África! Moçambique! … Uns minutos de síntese para uma vida em análise
Por Cândido Azevedo
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Em Maio de 1958, logo depois de aprovado no exame de admissão aos Liceus, mudou-se a família mais uma vez, desta feita para Moçambique. África era agora o destino. Já fora da barra, na amurada do barco que nos transportava, o Zambézia, numa rota idêntica à do regresso do grande Gama, sentia o ar da tarde mais fresco. Lágrimas rolam-me no rosto: quando voltaria eu a reencontrar aqueles meus bons amigos moiros e hindus com quem partilhara aventuras inesquecíveis e iniciara os primeiros passos num incipiente desporto, …
África! Moçambique! Iniciar tudo novamente. Seria apenas um sonho? Não, não era. … A caminho dos dez anos entrei para o Liceu Salazar, em Lourenço Marques.
Era uma casa onde os professores se apresentavam nas aulas confiantes, altivos e orgulhosos da sua profissão. Recordo-me ainda de ver uns de laço, outros de gravata: Pires dos Santos, Cansado Gonçalves, Rui Pina, Heliodoro Frescata e também Elisa Gouveia, Domitília Apolinário, etc. O Liceu Salazar era um estabelecimento escolar moderno, de luxo para as tendências que em mim despertavam: as desportivas. Possuía ginásio, pavilhão polidesportivo coberto, piscina aquecida e diversos campos ao ar livre. Confesso que foi um ano inquieto na minha infância, marcado por altos e baixos nos estudos, pois fora uma mudança abismal para a qual não vinha preparado. Um liceu enorme como este, com os três ciclos de ensino conjunto, sendo um local de socialização obrigava-nos a dar importância à pertença a um determinado grupo. E dentro dessa grande diversidade de grupos existente naquele espaço escolar, fui bem acolhido no elitista grupo dos desportistas. Eram amigos habituais entre os mais novos o Vítor Rosa, Rui Otão, Hilário Pereira, João Vilalobos, o Rendas e muitos outros.
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Ao fim da tarde e por obrigação familiar lá ia para a natação, desporto de meu pouco agrado, na vizinha piscina dos Velhos Colonos.
Eram as tardes do “cócó e do capilé”, um pequeno lanche de carne assada por 2 e quinhenta. A partir de certa altura, passei a ir com enorme vontade e ansiedade. Razão havia para tal: da ponta da pequena prancha onde ensaiava os meus primeiros saltos, piscara o olho à certa menina de testa alta e enorme franja negra e ela sorrira. A partir de então a sua presença dava-me sempre um grande alento. Noutras tardes eram os renhidos jogos de hóquei sem patins nos pátios interiores dos prédios com o Rolando Ferreira, o Luís Serrano, o Pronto, o Chang, o Dominico Florentino, o Howana e tantos outros. Estes encontros, barulhentos, agressivos, eram logo seguidos de um apaziguador e lanche de “scone e tombazana” na mercearia Moderna, na 24 de Julho.
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Um ano depois e, inesperadamente, uma nova viagem se projecta no horizonte. Informa-me o pai que, pretendendo o melhor para mim, decidira enviar-me para Lisboa para estudar. Lisboa? Espera-me o Instituto dos Pupilos do Exército pois, enquanto filho de tradicional família militar, foi essa a sua vontade. Mais uma vez, a caminho dos onze anos, abandono os meus amigos. Como seria agora o meu dia-a-dia, interno num colégio, fardado, enquadrado por militares, longe dos pais e irmãos? Felizmente encontrei-me com mais dois moçambicanos da minha idade, o 322, Pedro Moita, o 421, Joe Freitas, sempre acompanhados pelo mais velho o 335, Palma e a solidão já não foi tão dolorosa …
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Nas férias de Verão, nos bojudos Nord Atlas da Força Aérea, entre armamento, munições e caixas de cerveja, em banco de lona e à borla, vinha até Lourenço Marques ver a família. Já em Lourenço Marques, pendurada a farda e reencontrados os amigos era tempo de férias e das mais diversas brincadeiras: hóquei no SNECI, correr os “dinky toys” pelas bordas do passeio, descer as rampas vizinhas em carrinhos de rolamentos ou, de chapéu, coldres e pistolas brincar aos “cowboys”, sempre numa correria à loja do china para comprar os rolinhos cor de rosa de fulminantes, que, colocados no revólver, criavam um ambiente mais real, pondo tudo a cheirar a pólvora.
