Um jogo… um titulo… e um pato!
Eu vivi esta história, e ela estava adormecida na memória até ao momento em que um dos principais intervenientes me falou no assunto, o Artur Gama da Fonseca… foi como o saltar de uma mola…tudo apareceu.
Foi num jogo de basquetebol de juniores… a época era e de 1963/64… apurava-se o Campeão Provincial num confronto entre o meu Desportivo e o Sporting.
Naquele jogo, o Sporting ganha pela margem mínima (1 ou 2 pontos) e o Desportivo protesta o jogo… (o árbitro – Cremildo Pereira, da Beira – não valida 2 pontos ao Desportivo, quando um jogador do Sporting se pendura (?) no aro não permitindo que a bola entrasse)… ganha o protesto…o jogo é mandado repetir 48 horas depois.
Entre estes dois jogos, o Desportivo oferece um almoço às equipas da Beira, e o Varito (nosso treinador) convida para o mesmo, o Nelson Serra e um outro elemento do Sporting (não me lembro de quem era)… nessa altura o Nelson faz sentir a situação desagradável que isto poderia originar, caso houvessem recursos e mais recursos, e acabarmos a época sem campeão.
O Varito, que desde sempre se opusera ao protesto, garante que isso não acontecerá, e consegue garantia da direção do Desportivo.
Convém lembrar que naquela época, em Lourenço Marques, um jogo de juniores de basquetebol, conseguia mais assistência do que a maior parte dos jogos hoje em Portugal.
Os Sportinguistas zangam-se… prometem vingança (no bom sentido) e alguém sugere – convictos de que a vitoria é segura – comprarem um pato para levar para estádio (Malhangalene) para no fim “oferecer” aos alvinegros.
Se assim o pensam, melhor o fazem… vão ao bazar e tem o requinte de escolher um pato preto e branco.
Levam-no para o campo escondido… o jogo corre de feição ao Sporting… dão-nos mais de 20 pontos.
Na bancada, surgem cartazes improvisados, tal como a foto abaixo demonstra…
O pato aparece dentro do campo…e é passeado em frente da bancada onde ficava a claque do Desportivo.
De repente, alguém “lança” o pato… que entra no cesto (mais dois pontos) e o animal estatela-se.
Indignação geral por parte dos alvinegros o facto, sobrepõe-se à própria derrota e torna-se no facto principal do jogo.
Nos dias seguintes a vitória também é relegada para segundo plano pelos jornais, e a Liga de Defesa dos Animais clama por justiça por tamanha malvadeza… mas o caso “morre” logo a seguir.
Nós, perdemos aquele jogo, o campeonato… e levamos com um pato!
🙂 🙂 🙂
Um obrigadão ao Gama por “memória tão viva”… e já agora, ele tem cada história para contar…
Mário Silva
3 Comentários
José Alexandre Bártolo Wager Russell
Uma história engraçada que demonstra a rivalidade entre dois clubes da ex- Lourenço Marques, tal como de um Benfica/ Sporting se tratasse. Muitas mais história haverá com certeza para contar, mas que pelos vistos ficarão para a eternidade sem que sejam conhecidas . Lembro-me bem, era ainda um miúdo, de um jogo em que houve um desaguisado entre o Sérgio de Carvalho do SCLM, e do Lima do GDLM, numa luta de tabela em que deles puxa da camisola do outro e rasga-a. Foi um sururu. É o que a minha memória se lembra, mas tantos anos passados, se calhar não foi bem assim. Mas lá que aconteceu, aconteceu. E no campo do GDLM. Boa lembrança Mário Siva.
Henrique Ferreira
São estas histórias que enriquecem a Vida.
Coitado do sacrificado pato que esteve na origem desta bela lembrança.
Um bem haja para o Gama da Fonseca e para o incansável Marito.
Abraço grande.
Lacrau
Manuel Martins Terra
Uma história curiosa, em que o pobre do pato é que levou por tabela e vá até pelos vistos, com lançamento ao cesto, que revela a rivalidade ( no fundo sem contornos condenáveis )entre “águias” e “leões “-sempre em luta acessa por títulos. Se a Liga de Defesa dos Animais, tivesse à época a força do PAN, diria que o jogo seria repetido, e o pato ficaria comodamente cá fora.Brincadeiras à parte, obrigado ao Mário Silva pela partilha deste episódio, que representou uma forma de contestar que aos almoços servidos às equipas beirenses, pagos pelo Desportivo,estranhamente fossem convidados o Nélson Serra, e outro membro do Sporting. Caso para dizer, que foi uma espécie de presente envenenado.