martírio gostoso. Seleciona as respostas e publica o que achares de interesse. João, aquele abraço sem tamanho, que só o moçambicano sabe e conhece.
Nota do BigSlam:
- Parabéns Hélder Silva pela excelente entrevista que protagonizaste e pela comemoração do teu 90º aniversário! Conta muitos repletos de saúde e sempre com essa boa disposição e memória invejável.
- Agradecimento ao João de Sousa pela magnífica entrevista a esta personalidade do desporto moçambicano.
- Agradecimento ao Rogério Carreira e Sara Silva pela preciosa colaboração prestada, para que esta entrevista fosse possível. Bem hajam!
16 Comentários
Hélder Silva
Aos meus amigos, leitores do BigSlam, que comentaram calorosamente a entrevista publicada neste site no dia 12 de outubro, dia do meu 90º aniversário, o meu MUITO OBRIGADO pelas palavras que dedicaram-me nesta carinhosa homenagem. Foi com imenso prazer que li as publicações dos amigos de longa data e também daqueles que há dezenas de anos sem contato me presentearam com suas valiosas mensagens.
Um forte abraço a todos!
Hélder Silva
Manuel Martins Terra
Uma brilhante entrevista do João de Sousa, ao enorme Hélder Silva, que deu a conhecer a sua polivalência nas práticas desportivas por onde enveredou. Foi bom em tudo, com excelentes recordações acima citadas, que ilustram como o desporto é uma verdadeira escola de virtudes e do fomento de grandes amizades. Hélder Silva , foi mesmo um respeitado atleta que deixou cartel, sobretudo no basquetebol e futebol, com o seu Sporting Clube de Lourenço Marques no coração. A sua grandeza mede-se nos inúmeros títulos que conquistou e na grande legião de amigos que jamais o esquecerão. Nesta data festiva, parabéns pela comemoração das 90 primaveras , e acima de tudo muita saúde para continuar a dar vida aos anos que tem. Um abraço.
Armindo Matias
Senhor Hélder Silva, fantástica e cativante história de vida que li do princípio ao fim! Parabéns pela sua impar carreira de desportista e longa vida para legitimamente desfrutar dos louros conquistados.
Estive apenas dois anos em Lourenço Marques, de 1970 a 1972, depois de uma experiência dolorosa nas picadas do Niassa, tendo retido apenas alguns dos nomes dos jogadores de basquetebol daquela geração mas não posso deixar de me curvar perante este exemplo de vida e prestar a minha homenagem a esta lenda do desporto moçambicano.
O exemplo deste desportista de eleição tem que ser perpetuado para exemplo das gerações vindouras e por isso aqui deixo um apelo aos seus companheiros dos desporto moçambicano:
ORGANIZEM UMA COMISSÃO PARA CONSEGUIR QUE ESTE HOMEM VENHA A TER UMA ESTÁTUA EM MOÇAMBIQUE OU PELO MENOS O SEU NOME NUMA RUA. E SE NÃO HOUVER RECEPTIVIDADE POR PARTE DAS ENTIDADES MOÇAMBICANAS QUE SEJA EM PORTUGAL PORQUE O SENHOR HÉLDER SILVA PARA ALÉM DE UM DESPORTISTA MOÇAMBICANO É ACIMA DE TUDO UM DESPORTISTA PORTUGUÊS.
As homenagens devem ser feitas em vida. E, neste caso, a julgar pela forma física deste nosso atleta, se estão à espera da sua morte arriscam-se a não o poderem fazer porque o Senhor Hélder Silva ainda está com “pedalada” para nos deixar a todos para trás.
Celestino F Gonçalves
Deixo aqui, um pouco atrasado, o meu abraço de parabéns ao amigo e “jovem” Hélder, rapaz do meu tempo, super craque do desporto Moçambicano do nosso tempo e que tantas alegrias nos deu no nosso Sporting de LM, que comecei a frequentar em 1952 pela mão do saudoso amigo e meu colega de tropa, Bébé Carreira. Muitas felicidades e longa vida te desejo e à tua linda família que bem seguiu o exemplo do pai e avô!