Outras vezes, mais calmos, recolhíamo-nos no clube da rapaziada, o “clube da ripinha azul,” um simples casebre de pranchas de madeira encimadas por chapas de zinco e atravessadas por uma ripa de cor azul, casebre esse levantado por mim e amigos num baldio da Rua Pêro de Alenquer, junto aos SMAE, clube estritamente vedado às meninas, pese embora os pedidos da Emília Osório, Beia Cardoso, Bambina Urbani, Hortense Monteiro e outras, para as aceitarmos como sócias. Não. Ali era o momento dos rapazes, das nossas leituras de revistas aos quadradinhos. Era o tempo para, em silêncio, emoção e atenção, vivermos os nossos heróis, assumirmos as nossas personagens. De tudo líamos: “Falcão”, “Guri”, “Cavaleiro Andante”, “Dom Chicote”, “Zorro” e os Almanaques do Bolinha, Luluzinha e Tio Patinhas.
As preferências, sem hesitações, iam para as “cowboiadas”. Eu vivia agora o papel de Buffalo Bill, o eterno apaixonado da Calamity Jane; o Américo sentia-se Buck Jones sempre montado no seu fiel Silver; o Luís Carlos Gonçalves de Tom Mix, o Júlio Cardoso Roy Rogers; o José Cardoso, sempre do contra, preferia ser o famoso bandido Billy the Kid e o Craveirinha e a sua cadelinha, respectivamente de Cabo Rusty e Rin-Tin-Tin … e ali ficávamos horas, combatendo bandidos e acompanhando diligências, evitando matanças de búfalos, rechaçando ataques de índios… Tudo histórias do Velho Faroeste que tanto marcaram a nossa geração. De quando em vez umas espreitadelas para algumas fotos mais atrevidas de um “Grande Hotel” ou “Capricho”, fotonovelas surripiadas à minha irmã mais velha.
Findas as férias regressava aos Pupilos e novamente à obediência aos toques da corneta que nos comandava: às seis para despertar, logo depois estudar, comer, formar, ir para as aulas, estudar, etc. etc.
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……. regressei a Moçambique para iniciar o quarto ano no Colégio dos Maristas.
Na ânsia da saudade, procurava os amigos. Revejo uns. Outros, agora homenzinhos, haviam seguido os seus destinos. Já não partilharia com eles nos anos seguintes as aventuras da adolescência que nos aguardava, como namorar as “bifas” sul-africanas na praia da Polana – hi Amanda, Elfreda, Marita, Annamarie, mooi meisies, gee my´nsoen – espreitar as bailarinas da Rua Major Araújo ou criar a banda de garagem sob a batuta do Carlos Santos, o “Oh 17” da Cilocas. Procuro o sorriso da menina da franja negra e já não a encontro. Partira para a África do Sul.
O Colégio dos Maristas, o Pio XII, era uma escola católica, onde encorpei um caldo de princípios, de ideias e utopias, de modos de interpretação e condução da existência implícitos no catolicismo. Fiz amigos para toda a vida: José Valadas, Humberto Basílio, Lucas de Oliveira, Basílio Yi, Émile Cochat, Alexandre Cruz, Carlos Larsen, Luís Poucochinho, os irmãos Gradil e muitos e muitos outros. Admirado mestre era o Irmão Justino Hartman, brasileiro, professor de História, grande adepto do desporto, que nos pregava o caleidoscópio e o arco-íris da diversidade, obrigando-nos a rejeitar os mecanismos e a sensaboria da uniformidade. Sempre em desassossego, tanto nos guiava nos renhidos jogos de andebol e futebol de salão por detrás da baliza, que eu conquistara ao meu irmão inadvertidamente, como, mais logo, em penosos retiros nos convidava à entrega e sacrifício, ….
