Tarzan Taborda o rei dos ringues
Recordamos hoje Albano Taborda Curto Esteves. Dito assim, talvez poucos reconheçam o nome. Mas se dissermos “Tarzan Taborda”, muitos recordar-se-ão de imediato do carismático lutador que marcou uma geração.
Nascido a 27 de maio de 1935, em Vila do Bispo – Penamacor, no distrito de Castelo Branco, Tarzan Taborda foi muito mais do que um atleta. Foi um verdadeiro embaixador de Portugal no mundo do wrestling, da cultura e do espetáculo.
Nos ringues de luta livre, conquistou um palmarés impressionante: foi cinco vezes campeão mundial e quatro vezes campeão europeu. Ao longo da carreira, participou em mais de quatro mil combates, sem perder um único.
Estreou-se em Angola, ao lado de nomes como Lobo da Costa e Leandro Ferreira (este último também um destacado andebolista do Sporting de Luanda).
Os últimos grandes combates de Tarzan datam de 1981 quando terminou em grande a sua carreira de lutador no Coliseu dos Recreios, derrotando sucessivos adversários em espetáculos que arrastavam multidões.
A sua carreira internacional levou-o aos palcos do Médio Oriente, onde chegou a lutar em Bagdad, diante de Saddam Hussein.
Fora do ringue, teve também uma vida marcada pelo espetáculo: Tarzan Taborda foi segundo classificado no concurso Mister Europa, atuou como bailarino no Lido de Paris, trabalhou como duplo em Hollywood e contracenou com estrelas como Brigitte Bardot, Alain Delon, John Wayne e Robert Mitchum.
Em Portugal, tornou-se presença regular na RTP, como comentador do programa de wrestling das manhãs de fim de semana, onde popularizou termos como “volteio”, “dupla patada” ou “manchete”. Participou ainda em programas como o Curto Circuito e o Cabaret da Coxa, ganhando notoriedade junto de várias gerações.
Exerceu fisioterapia “Endireita” com mestria na Fonte da Telha – Costa da Caparica.
Tarzan Taborda foi uma figura controversa para alguns, admirada por muitos, mas inquestionavelmente marcante. O seu legado no desporto e na projeção internacional de Portugal é inegável.
Coautor do livro “Como Prolongar a Vida com Força, Saúde e Beleza”, escrito em conjunto com Tiago Taborda e Pedro Chang Yan, deixou também o seu contributo fora dos ringues.
Faleceu a 9 de setembro de 2005, aos 70 anos, vítima de um ataque cardíaco. Se fosse vivo, teria celebrado o seu 90.º aniversário no passado dia 27 de maio.
Hoje, ao evocarmos a memória de Tarzan Taborda, celebramos não apenas o atleta invencível, mas também o símbolo de uma época em que o espetáculo da luta livre apaixonava multidões. Foi, sem dúvida, o mais lendário wrestler português de todos os tempos — invencível nos ringues e inesquecível na memória dos combates disputados no emblemático Pavilhão do Malhangalene, em Moçambique.
12 Comentários
nino ughetto
Ulala voces conseguem me fazer chorare todo o tempo.. Seja Carlos Rocha ,Tafoy ou o Taaborda Tarzan assisti a todos os combates e de Box Pois a pesssoa que os contratou foi o meu Pai “”Ludo Ughetto. antigo boxer um campiào””. e Sr.Gonçalves eram eles que contratavam esses lutadores, e também as touradas e o Cantor Joào Maria Todela e outros,,artistas, na Malhangalene.. enfim. “TUDO PASSA. TUDO ACABA “” foi um sonho eramos uma GRANDE familia, eramos felizes erams uma Naçào ,um povo…eu conhecia centenas de pessoas,.. Hoje vivo de recurdaçoes, “””estào todos mortos mesmo a minha cidade L.Marques…
Manuel Martins Terra
Os torneios de luta livre, tornaram-se populares em Moçambique, e sempre com cartaz no que diz respeito aos intervenientes. Recordo e bem as figuras do Tarzan Taborda, Carlos Rocha o ex-fuzileiro, craque das cabeçadas calculadas, sempre apoiado pelos marinheiros, o Lobo da Costa, o Adriano. Nos estrangeiros, o destaque para o conhecido Yul Brinner, que não falhava às convocatórias, o Tanaka, o El Grego, El Índiio, e não esquecendo o italiano Barotti, a quem competia o papel de vilão, desafiando o público para o ringue, gesto seguido de murros na peito. Das bancadas, vinha sempre uma monumental assobiadela. No fim e quase sempre, arrecadava o troféu o representante português. O catch a quatro, era um dos momentos que mais animava o os presentes, tal a arte e destreza dos intervenientes. O Fernando Lima , no seu comentário, refere e bem o sentido dos rumores e o eco que provocava. Lembro-me de um torneio que teve na final o Carlos Rocha e o vilão Barotti, onde se constava que na Baixa citadina, concretamente na esplanada do Djambo, quando o Carlos Rocha estava a tomar o pequeno almoço, terá aparecido de rompante o Barotti, que pontapeou a mesa, e consequentemente a louça partida, e que foi necessário chamar ao local as autoridades. Enfim, nos bastidores pelos vistos o boato também tinha direito à luta livre. Mas a verdade é que no meio de tudo isto, os laurentinos apreciavam e deliravam com o espetaculo.