Adorei a entrevista, superiormente conduzida por outro craque ( jornalismo desportivo e da rádio) João de Sousa, que muito admiro. Sem dúvida, João, que as respostas do Hélder “constituem um legado para o desporto moçambicano. Há histórias e factos que marcaram uma época” Parabéns e um abraço, extensivos aos amigos Samuel Carvalho e Rogério Carreira pela sua entusiasta e valiosa participação. O BIGSLAM já nos habituou a este nível de sucessos !
Pedro Capella
Os meus parabéns pelos seus 90 anos, representam não só as suas memórias mas também as de milhares de fans e desportistas que o recordam e que o tem como inspiração. Não me recordo das provas de ciclismo e boxe, mas lembro-me muito bem dos jogos de basquetebol. O melhor amigo do meu pai, o Panta Ferreira era sportinguista e nos do desportistas e assim nós distribuíamos nas bancadas uns dos outros, num verdadeiro espírito desportivo, ora nos no bancada do sporting a torcermos pelo desportivo, como eles no desportivo a torceram pelo sporting. Imagine-se uma situação dessas hoje em dia em Portugal e mesmo noutras partes do mundo. A sociedade em geral sempre foi muito dividida mas o sentido desportivo em Moçambique era saudável e civilizado.
Estávamos todos, brancos, pretos, indianos, chineses e todas as etnias que faziam parte da nossa sociedade, para vos vermos jogar, pelo vosso exemplo de desportivismo.
Um bem haja e que continue por muitos e bons anos, quem sabe para atingir outros prémios como nos habituou ao longo dos tempos.
Braga Borges
Grandíssimo atleta. Parabéns Hélder.
Fernando Fernandes
Obrigado Hélder Silva, muito bom recordar algumas das histórias que o meu pai me contava, em especial a conquista da Taça de Portugal de 1961-1962…
Luis Almeida
Uma das coisas mais maravilhosas que a vida tem é dar-nos a possibilidade e a suprema honra de conhecer seres humanos como o Hélder Silva, que foi com toda a certeza caso único como atleta eclético, ainda por cima a um nível de excelência em todas elas, Mas que, como ser humano, é alguém que torna a vida de quem o tem como amigo mais feliz de ser vivida. com um sentido de humor excepcional. Grande abraço e que o possamos ver com saúde ainda por muitos e bons anos…
Marcelo Sá
Saudoso Amigo. Muitos parabéns e um grande abraço.
Maralisa Santos
Adorei a entrevista sempre quis saber de toda a biografia de Hélder Silva, meu pai, padrasto padrinho, aquele abraço Deus nos dê muita saúde para continuarmos a conviver.Parabens,que tenhas muita saúde pai. tua filhota Maralisa Carvalho dos Santos.
Nelson Serra
Enormes parabéns grande capitão obrigado por tudo o que me ensinaste a ser atleta e principalmente homem com os teus exemplos.Quando tinha 11 anos estava sózinho a lançar ao cesto no antigo pavilhão do sporting e tu passaste com o saudoso Bébé e disseram vamos ensinar aquele miudo a lançar que o puto tem jeito,não te lembras pois não mas nunca me esqueci dessa vossa atitude.Se bem te lembras tu querias deixar de jogar e nós todos não deixávamos porque seria?Por tudo aquilo tu representavas junto do grupo.
Grande Capitão um grande beijo do puto à época
Obrigadão
Rui Morais
Grande amigo Helder, Companheiro de muitas confrontacões nos famosos derbys Desportivo-Sporting, disputados naquele imponente que era aquele vosso estádio coberto e que foi palco talvez dos melhores desafios de basquete com que se porporcionou o publico adepto dos dois clubes. Para alem disso fomos tambem companheiros de seleçoes, tanto de Moçambique, como dos Naturais e Lourenço Marques.