Deixava pouco depois os Maristas e passava a frequentar o Liceu António Enes. Escolhera seguir Letras. Crescidinho, ensaiava, por vezes feliz outras vezes triste, as primeiras idas e vindas em paixões, próprias da idade, alcandoradas nos portões do liceu feminino D. Ana, na praia Mira Mar, nas dunas da Costa do Sol, no Parque José Cabral ou nas pistas de dança dos Velhos Colonos, Clube dos Lisboetas, Zambi, Casa do Minho, Casa das Beiras, Casa do Algarve ou até no Matola-Rio: Manuela, Maria Augusta, Ângela, Olga a gêmea, Florbela… foram paixões educativas, sonhos… enfim amores primeiros, poesia, idas, voltas, rodopios. Era o tempo do “I want to hold your hand”, com os Beatles. E por essas pistas, treinado pelas irmãs, de tudo dançava: do “twist” ao “rock and roll”, do “shake” ao “hully gully”, do “zorba” à sempre aguardada “Elisa ue gomar a saia”.
Entre altos e baixos, nos estudos mantinha-me equilibrado. No desporto escolar atingia o “top”: era agora o guarda-redes da selecção liceal para o andebol e futebol de salão, jogando ao lado de jogadores de gabarito como Alfredo Vaz Pereira, Simão, Zito Abdul, Barjona de Freitas, Rui Carvalho, etc. Aqui tenho a felicidade de ser aluno de João Boaventura, o professor de educação física e desporto, verdadeiro pedagogo, que com a sua palavra, humildade e método galvanizava os alunos de forma altamente meritória, no processo de construção da nossa identidade de homens e desportistas. Obrigado Mestre!
No desporto de bairro, o do fim de semana, alinhando na equipa de futebol de salão do Clube dos Lisboetas, com José Gonçalves, Stélio Osório, Jorge Estrela, Américo Machado, Eduardo Couto e Silva, Asdrúbal Ribeiro e mais alguns, derramávamos pelos campos do Iquebal, Associação Muçulmana e Malhangalene, a arte de bem jogar à bola, para satisfação do “mister” Remédios Furtado que, muito antes do remate de triviela do Quaresma, já nos havia ensinado uma técnica bem sua, a do “livre directo em pontapé de meia volta”(?!) Jogos sempre num ambiente festivo animado por Carlos Duarte, o Assasino, o rei da claque, e depois vocalista dos “Beatnicks”.
E o desporto de coração? Aquele sério, que assumia com obrigações e deveres? Há alguns anos que frequentava já, diariamente ao fim da tarde, o ginásio do Clube Ferroviário. Cuidava do treino, das suas cargas e da alimentação, não na procura de um corpo apolíneo, mas por exigência da modalidade, pois de grande qualidade eram os meus rivais, Luís Filipe Vargas, Mário Reis, Cândido Coelho, Humberto Coimbra e o imbatível Mussá Tembe, valoroso ginasta da Associação Africana.
Nota dominante era a sã camaradagem e a grande amizade que então unia os ginastas da LM devido ao incondicional encaminhamento e apoio de Júlio Roncon, Rui Baptista e Nuno Abranches, os treinadores, ou dos seniores como Vitalino Vargas e Fernando Reis. Na verdade, a ginástica foi para mim uma escola de virtudes, humildade, sacrifício e prazer onde para levar de vencida o férreo e imóvel aparelho, a recompensa, que não nos enchia o peito de medalhas, mas na maioria das vezes, nada mais nos dava que as nódoas negras e os “bifes” arrancados às palmas das mãos.
