MOÇAMBIQUE DE 1491 A 1974 – 4 ETAPAS DA SUA HISTÓRIA
Por Cândido Azevedo
Vai o BigSlam publicar 4 breves textos sobre a História da nossa querida terra, Moçambique, desde que os portugueses dela tiveram conhecimento. Começará com “A Capitania de Sofala”, segue a “Capitania de Moçambique”, depois a “Capitania de Moçambique, Sofala e Rios de Sena” e por último, já na sua extensão actual, a “Colónia de Moçambique”. Cada um destes textos, do tamanho de uma página A4 e fora do que é habitual ler-se, fazem parte de um livro agora editado e intitulado “PELAS MALHAS DO ANTIGO IMPÉRIO. HERÓIS E VILÕES: CORAGEM, DIVERSIDADE, PECADOS E TRAIÇÕES”.
Segundo o autor, leitor do BigSlam e Professor aposentado, foi escrito em 2020, período de medonho confinamento, tem uma linguagem simples e fluída, mas verdadeira, dos espaços e tempos da enorme epopeia lusitana. Foi seu propósito, neste seu 10º livro, abordar todos os territórios, um a um, e foram eles mais de 100, que constituíram ao longo de séculos o Antigo Império Português, de 1498 a 1974 e cuja grande maioria pessoalmente visitou. Após a descrição sumária de cada um dos territórios, finaliza com 4 pequeninas e deliciosas histórias, ao jeito do “Sabia que …?” que surpreenderá certamente o leitor. É seu autor Cândido Azevedo, alguém que viveu toda a sua juventude em Lourenço Marques, onde foi um desportista polivalente e cumpriu o serviço militar na 1ª Companhia de Comandos de Moçambique, de 1969 a 1972. Deixo aqui a entrevista que concedeu ao BigSlam em 2020. Clicar no link ou na imagem seguinte: “Conheça Melhor” – Cândido Azevedo.
Vamos então ao 1º texto, prometendo o 2º para daqui a uma semana:
- A CAPITANIA DE SOFALA
- João II, na esperança de chegar ao centro económico que se movia entre a Europa e a China, não envia só gente por mar. Em 1487, por terra vão dois homens de confiança: Afonso de Paiva e Pêro da Covilhã, que disfarçados de mercadores procuram dados sobre o comércio e navegação no Índico e uma aliança com o Imperador Preste João, das Índias Etiópicas, reino cristão, possível aliado contra os islâmicos. Era a espionagem no seu melhor e secretamente preparada. Pêro da Covilhã obtém êxito pois andou pelas costas da Arábia, Índia e África, chegando a Sofala. Em 1491, já no Cairo, soube Pêro da Covilhã que grandes comerciantes muçulmanos de Ormuz, de Ádene outros lugares negociavam em ouro, vindo de Sofala, com outros mercadores muçulmanos obtendo panos de algodão de Cambaia e peças diversas vindas do mar Vermelho ou de Guzarate. Também Vasco da Gama, na sua viagem para a Índia em 1497, encontra na costa oriental africana ricos estabelecimentos comerciais suaíli-árabes e tem notícias de Sofala, onde os negócios predominantes eram o do ouro e dos escravos. Regista Gama a influência árabe difundindo o islamismo sobre os povos suaílis. No seu regresso vai passar por Sofala onde confirma a riqueza da região em ouro. Em 1505, já conhecedor da debilidade e inconsistência na política local, decidido a impor o monopólio no seu comércio, D. Manuel ordena à frota de Pêro de Anaia a construção de um forte e dado não haver grande inimizade inicial, por acordo tácito instalam-se os portugueses.
Passou a ser importante feitoria embora monopolizasse com dificuldade o ouro do império Monomotapa, por troca com coisas banais como missangas e panos trazidos da Índia. Era demandada pelos navios portugueses, especialmente nas viagens de retorno da Índia. Esta Capitania vai sofrer nos anos seguintes uma grande desestabilização provocada não só por revoltas de povos locais, os suaílis, como a chegada de outras tribos vindas do interior como os zimbas e os maraves, mas também pelo esforço despendido na expulsão dos árabes (cont.).
Sabia que …
– Pêro da Covilhã depois de passar toda a informação, partiu para a Etiópia onde foi conselheiro imperial, escreveu a «Verdadeira Informação das Terras do Preste João das Índias», editado em Lisboa em 1540 e morreu em 1530 desiludido com as riquezas e o mito do Preste João?
– Ambicionando o grande comércio de ouro de Sofala, a Coroa aí manda construir o forte de São Caetano, com traça, artífices e cantarias lavradas trazidos de Portugal como lastro de navios, ficando integrada enquanto capitania, no já criado Estado da Índia?
– O Capitão-mor passou a monopolizar com alguma dificuldade o ouro do império Monomotapa, por troca com coisas banais como missangas e panos trazidos da Índia?
– A falta de gente, principalmente de mulheres brancas levou a Rainha D. Luísa de Gusmão, Regente do Reino de 1656 a 1662, a ordenar que aquelas que se encontrassem nas cadeias portuguesas ou causassem perturbações públicas fossem enviadas para a capitania de Sofala?
Agradecemos as imagens de:
– https://skdesu.com
– https://www.pinterest.at/cclementedasilv/selos/
– https://www.revistamilitar.pt/artigo.php?art_id=344
– https://www.bbc.com/portuguese/internacional-50022956
– https://knoow.net/historia/historia-de-mocambique/forte-de-sofala/
– https://docplayer.com.br/-A-urbanizacao-mocambicana-uma-proposta-de-interpretação
- NOTA: Quem estiver interessado em adquirir o livro intitulado “PELAS MALHAS DO ANTIGO IMPÉRIO. HERÓIS E VILÕES: CORAGEM, DIVERSIDADE, PECADOS E TRAIÇÕES”. Pode contactar o autor através do seguinte email: ccarmoazevedo@yahoo.com
4 Comentários
Rodolfo
É sempre bom tomar conhecimento de algumas coisas.
Bom trabalho Cândido, estás sempre activo, o que é bom. Abraço
aanmu@sapo.pt
Estou interessado nesse livro porque estou tentando escrever um livro com um título que não é meu original ” A vida é uma viagem não um caminho” onde falo bastante de Moç minha terra Natal.
jose pedro cardoso
Parabéns Candido. Força.
Luiz Branco
Muito interessante. Bom trabalho. Obrigado por divulgarem.