Nunca me poderei esquecer de uma digressao que fizemos a Port Elizabeth, que se nâo me falha a memória, foi em1957 ou 1958. O mais interessante desta epica viagem foi o ter sido feita de comboio tendo levado 3 dias, e 3 noites. Esta aventura foi pautada por episodios muito comicos, porque eramos todos muito jovens. Os mais “velhinhos”, eras tu e o outro nosso querido amigo, Tonecas Fonseca. So me lembro que voçes pintaram a manta. Bons tempos!
Gostaria também de referir, que para alem de seres um eximio basquetista, foste igualmente um bom guarda redes do teu Sporting. Por ultimo, e talvez nâo por esta ordem, representaste com enorme categoria a equipa de ciclismo do Alto Mae. Na minha perspectiva, tu com o meu grande amigo, Humberto Rodrigues e o Humberto Monteiro, que foi meu colega na Shell, representam os melhores ciclistas que Moçambique jamais produziu. Quero nesta data inesquecivel, desejarte um fantastico aniversário, rodeado dos teus entes queridos, com muita saude e por muito mais meu nonagenario🤣
Há no entanto algo que nunca te ei de perdoar. Soube por amigos comuns, que eras quem em Lourenço Marques fazia o melhor caril de camarão, que é um dos meus pratos preferidos, mas que nunca tive a oportunidade, de me ter deliciado com esse teu manjar👍👏👏👏🏏🏏🏏🍷🍷🍷Um grande abraço Frederico Morais
Wanda Serra
Ola Helder
Muitos parabens .Que tenhas um lindo dia .
Muitos beijinhos,xis coracoes e saudades muitas .
Wanda
Tomané Alves
Fiquei encantado com toda a entrevista do Hélder Silva, que ao que julgo saber – pelo n/amigo comum Fernan(dinh)o Silva – é o Sócio nº1 do Clube Maxaquene dos Desportos, sucessor do enormíssimo SCLM. Parabéns ao HS, ao JS e ao SC!
O ecletismo do HS foi notável e, ao longo dos tempos, não havia ninguém que não o mencionasse como o melhor exemplo disso mesmo, e sempre numa áurea de modelo de homem e desportista.
O Sr. HS diz que deixou de jogar em 1970. E eu, conjuntamente com o meu colega e amigo do peito Rui Pinheiro, tivemos, como júniores de 1º ano (dos 16 para os 17 anos), o privilégio de termos sido convidados a integrar a equipa sénior na Homenagem que lhe foi prestada pelo SCLM … em jogo com o Desportivo. Foi o n/1º jogo oficioso em seniores! Tenho uma foto de jornal desse evento de 1970, que, para mim, também foi um marco histórico e inesquecível. Na impossibilidade técnica de a colocar aqui, enviarei de seguida a referida foto para o mail do Samuel Carvalho (SC).
Parabéns Hélder Silva e que vá gozando sempre da melhor saúde. Abraço com amizade e muita consideração.
Samuel Carvalho
Caro amigo Tomané Alves, grato pela foto/recorte de jornal sobre a homenagem do SCLM ao Hélder Silva em 1970. Não sabia que tinha sido o vosso primeiro jogo em seniores (tu e o Rui Pinheiro). Excelente recordação!
Tomei a liberdade de publicar nesta entrevista a foto/recorte enviada por email.
Vou contando contigo neste nosso “Ponto de Encontro!”.
Aquele abraço.
Magno Antunes
“Ganda” amigão Hélder, mais logo vamos estar juntos, era impossível que nesta data do teu 90º aniversário, mesmo de pandemia, não o estivéssemos!
Um enorme abraço de parabéns, igual ou mesmo maior do que Moçambique, deste tem colega e amigo!
Até mais logo…grande, grande, Hélder!