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Crescia. Fora do ginásio e dos campos desportivos era agora o tempo dos galanteios às meninas. A “boca” preferida eram os versos de Roberto Carlos: “Olha, eu te amo tanto e você sabe / Sou capaz de tudo, se preciso / Só pra ver brilhar a todo instante / No seu rosto esse sorriso … Era o tempo já de uma paixão mais pesada, de sonhos amorosos, de frivolidades, mas também dos “partys” de garagem, do “make love not war”… o tempo dos filmes no velhinho Cine-teatro Varietá, preferencialmente na última fila da plateia, mais a namorada do momento e onde felizmente não era permitida a entrada com pipocas e coca-cola, o que nos libertava as mãos para a sensualidade … e víamos o “Bonnie e Clyde”, “No Calor da Noite”, “Devagar Não Corra”, “Dio Como Te Amo”, etc. com os olhos fixos no écran donde jorravam gritos de amor ardente, clamores e vociferações, … Era o tempo da perda da inocência, da excentricidade psicadélica, o tempo do The Doors com o seu “Touch me” e “Light my Fire”…
Finalmente no sétimo ano, o último do liceu, reprovo na disciplina de Latim. Tudo me correra mal: as declinações, os pronomes indefinidos e enfáticos, os complementos verbais por posição, etc., etc., etc. Havia que repetir o ano. E porque em casa de um pai ex-chefe de polícia não se brinca, de rota batida segui, com os meus dezoito anos, para o meu primeiro emprego: inicialmente no Hospital Miguel Bombarda, logo de seguida para a Direcção dos Serviços da Fazenda. Neste último, num ambiente harmonioso e de muito trabalho, o silêncio era quebrado de vez em quando pelo cantarolar, baixinho, do Álvaro Correia Mendes, vocalista de uma banda local, repetitivo no “yellow submarine”
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Agora sentia-me sénior. O ponto de encontro usual era a cervejaria Laurentina,
onde me sabia bem a “loira”, acompanhada de amendoins, camarão miúdo ou pratinho de carne assada… e, porque agora autorizado estava a sair aos Sábados à noite até às três da manhã, trocara as habituais pistas de dança, por outras mais recatadas, pois outros lugares chamavam por mim e por aqueles que eu acompanhava todos os sábados, as “boîtes” do Girassol, do Cardoso e até do Polana … Eram companheiros habituais nestas andanças César Faria, Luís Poucochinho, João Carlos Sequeira, Carlos Monteiro e mais alguns. Dançávamos aqui canções de uma plêiade de românticos como Percy Sledge, Jane Birkin, Elvis Presley, Roberto Carlos, etc., que com os seus “slows” mexiam connosco, jovens debutantes dos anos sessenta: “When a man loves a woman”, “Je t´aime mois non plus”, “Love me tender”, “Eu te darei o céu”, “Adieu Jolie Candy”, “Ciao amore ciao” e tantas outras. A sedução começava com uma conversa de ouvido. Não havia nenhum de nós que não soubesse de cor os versos do “Only You”, dos Platters, e que não os murmurássemos, chegadinhos, ao ouvido da bonita parceira enquanto dançava: Only you, can make all this world seem right / Only you, can make the darkness Bright / Only you, and you alone, can thrill me like you do / And fill my heart with love for only you … e certa vez o Luís Poucochinho, envergonhado, ficou só, no meio da pista. Foi lição para todos. Era o tempo de reinar e folgar quanto baste, de gente divertida e amante da vida, de gente a caminho dos dezanove, vinte anos, que não deixava de se divertir como podia, antevendo os tempos difíceis que se adivinhavam: a ida para o Norte, bem lá para cima, junto à fronteira com a Tanzânia, para a guerra que nos aguardava e onde os dias eram roxos e cinzentos …
Porque agora funcionário público, estudante de curso nocturno e noctívago, com grande desgosto, porque inconciliável com as suas exigências, deixo a ginástica de competição não sem primeiro fazer a vontade aos meus admiráveis tios Emídio e Maria de São João. Eram estes tios seccionistas de patinagem artística, e conseguem agora captar-me para praticante dessa modalidade – porque excelente patinador e conhecido desportista -, qual cartaz visando a conquista de outros patinadores masculinos.
E assim entrei num mundo desportivo onde predominavam as meninas: as irmãs Ferreira, as manas Veloso, a Fernanda, a Luísa, a Odete, a Beatriz, a Lourdes, as irmãs angolanas Dias, e muitas outras, que dão azo a novas paixões, novas fantasias … – todos nós, treinados pela alemã Lotte Cadembach, repetitiva na sua frase “Candido du seguirr la musica, zaltar cum musica bater forte, ferstehen Sie?” e …, sem querer, dou comigo pela primeira vez como atleta internacional, competindo com outros países de África Austral e subindo ao pódio.