Nelson Antunes Abreu Barata
Boa tarde caros amigos, também era miúdo quando via os espectáculos de luta livre no Pavilhão do Malhanga.
Conseguia vê-los porque já estava lá dentro, já que como atleta do clube conhecia algumas entradas secretas…
A quem processou/emitiu a reportagem apenas uma ligeira correcção. O Tarzan Taborda viveu e tinha a sua casa de correcção da coluna (vulgo endireita), na praia da Fonte da Telha, ao invés de …Foz da Telha.
É a última das praias associadas á linha da Costa de Caparica, onde o novo/renovado comboio das praias irá ter a sua estação de términus. Por incrível que possa ser para nós, foi um cidadão Francês que veio investir nesse comboio que distribui pessoal pelas praias dessa linha. Parece penoso, não parece… Enfim… Portugal no seu melhor.
Victor Manuel Quaresma
Para a nossa geração um nome inesquecível. D.E.P.
josé carlos alves da silva
Vi nesse pavilhão muitos combates com o ele. Outros tempos, era um regalo ver estes combates. DEP
Ricardo Quintino
Tive o privilégio de o ver combater na Beira nos finais da década dos anos 50 no ring do SLB, era eu ainda um jovem com 14/15 anos.
Fernando Lima
Eu era muito miudo para frequentar espectaculos de luta livre no Malhangalene, mas dava para dar umas espreitadelas no pavilhao quando estavam a montar o ringue e ver todos os “actores”do espectaculo. Acho que ele tinha um eterno rival que, se nao me angano, se chamava Rocha.
Os promotores do espectaculo, ao estilo pimba, promoviam sempre uma serie de rumores, ou pequenas estorias rocambolescas, tipo “o gajo esteve esta tarde no Santamaria, (uma cervejaria perto do porto, conhecida pelas suas ameijoas), e partiu uma serie de cadeiras e mesas no bar”. Ou uma cena de pancadaria no Pinguim, o mais rasca, mas tambem o mais popular cabareth da Rua Araujo onde actuou Mriam Makeba e um artista com o nome de King Kong dançava com uma cadeira nos dentes passando por debaixo de uma corda sem se estatelar no palco (o porteiro era o Alex Correia, mais tarde, depois da independência, dono do Zambi). Voltando ‘a luta livre, a composiçao do cartaz dos combates era sempre ao estilo “o bom, o mau e o feio”. Enfim, memorias
Samuel Carvalho
Grande Fernando Lima, obrigado por partilhares estas memórias de L. Marques! Ainda me lembro bem de um dos grandes rivais da época: o lendário Carlos Rocha, também famoso na Luta Livre. E quem não se recorda da célebre “cabeçada” que ele usava sempre que o combate apertava? Boas recordações!
Continuas com uma memória de elefante! Parabéns!
Fernando Lima
Era isso Carlos Rocha. Não tinha a certeza do primeiro nome. Vivam as gangs da J serrao e as suas memorias!
Fernando Lima
Correcao: o porteiro do Pinguim chamava-se Alex Barbosa. O Alex Correia era corredor de automoveis e depois da indepndência trabalhou para os serviços de segurança
Adelino
Nomes que me recordo nessa época dessa modalidade. Toby Cravo (da Beira, Moçambique), Zingolinoff (Búlgaro), Cowboy Thompson (USA) Hércules da Grécia (Grego). Vi uns quantos combates no pavilhão do Ferroviário na Beira. Tarzan Taborda era considerado o melhor de todos.
Carlos
Não sabia q tinha esses títulos todos. Cheguei a vê lo em ação no pavilhão do malhanga.