Em simultâneo, com Carlos Monteiro, o eterno rival dos saltos para a água, treinados ao Sábado de manhã na prancha mais alta dos Velhos Colonos, prancha essa encimada com a placa de mármore branca que nos recordava duas coisas: recordava o saudoso nadador Benoliel, caído em combate no Norte e recordava-nos que esse Norte esperava por nós. Com o andar dos treinos e já com bons saltos fomos convidados pela secção de natação dos Velhos Colonos, como um duo de demonstração de saltos, integrados numa equipa onde brilhavam Eduardo Horta, Joaquim Gomes, Eduardo Murinelo, Amélia Sampaio e tantos outros. E certo dia, convidados a exibir na piscina do Clube Militar, damos conta que a prancha de saltos não dispunha de elasticidade suficiente, e… arriscámos: grande fiasco, a maioria dos exercícios saíram mal. Pela primeira vez soube o que era ouvir assobios, apupos e risos. Algo desconcertante! E porque noitadas não combinam com a exigência de treinos, deixava de vez todo o desporto competitivo, com excepção do futebol de salão, onde passara a ser um guarda-redes deveras cobiçado pelas grandes equipas amadoras de futebol de salão de Lourenço Marques.
No período de defeso eram os jogos particulares, fosse pelo 100 à Hora, Enicar ou COOP, sempre seguidos de grandes petiscos: camarões na Fábrica, galinha no Piripiri, ameijoas no Matola Rio, ou de quando em vez uns “claudinos” na pastelaria Flórida ou “garibaldis” na Princesa.
Concluída a disciplina de Latim no ano seguinte, de imediato, alistei-me como militar, percurso obrigatório para a juventude portuguesa de então…
Concluído o serviço militar nos Comandos em 1972, daria início aos estudos em Educação Física e Desporto.
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Os rodopios da política, difíceis tempos eram aqueles, colocam inesperadamente na segunda metade de 1976 este português, refugiado de Moçambique, à frente dos destinos do desporto ribatejano, obrigando-me a deixar as actividades docentes. Hesito! Não viera eu de África há bem pouco, fugido, tendo que abandonar a minha LM? Mal conhecia os arredores de Santarém! E logo um dos maiores distritos do país? Insiste Rodolfo Begonha, o Director Nacional para o Desporto. Aceito. Estuda-se, planeia-se, investe-se, …. um tempo único, o tempo onde milhares de crianças por todo o distrito, pela sua vivência desportiva encontraram os paradigmas orientadores da sua vida pessoal, escolar, e muitos, logo de seguida, a profissional, comunitária e social. E para uma responsabilidade conjunta convidava professores, treinadores e monitores que desesperados e sem emprego chegavam de Moçambique …
E por uma dúzia de anos, convidado pelos 11 governos que se seguiram, ali fiquei e o desporto distrital cresceu, desenvolveu-se e rapidamente ganhou foro de internacional. Foram anos de grande entrega, com uma grande equipa, criando um ambiente de trabalho onde reinava a confiança, a transparência, a motivação, onde se compartilhavam ideias. Tudo em prol do desporto saudável, corpóreo, valorizando o “homo sportivus”, o humano no homem, a pureza do gesto, o acto de entrega, do objectivo a alcançar. E para a verdade desportiva, com Alexandre Pita Soares criava na Rádio Ribatejo, o debate semanal “Fórum Desporto” … e porque carecia de um enquadramento inspirado na ética da responsabilidade, da solidariedade e do “fair-play”, criava o Panathlon Clube da Santarém, visando enaltecer e defender o ideal desportivo que por todos os lados brotava, ideal esse que correspondesse sempre aos mais elevados princípios morais …
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Mas, a vida prosseguia, os anos passavam, o espírito mantinha-se. Quis o destino que fosse convidado para o Desporto de Macau. Aceitei. Fui por 4 anos … e voltei ao fim de 31! Porque a vida é feita de momentos vivi as minhas aventuras e emoções …
Hoje grisalho e septuagenário continuo envolvido no desporto …
[Extractos de “Eu, a alegria de viver e a escola, na minha longa e lusófona errância”, apresentado, a convite, no XIV Congresso de Ciências do Desporto e Educação Física dos Países de Língua Portuguesa, realizado em Belo Horizonte, no Brasil, em Abril de 2012, na secção “Ensaios Intimistas”. Posteriormente foi publicado pela Casa da Educação Física de Belo Horizonte, em “Celebrar a Lusofonia. Ensaios e Estudos em Desporto e Educação Física”. Em Portugal, devidamente autorizado, foi editado pelo Panathlon Clube de Santarém, em 2012].
Cândido Azevedo – Junho de 2021
17 Comentários
Iris
Uma leitura maravilhosa sobre a sua vida. Parabens! Gostei muito. Obrigada. Saude e Continuacao de bons momentos por muitos mais Anos.
Maria Teresa Ribeiro da Costa
Fantástico,
Fomos felizes e não sabiamos, inesquecível.
A vida continua, mas igual nunca mais.
Obrigada por ter partilhado, fez-me viver de novo
Manuel Martins Terra
Excelentes “flashes” recolhidos pelo Cândido Azevedo, que nos conduzem aos tempos da nossa juventude e que nos trazem à memória recordações que jamais as poderemos esquecer. Agora que atravessamos esta malfadada pandemia,mais nos refugiamos nas nossas histórias e não foram tão poucas, que nos dizem quanto felizes fomos naquela terra de encanto. Obrigado, Cândido, pela tua bela crónica.
Cândido Ramiro Filomeno do Carmo Azevedo
Vítor Sepodes, por onde andas, liga-me pf 965692734
Cândido Ramiro Filomeno do Carmo Azevedo
Por ser um local de desporto e para desportistas, entre reticências cingi-me apenas à parte desportiva enquanto praticante e entendi dar um lamirá de que continuei e continuo no desporto….para alem da Investigação Histórica pelo Antigo império Português (8 livros) a que me dediquei em Macau. Voltei a saltar o capítulo 2 ABM ….
José Luís Tocha Santos
Excelente narrativa de quem viveu como nós em Moçambique. Revemo-nos em muitas passagens da sua escrita. Também estive em Macau.
Todi Kong de Sousa
Cândido, gostei muito de ler a tua síntese, uma vida cheia de aventuras e que nos faz voltar atrás e recordar a nossa terra LM. Beijinhos
ABM
Bem, aquela parte em que dizes “fui para Macau por 4 anos e fiquei 31” foi digamos que um bocado despachada…. ou há capítulo 2 na saga?
Serafim
Gostei de viajar pelas memórias de Lourenço Marques. Fui frequentador da piscina dos velhos colonos. Obrigado por este recordar.
Luís Serrano
Parabéns Cândido, um abraço.
Vítor Sepodes
Boa Cândido, gostei de viajar pela nossa terra, recordações por que todos passámos com tanta alegria e esperança. Abraço
Ernesto Silva
Mais algumas referências e lembranças de Moçambique que nos levam a outros tempos. Obrigado Cândido por nos presenteares com algumas e interessantes recordações.
Silvino Costa
Obrigado Cândido pela doce viagem no tempo que me fez viver. Kanimambo.
Dulce Gouveia
Parabéns Cândido por esta bela crónica que não faz jus àquilo que já viveste, mas que deixa transparecer
um pouco os régios princípios éticos com que reges a tua vida e que fizeram de ti o que és- uma criatura maravilhosa.
Abraço forte!
Luis Arrais
De facto, um verdadeiro português do Mundo. Gostei imenso, de vaijar consigo neste texto. Quanto à Ginástica: Obrigado por tudo!
António Amorim Lopes
FUI ESPECTADOR DE DIVERSAS OCUPAÇÕES DESPORTVAS, E NÃO SÓ, DO MEU BOM AMIGO CANDIDO AZEVEDO EM LOURENÇO MARQUES A QUEM ME LIGA UM ENORME AFECTO A ELE E ESTIMADA FAMÍLIA. QUANTO A SEU CLARO HISTORIAL TENHO A CERTEZA QUE UM LIVRO QUE O REVELASSE TERIA QUE TER MAIS DE MIL PÁGINAS. TENHO DIVERSOS LIVROS DE SUA AUTORIA.
Luiz Branco
Excelente. Parabéns